Desenvolvimento sustentável: novo índice avalia as 5570 cidades do Brasil

Parque Ecológico de Morungaba: cidade paulista foi destaque em teste de índice de desenvolvimento sustentável (Foto: Prefeitura de Morungaba)

Com metodologia inédita, IDSC-Br será lançado durante Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades

Por Oscar Valporto | ODS 11 • Publicada em 7 de julho de 2022 - 10:12 • Atualizada em 29 de outubro de 2022 - 10:55

Parque Ecológico de Morungaba: cidade paulista foi destaque em teste de índice de desenvolvimento sustentável (Foto: Prefeitura de Morungaba)

Uma ferramenta para avaliar os municípios brasileiros em relação à Agenda 2030 e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU – da erradicação da pobreza à proteção ao meio ambiente, passando por saúde e educação de qualidade: o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-Br) será lançado nesta sexta (8/9) com o objetivo de avaliar os avanços e desafios de todas as 5570 cidades do país. “O Brasil se torna o primeiro país do mundo a monitorar todas as suas cidades dentro da importante agenda proposta pelos ODS”, destaca Jorge Abrahão, diretor presidente do Instituto Cidades Sustentáveis, criador do IDSC-Br.

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O Índice vai reunir dados e indicadores dos 5.570 municípios brasileiros, de modo que se possa verificar as virtudes e as fragilidades de cada um no cumprimento dos 17 ODS; seu lançamento será na abertura do na primeira edição do Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, evento que fará parte da programação da Virada ODS, organizada pela prefeitura de São Paulo de 8 a 10 de julho de 2022, no pavilhão da Bienal do Ibirapuera. “É nas cidades que está grande parte da população mundial, e onde se enfrentam os maiores desafios quanto à mudança do clima, violência e geração de renda”, afirma Abrahão.

Da análise individual dos municípios surge um ranking que vai permitir a comparação entre cidades, estados, regiões, e até mesmo biomas diferentes, quanto ao nível de desenvolvimento sustentável. São nesses territórios urbanos que o desenvolvimento sustentável deve ser trabalhado, de forma que possam construir um mundo melhor para todos”, acrescenta o dirigente do ICS. A partir do lançamento, o mapa interativo poderá ser acessado gratuitamente em um portal web.

O IDSC-BR é fruto de uma parceria entre o Instituto Cidades Sustentáveis, entidade que estimula a melhoria da qualidade de vida nas cidades brasileiras, e a SDSN (UN Sustainable Development Solution Network), iniciativa que nasceu dentro da própria ONU para mobilizar conhecimentos técnicos e científicos no apoio de soluções em escalas locais, nacionais e globais. O objetivo do índice, de acordo com seus criadores, é disponibilizar uma ferramenta para conscientizar a sociedade e orientar a ação política municipal, estadual e federal, contribuindo para uma visão integrada dos desafios da cidade e a identificação de temas prioritários para ações e investimentos. A metodologia foi desenvolvida pela Rede SDSN que já organizou índices para diversos países e cidades do mundo.

A metodologia foi testada em 2021, quando o ICS e a SDSN analisaram 770 municípios brasileiros: a pequena cidade paulista de Morungaba ficou no topo do ranking, dominado por municípios do Sudeste. As cidades da Região Norte ficaram nas últimas posições. Para Jorge Abrahão, do ICS, para além da dificuldade no cumprimento das metas da ONU, a má colocação dos municípios da Região Norte é ponto de atenção, uma vez que se trata da região onde o bioma predominante é a Floresta Amazônica. “O ineditismo do IDSC-Br está na possibilidade de acompanhar os avanços e desafios de todas as cidades brasileiras, mas com a possibilidade de um olhar específico sobre áreas mais vulneráveis, como é o caso da Região Amazônica”, explicou.

Fórum: três dias com foco nas cidades

A primeira edição do Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades promoverá encontros e debates com especialistas, gestores públicos, setores da academia e organizações da sociedade civil sobre os principais desafios e progressos dos municípios brasileiros no cumprimento da Agenda 2030. O evento conta com o apoio institucional do Projeto CITinova e do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês). A programação é a seguinte:

Dia 8 de Julho (sexta)

14h30 – A evolução e os desafios das cidades nos 17 ODS da Agenda 2030 – lançamento do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-Br) – com Jorge Abrahão (Diretor do Instituto Cidades Sustentáveis), Emma Torres (SDSN), Denise Verdade (Gestora de projetos no Setor de Cooperação – União Européia/BR), Claudio Acioly (Especialista em Habitação e Desenvolvimento Urbano), Marcelo Morales (Secretário de Pesquisa e Formação Científica / MCTI) e Regina Cavini (PNUMA Brasil)

15h30 – O papel dos governos locais na implementação da Agenda 2030 – Prefeitos Renata Sene (Francisco Morato/SP), Edmilson Rodrigues (Belém/PA), Rogério Santos (Santos/SP)

16h40 – Como financiar o desenvolvimento sustentável nas cidades? – Cecília Guerra (Executiva Principal de Ação Climática do Banco de Desenvolvimento da América Latina-CAF), Lamine Sow (Diretor adjunto da Agência Francesa de Desenvolvimento Brasil), Morgan Doyle (Representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento no Brasil) e Axel Grael (Prefeito de Niterói/RJ)

18h – Lançamento do Plano de Ação 2021-2024 do Plano Municipal pela Primeira Infância

Dia 9 de Julho (sábado)

10h – CITinova: tecnologia e inovação para cidades sustentáveis – Marcelo Marcos Morales (Secretário de Pesquisa e Formação Científica – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Sandra Maria Santos Holanda (Secretária Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano (MDR), Regina Cavini (Representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) no Brasil).

13h30 – Como uma cidade enfrenta as mudanças climáticas? – Rodrigo Corradi (Secretário Executivo Adjunto do ICLEI América do Sul – ICLEI), Tasso Azevedo (Coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG) e Coordenador-geral do MapBiomas), Isabella de Roldão (Vice-Prefeita de Recife/PE), Paulo Galvão (Articulador Nacional do Engajamundo), Ilan Cuperstein (vice-diretor regional para a América Latina da Rede C40)

15h15 – Como alcançar uma cidade economicamente inclusiva, promovendo a equidade racial e de gênero? – Katia Maia (Diretora Executiva da OXFAM Brasil), Márcio Alvarenga Junior (Grupo de Estudos de Economia do Meio Ambiente/UFRJ), Daniel Teixeira (Diretor Executivo do CEERT Equidade Racial e de Gênero), Moema Gramacho (Prefeita de Lauro de Freitas/BA e vice-presidenta para políticas de gênero da Frente Nacional de Prefeitos)

16h30 – Como promover a cultura de paz nas cidades ? – Lançamento de Guia de Segurança – Jorge Abrahão (ICS), Melina Risso (Diretora de Programas do Instituto Igarapé), Samira Bueno (Diretora Executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública), Paula Mascarenhas (Prefeita de Pelotas-RS)

17h45 – Como promover parcerias para implantação da Agenda 2030 nas cidades? Cristina Viomar (Consultora técnica para a Superintendência Geral de Desenvolvimento Econômico e Social do Paraná), Carlos Brandão (Governador Do Maranhão), Gilmar Dominici (Diretor Associação Brasileira de Municípios – ABM), Jorge Koch (Prefeito de Orleans/SC e Presidente da Federação de Consórcios, Associações e Municípios de Santa Catarina – FECAM), Jone Orbea (Líder do programa MOVE, mobilidade elétrica na América Latina e o Caribe no escritório do PNUMA para a América Latina e o Caribe)

Dia 10 de Julho (domingo)

10h – Como alcançar uma cidade democrática? – Marlene Ferreira (Liga Solidária), Jorge Kayano (Pesquisador do Instituto Pólis e Representante do Grupo de Trabalho Democracia Participativa da Rede Nossa São Paulo), Juliana César (GT da Sociedade Civil para a Agenda 2030), Renato Morgado (Diretor Transparência Internacional – Brasil)

11h15 – Como as empresas podem contribuir para uma cidade sustentável? – Carlo Linkevieius (CEO da Rede Brasil do Pacto Global da ONU), Wolf Kos (Presidente do Instituto Olga Kos), Michel Farah (Fundador da Farah Service), Gabriel Domingos (Diretor da Ambipar), Patricia Audi (vice-presidente executiva do Santander no Brasil)

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

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