Elas estão se reproduzindo! Saiba como programa tem ajudado na conservação da arara-azul no Pantanal brasileiro

Aves monitoradas pelo Projeto Arara Azul no Pantanal brasileiro (Foto: Divulgação)

Projeto é uma das iniciativas da Fundação Toyota do Brasil voltadas para a defesa do meio ambiente

Por Carla Lencastre | Conteúdo de marca • Publicada em 6 de dezembro de 2022 - 16:00 • Atualizada em 19 de abril de 2023 - 09:38

Aves monitoradas pelo Projeto Arara Azul no Pantanal brasileiro (Foto: Divulgação)

Do ano passado para cá, as aves monitoradas pelo Projeto Arara Azul no Pantanal brasileiro puseram 221 ovos na estação reprodutiva. Nasceram 115 filhotes e 83 voaram. Da década de 1990 em diante, a quantidade de filhotes que cresceram aumentou de 1,5 mil para 5 mil. Já nos últimos 12 anos, foram instalados 270 ninhos artificiais e hoje a quantidade de ninhos monitorados, entre naturais e artificiais, é de 9.643. Estes são apenas alguns números do pioneiro e bem-sucedido programa de conservação da Fundação Toyota do Brasil.

O Projeto Arara Azul está conectado a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) das Nações Unidas, assim como todos os outros programas apoiados pela fundação. Neste caso, é o ODS 15, de proteção e restauração dos ecossistemas terrestres. A fundação completou 13 anos, mas o vínculo com o Pantanal começou no final dos anos 1980.

“Inicialmente, o apoio era através da Toyota Brasil. Como instituição independente, a fundação foi criada em 2009”, conta Otacílio do Nascimento, diretor da Fundação Toyota do Brasil e gerente de Comunicação Corporativa da Toyota Brasil. “Fomos mudando a forma de contribuir com o projeto, conforme percebemos o quanto ele é relevante para a conservação de um bioma extremamente importante para o país. Estivemos no Pantanal para conhecer tudo o que já era feito. Em 2014, a arara-azul foi retirada da lista crítica de animais em extinção. Continuamos fazendo um trabalho contínuo, intenso, para não haver retrocesso.”

O Instituto Arara Azul foi criado e é comandado pela bióloga Neiva Guedes, pesquisadora reconhecida internacionalmente e professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A Fundação Toyota do Brasil apoiou a elaboração de um plano de sustentabilidade e a criação de uma sede em Campo Grande (MS), que funciona também como base para receber visitantes, muitos deles estrangeiros. Cinco veículos off-road Hilux estão emprestados ao instituto em comodato. Os carros são usados para oferecer turismo de observação no Refúgio Ecológico Caiman, no Mato Grosso do Sul, o que colabora para a captação de recursos para o programa. O ecoturismo foi prejudicado nos últimos dois anos por conta das queimadas no Pantanal. Mas o Projeto Arara Azul persiste, como conta Otacílio:

“Fazemos captação de recursos, porque não podemos ter um programa que dependa 100% financeiramente da fundação. Não é saudável. E não queremos ser apenas um parceiro financeiro. Parceria não é somente dinheiro, pode ser equipamento, mídia publicitária etc. Temos produtos que geram renda. Vejo no futuro a fundação apoiando projetos capazes de gerar renda a médio e a longo prazo. Temos como característica gerir de perto os programas que apoiamos para entender o que é preciso fazer em cada momento. Na época dos incêndios, por exemplo, ajudamos com água, em uma parceria com o Instituto SOS Pantanal.”

O Projeto Arara Azul não é o único apoiado pela fundação que promove ações de defesa do meio ambiente brasileiro. Outro programa longevo e bem-sucedido é o da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, que abrange 12 municípios nos estados de Pernambuco e Alagoas e está conectado ao ODS 14, voltado para a conservação da vida marinha. Em um modelo de negócio pouco comum no Brasil, uma fundação se juntou a outra, no caso, a SOS Mata Atlântica, e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Mais de mil espécies encalhadas já foram atendidas pelo programa, que promove a conservação para proteger os recifes de corais, as áreas de manguezais e o peixe-boi-marinho.

“Apoiamos o programa desde 2011. O objetivo é promover o turismo sustentável, que deve ser feito de forma responsável”, destaca o diretor da fundação. “O peixe-boi-marinho é emblemático. É uma espécie dócil e vulnerável. Elaboramos a política de visitação, convidamos a comunidade a participar, a criar suvenires que geram renda. As pessoas hoje entendem que não pode passar a mão no mamífero. Também avançamos em pesquisas”.

O apoio financeiro da Fundação Toyota do Brasil a APA Costa dos Corais começou em 2011, com R$ 1 milhão por ano, durante dez anos. Metade deste valor ia para as operações, principalmente ordenação do turismo; a outra, metade, para um fundo de investimento. A partir deste ano, o projeto começou a trabalhar com o dinheiro do fundo e os rendimentos:

“Hoje a fundação cuida da gestão e do financiamento; a Mata Atlântica é responsável pelo pessoal técnico, e o ICMBio fiscaliza. Encerramos um ciclo de dez anos no qual tivemos vários bons resultados, e agora estamos iniciando uma nova fase, mais madura”.

Da água salgada para a água doce

Mais recentemente, em 2015, com a crise hídrica do Sistema Cantareira, em São Paulo, a fundação decidiu contribuir para a conservação de água doce. Foi o ponto de partida para o projeto Águas da Mantiqueira, implementado dois anos depois. Este é um programa ligado ao ODS 6, que visa a garantir água potável e saneamento para todos, como conta Otacílio:

“Há uma abundância de nascentes na Serra da Mantiqueira. É uma região rica ambientalmente, que abastece a Grande São Paulo. Apoiamos o mapeamento das bacias hidrográficas em Santo Antônio do Pinhal e Sapucaí-Mirim, em São Paulo, e Gonçalves, em Minas Gerais. O diagnóstico ajuda a entender o comportamento das nascentes. A água precisa ter curso, e espécies exóticas têm que ser removidas para restaurar o equilíbrio”.

Depois de cinco anos, 2.300km de cursos d’água, 73 bacias inventariadas e 151 linhas de pesquisa apoiadas, o projeto, criado em parceria com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag), está em sua fase final, em Gonçalves. A fundação está convidando parceiros para participarem do reflorestamento das margens dos rios.

Otacílio do Nascimento, diretor da Fundação Toyota do Brasil e gerente de Comunicação Corporativa da Toyota Brasil: ‘”A preservação do meio ambiente é uma tarefa que deve ser realizada em equipe’ (Foto: Divulgação)

Outro programa que Otacílio ressalta é o ReTornar, que teve início em 2011, dentro das fábricas da Toyota Brasil em São Paulo. O objetivo inicial era reduzir o desperdício dos uniformes, transformando os resíduos em outros produtos. O projeto foi conduzido por mulheres em situação de vulnerabilidade social, e valoriza a economia circular, estando conectado ao ODS 12, que promove o consumo e a produção sustentáveis. Tem como temas transversais os ODS 1, de erradicação da pobreza; 5, de igualdade de gênero; 8, de trabalho decente e crescimento econômico, e 11, de cidades e comunidades sustentáveis.

“Contratamos uma consultoria de design, criamos um e-commerce na fundação e hoje aproveitamos também resíduos dos materiais usados para confeccionar airbags e cintos de segurança. Os produtos são produzidos por duas cooperativas de costureiras no estado de São Paulo, uma em Indaiatuba e outra em Sorocaba, onde estamos localizados. E estimulamos nossos fornecedores e parceiros a comprarem os produtos”, conta Otacílio.

Como impacto positivo do upcycling e do gerenciamento de recursos, mais de 17 toneladas de resíduos foram reutilizadas, 81 mil produtos foram produzidos e 1.500 pessoas impactadas. Hoje o portfólio da ReTornar tem mais de 30 opções feitas com resíduos das fábricas.

Carla Lencastre

Jornalista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), trabalhou por mais de 25 anos na redação do jornal O Globo nas áreas de Comportamento, Cultura, Educação e Turismo. Editou a revista e o site Boa Viagem O Globo por mais de uma década. Anda pelo Brasil e pelo mundo em busca de boas histórias desde sempre. Especializada em Turismo, tem vários prêmios no setor e é colunista do portal Panrotas. Desde 2015 escreve como freelance para diversas publicações, entre elas o #Colabora e O Globo. É carioca e gosta de dias nublados. Ama viajar. Está no Instagram em @CarlaLencastre 

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