ODS 1
Pocket guru
E se os algoritmos do Facebook e do Google nos ajudassem a resolver os problemas cotidianos?
O Facebook muda o algoritmo e você recebe todas as novidades do mundo. Muda de novo e agora não recebe mais notícias, só post familiares e vídeos de gatinhos fofos. O Instagram segue um novo algoritmo e você só vê fotos dos amigos próximos. Os distantes ficam para a próxima. Quem decide quem é próximo ou distante é o próprio Instagram. Twitter? Também é da linha o algoritmo é meu senhor e tudo nos faltará.
[g1_quote author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”solid” template=”01″]Você encontra um amigo antigo, com o qual não fala há alguns anos. Vocês combinam de tomar um café. O que fazer? O Pocket guru lembra que em 2010 ele era Levy Fidelix e você fazia campanha pela Dilma e que em 2014 você usou a palavra coxinha mais de 1547 vezes, número igual ao que ele escreveu petralha
[/g1_quote]Como deu para perceber, é o algoritmo que decide o que você vai ver e principalmente, o que você vai saber. E porque o algoritmo manda mais que o Trump e o Putin juntos? Porque é ele que decide tudo? Porque ele sabe de todos os seus likes, posts e comentários nas redes sociais. Ele sabe o que você procurou no Google. Ele não só sabe o que você comprou como aquilo que você quis comprar e desistiu. Ele sabe das suas histórias no Tinder, sabe quais foram pra frente e quem te deu toco. Sabe por onde você andou e com quem. Ele sabe mais da sua vida que você mesmo.
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Veja o que já enviamosJá que o algoritmo manda tanto podiam criar um aplicativo com o qual você pudesse usar esse poder todo para coisas mais práticas do que conquistar o Universo. Podia ser batizado de Pocket Guru.
Você vai ao supermercado, por exemplo, e precisa decidir se compra Coca ou Guaraná. Uma dúvida que era cruel até você ter o algoritmo no seu bolso. Ele vai lembrar que você falou mal do capitalismo num post de março de 2014, que a última vez que comprou Coca foi em dezembro de 2008 e que 70% dos seus amigos tomam Guaraná. Também sabe que num encontro com uma ex em janeiro 2013 você tomou Coca e que depois desse dia você ficou duas semanas sem sair de casa.
Você encontra um amigo antigo, com o qual não fala há alguns anos. Vocês combinam de tomar um café. O que fazer? O Pocket guru lembra que em 2010 ele era Levy Fidelix e você fazia campanha pela Dilma e que em 2014 você usou a palavra coxinha mais de 1547 vezes, número igual ao que ele escreveu petralha. Descobre também que seu amigo só viaja para Miami, apoia o Bolsonaro e está no grupo “bandido bom é bandido morto”. O algoritmo de bolso manda você dar um perdido e não aparecer mais.
Férias chegando e você não sabe se vai para Paris ou Nova York. Hora de consultar o guru. Ele lembra que no ano passado você pediu dinheiro emprestado pro seu cunhado, não devolveu e nunca respondeu aos e-mails semanais que ele manda, que comprou um carro a prazo e atrasou todas as parcelas e que você usa o cartão de crédito para financiar o cheque especial e vice-versa. Também registra os recados do gerente do banco no seu whatsapp. O sábio guru te manda passar as férias em Caxambu.
Véspera do dias das mães e você tem a brilhante idéia de dar um secador de cabelos para a sua. O Pocket guru analisa suas compras e descobre que nos últimos quinze anos voce comprou quatorze secadores neste mesmo dia. Também descobre que a sua mãe fez quatorze devoluções nas Casas Bahia, exatamente uma semana depois do dia das mães. Ele analisa que no ano passado você pesquisou secador de cabelos mas acabou comprando uma batedeira, que também foi devolvida uma semana depois, junto com o secador comprado pelo seu irmão. O Pocket wizard sugere um presente em dinheiro e um curso de criatividade no Parque Lage.
É claro que as pessoas iam acabar usando o pocket guru para regular a vida afetiva, o que não seria de todo mal, haja vista a quantidade de fracassos nessa área. Seria uma boa ocasião para lançar o Memory Wizard um dispositivo para esquecer tudo o que o Pocket Guru lembrou.
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Leo Aversa fotografa profissionalmente desde 1988, tendo ganho alguns prêmios e perdido vários outros. É formado em jornalismo pela ECO/UFRJ mas não faz ideia de onde guardou o diploma. Sua especialidade em fotografia é o retrato, onde pode exercer seu particular talento como domador de leões e encantador de serpentes, mas também gosta de fotografar viagens, especialmente lugares exóticos e perigosos como Somália, Coreia do Norte e Beto Carrero World. É tricolor, hipocondríaco e pai do Martín.
Adorei o artigo e o bom humor!