Seu Franco: homem trans que já viveu nas ruas realiza sonho de cirurgia aos 66 anos

Seu Franco: homem trans que já viveu nas ruas realiza sonho de cirurgia aos 66 anos

"Me sinto livre, eu sou eu agora", compartilha Seu Franco após cirurgia de mastectomia. (Foto/ Reprodução LGBT+60)

No quarto episódio de LGBT+60, aposentado de Porto Alegre detalha a luta contra o racismo e a transfobia e o desejo de inspirar os mais jovens.

Por Yuri Alves Fernandes | ODS 16 • Publicada em 29 de janeiro de 2024 - 07:30 • Atualizada em 7 de fevereiro de 2024 - 09:41

“Me sinto livre, agora eu sou eu”. A liberdade de Seu Franco chegou aos 66 anos após uma cirurgia que representa muito mais do que uma mudança no corpo. Nascido e criado em Porto Alegre, o aposentado saiu de casa aos 13 por não se sentir aceito na família. Viveu nas ruas e passou fome. Aos 17, foi tomando consciência da sua identidade de gênero, mas somente anos depois se entendeu e se aceitou como uma pessoa transmasculina ao assistir uma entrevista na televisão com João Nery, pioneiro na causa trans no Brasil. 

Leu essa? Confira todas as histórias da série ‘LGBT+60’

No quarto episódio de LGBT+60, Seu Franco revela os bastidores da tão sonhada mastectomia masculinizadora que o fez não somente tirar a camisa na praia, mas também o realizou enquanto homem: “Às vezes eu nem acredito, agora eu posso dizer que estou completo”. Hoje, aos 67, sonha em estudar mais para poder lutar pelas causas sociais e inspirar ainda mais os jovens. Assista ao episódio do Seu Franco completo abaixo.

A série

A premiada websérie do #Colabora “LGBT+60: Corpos que Resistem”, que já soma mais de 2 milhões de views nas plataformas digitais, retorna em sua terceira temporada com cinco novos episódios repletos de histórias inspiradoras que revelam a trajetória de vida e celebrações de brasileiros LGBT+, que vivem a terceira idade em sua plenitude. Os episódios – dirigidos e roteirizados por Yuri Alves Fernandes – contam as nuances e conquistas por trás da vida da ativista Denise Taynáh Leite, de 74 anos; do jornalista Márcio Guerra, de 63 anos; da influenciadora Ana Apocalypse, de 65 anos; da drag queen Luiza Gasparelly, de 60 anos; e do aposentado Seu Franco, de 67 anos. A produção é da Vintepoucos e coprodução da RioFilme. Os episódios já estão disponíveis no nosso canal do YouTube e nas redes sociais

Conheça os outros episódios de ‘LGBT+60’

Episódio 1: Ana Carolina Apocalypse 
Verdadeiro fenômeno na internet, a paulistana Ana Carolina tem mais de 100 mil seguidores e comemora seu aniversário de 65 anos. Ela relata aspectos da sua transição de gênero, realizada a partir dos 59 anos, quando assistiu a novela “A Força do Querer”, que trouxe pela primeira vez à teledramaturgia brasileira um processo de transição. Ana aborda ainda a relação com a filha, o sonho realizado em colocar silicone e sobre o preconceito que sofre no ambiente virtual. “Nunca é tarde para ser feliz”, celebra.

Episódio 2: Denise Taynáh
A protagonista do segundo episódio é Denise Taynáh Leite, de 74 anos, mulher trans negra e carioca. Ativista, trabalha como Secretária dos Direitos LGBT+ na SEDSODH – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, e conta no episódio sobre a violência familiar; a relação com o carnaval, arte e seus sete filhos; e sobre o emocionante momento em que se entendeu mulher. 

Episódio 3: Márcio Guerra
A história de amor e de coragem do jornalista Márcio Guerra, de 63 anos, nascido e criado em Juiz de Fora, também é um dos destaques da série. Há dois anos, Márcio e o seu companheiro de três décadas, Flávio, adotaram o jovem Phellipe. Hoje, a família vive unida, num ambiente de amor e acolhimento. Além da adoção tardia, Márcio reflete sobre as novas descobertas com a paternidade na terceira idade: “Eu renasci”. 

Episódio 5: Luiza Gasparelly
No último episódio, a drag queen carioca Luiza Gasparelly, de 60 anos, relembra como se entendeu como um homem gay e artista e suas vivências fora do país. Além disso, revela a perseguição e o preconceito contra as travestis e drag queens na ditadura, apresentações icônicas, a descoberta do HIV e conquistas tanto afetivas quanto profissionais de uma carreira nos palcos que ultrapassa quatro décadas. “Eu não tinha uma missão. Eu tinha a minha vida”. 

A terceira temporada da série ‘LGBT+60+ Corpos que Resistem’ é resultado do programa de Fomento do Audiovisual Carioca 2022, gerido pela RioFilme, órgão vinculado à Secretaria de Governo e Integridade Pública (Segovi) da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

Ficha Técnica:

Roteiro e direção: Yuri Alves Fernandes
Codireção e Direção de fotografia: Gab Meinberg
Captação: Gab Meinberg, Le Jorge e Guilherme Maia
Produção Executiva: Giulia da Graça
Assistente de Produção: Tatiana Coelho
Som: Felipe Gali
Drones: Hugo Rodrigues, Diego Quetz e Vinicius Meirelles
Montagem: Giulia da Graça
Assistência de Montagem: Gabriel Melo
Finalização: Gab Meinberg
Desenho de Som/Mixagem: Felipe Gali e Caudo Feitosa
Pesquisa: Yuri Alves Fernandes
Arte Conceitual: Danilo Torres
Mídias Sociais: João Pedro Boaretto e Allana Gana
Produtora: Vintepoucos
Coprodutora: RioFilme
Apoio: Marins – Projetos e Soluções
Veiculação: Colabora – Jornalismo Sustentável
Assessoria: Prisma Colab

Yuri Alves Fernandes

Jornalista e roteirista do #Colabora especializado em pautas sobre Diversidade. Autor da série “LGBT+60: Corpos que Resistem”, vencedora do Prêmio Longevidade Bradesco e do Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade LGBT+. Fez parte da equipe ganhadora do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com a série “Sem direitos: o rosto da exclusão social no Brasil”. É coordenador de jornalismo do Canal Reload e diretor do podcast "DáUmReload", da Amazon Music. Já passou pelas redações do EGO, Bom Dia Brasil e do Fantástico. Por meio da comunicação humanizada, busca ecoar vozes de minorias sociais, sobretudo, da comunidade LGBT+.

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