A agroecologia cuida não só de humanos, mas de todos os ecossistemas do qual dependemos. Na agricultura química, plantam-se alimentos de apenas um tipo. São usados fertilizantes, pesticidas, herbicidas, acesso à água e, se necessário, polinizadores para maximizar as colheitas.
Na agroecologia, busca-se cuidar não apenas de humanos, mas também dos ecossistemas. A agroecologia descobre modos de exterminar as pestes ao mesmo tempo em que trata de atingir o equilíbrio ecológico. Aceita uma pequena perda de suas colheitas, protege seus habitats de predadores e introduz formas de controle biológico para obter um ecossistema muito mais robusto e resiliente.
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Enquanto isso, em todo mundo, um terço dos alimentos são perdidos ou jogados fora, custando à economia global cerca de US$ 1 trilhão anualmente. A agricultura intensiva é culpada por poluir solos, rios e mares, e, apenas ela, utiliza 70% do fornecimento de água potável.
[g1_quote author_name=”David Beasley” author_description=”Diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Temos 16,75 milhões de pessoas morrendo de fome e temos centenas de milhões de pessoas a caminho da fome. Quantas pessoas sabem disso?
[/g1_quote]O modo como produzimos alimentos também é responsável por cerca de um terço dos gases de efeito estufa, que aquecem o planeta. São emitidos de diversas maneiras: quando as florestas são derrubadas e o que dela se produz é transportado pelo mundo em navios, aviões e planetas, que consomem muitos combustíveis fósseis, e quando o gado e outros animais arrotam metano.
Como mudar este cenário? Este foi o tema discutido no final de agosto, quando representantes de 148 governos participaram de diálogos nacionais para coletar ideias e potenciais, com a participação de milhares de pessoas e de ONGs que também contribuíram com o processo.
A crise da covid-19 tornou mais difícil a vida dos agricultores. O aumento nos preços estrangulou as finanças, e, com recursos desviados para medidas emergenciais de mitigação para que comunidades pudessem ficar em casa, a vida de todos tornou-se difícil. Mas práticas agroecológicas parecem ter permitido suportar a pandemia melhor que o agronegócio. Porém a produção agroecológica está trabalhando sem apoio.
A agroecologia oferece a capacidade de fazer o que governos, corporações e agências de ajuda não podem fazer: acabar com a fome. Famílias que nela se envolveram melhoraram indicadores de renda e nutrição.
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Veja o que já enviamosCom ideias do Fórum Econômico Mundial e com ajuda das indústrias de produtos químicos, as soluções apresentadas na reunião da ONU são muito menos imaginativas. Elas não foram longe o bastante, nem reconheceram os danos ambientais causados pela agricultura industrial. Este suposto método de plantar comida é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa.
Em julho, a Rockefeller Foundation revelou que enquanto os americanos consumiram US$ 1,1 trilhão em alimentos em 2009, os custos adicionais externos de saúde, meio ambiente, mudança do clima, biodiversidade e custos econômicos associados com o setor foram de US$ 2,1 trilhões. Esta é uma grande dívida que nunca poderá ser paga. O restante do mundo leva o peso nas costas, e as firmas por trás disso são aquelas que ofereceram soluções no encontro.
O Programa de Alimentos da ONU, a maior agência humanitária do mundo, tem um orçamento de cerca de US$ 5 bilhões e 20 mil funcionários. E recebeu o Prêmio Nobel da Paz no ano passado por seus esforços de combater a fome e impedir que ela possa ser utilizada como arma em zonas de conflito. Seu diretor-executivo, David Beasley, disse acreditar que as pessoas não têm consciência de como a agência enfrenta a dura tarefa de lidar com a fome mundial em meio a guerras, mudança do clima e governos corruptos.
“Temos 16,75 milhões de pessoas morrendo de fome e temos centenas de milhões de pessoas a caminho da fome. Desde a covid, este número aumentou de 135 milhões de pessoas para 270 milhões. Quantas pessoas sabem disso?” disse ele.
“Estivemos em todo canto, do Afeganistão a Venezuela, Haiti, Etiópia. Oitenta por cento de nossas operações são em áreas de guerra e conflito. Estamos vendo o que acontece. E posso dizer que está muito, muito ruim. Assistimos a mil pessoas morrendo de fome por hora”, enfatizou Beasley.