ODS 1
Quando menos é mais
Nova economia não está baseada em produtos ou serviços, mas em conhecimento, compartilhamento e engajamento
A proximidade das festas de fim de ano dá o tom. Aquele celular de um ou dois anos está velho. O par de tênis, há apenas alguns meses o último na moda, agora não passa de uma versão defasada. Por muito tempo, a obsolescência programada foi uma estratégia usada pelas empresas para encurtar o tempo de vida dos produtos, fazendo com que a aquisição de novos itens fosse contínua. Fato é que, no atual cenário de economia circular, cocriação e inovação social, este conceito já não é mais cool, e está ficando brega.
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Em um cenário em que negócios e marcas querem estimular a interação com os usuários através da percepção das necessidades, dos desejos e dos valores, é fundamental olhar para frente e confirmar que o capitalismo, simples e puro como conhecíamos, está ruindo a cada dia.
[/g1_quote]Vivemos transições, pontos de ruptura, que se transformam em eixos de novas modelagens para produtos, serviços, marcas, empresas, organizações e causas. É preciso pensar diferente, fazer diferente e inovar continuamente para sobreviver, pois o que antes era considerado diferencial competitivo torna-se commoditie. A sustentabilidade, antes vista como um a mais de várias marcas, ganhou as prateleiras das grandes, médias e pequenas empresas como uma obrigação vinda tanto dos consumidores quanto do planeta, que já deu vários bastas.
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Veja o que já enviamosEm um cenário em que negócios e marcas querem estimular a interação com os usuários através da percepção das necessidades, dos desejos e dos valores, é fundamental olhar para frente e confirmar que o capitalismo, simples e puro como conhecíamos, está ruindo a cada dia. O que vem por aí é o mashup. A mistura de marcas com causas, de empresas com organizações da sociedade civil, e a criação de produtos que vão muito além do atendimento ao consumidor para apresentar um propósito na conexão homem ou mulher, produto e meio ambiente.
É a inovação disruptiva dando o tom nos processos de construção de uma nova economia baseada não em produtos ou serviços, mas em conhecimento, compartilhamento e engajamento. É o movimento de criação e cocriação de milhares de conexões pessoais – um clique que fará toda a diferença – e que juntará duas ou várias partes de um todo daquele indivíduo com macrotemas dos novos modos de pensar, viver e sentir a sociedade, os negócios e outras relações ambientais, para que exista um planeta em que tudo isso possa acontecer.
São conceitos como singularidade e multiplicidade esgarçados ao máximo para comportar milhares de pensamentos e atitudes de uma sociedade nova e dinâmica. É necessário impactar o indivíduo, acompanhando as centenas de transições que acontecem todos os dias em seus múltiplos papéis no mundo. São as demandas por qualidade de vida e bem-estar impregnadas de expectativas sensoriais e estéticas, traduzidas não na visão tradicional de compra e venda, mas de produto inovador, entrega inventiva e experiência interativa.
É a criatividade impregnando o mundo dos negócios, para mostrar que o presente e o futuro serão de consumidores que querem ser e não ter. São as novas identidades sociais consolidando rumos para os empreendimentos muito mais diversos do que os tradicionais livros de administração de empresas poderiam ensinar. É um mundo completamente novo para pessoas e negócios, no qual a única obsolescência programada não pode estar no pensamento inovador. Este sim o fio condutor desta grande virada, que gerará impactos tão sem precedentes que irão desconstruir tudo o que acreditamos compor a sociedade de hoje.
Com tudo isso em mente, criamos em 2012 o movimento Green Nation, e a primeira edição do festival, naquele ano, foi justamente o marco para celebrar a sustentabilidade pelo viés da experiência de cada pessoa. Agora, de 24 a 27 de novembro, realizamos a terceira edição do festival Green Nation, no Rio. Prova de que pensar, viver e sentir a sustentabilidade é uma tendência irrefreável.
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Marcos Didonet é geógrafo e produtor de cinema tem somado a cultura, a educação e o meio ambiente em vários projetos ao longo dos últimos trinta anos. É diretor do Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente (CIMA), organização que coordena diversas iniciativas nas áreas social, ambiental e de sustentabilidade. É um dos diretores do Festival do Rio e sócio da Total Entertainment, responsável por levar aos cinemas mais de dez filmes brasileiros.