Um oceano de incivilidade

Relatório da ONG Oceana Brasil mostra que brasileiros lançam no mar, todos os anos, cerca de 325 mil toneladas de plástico

Por Custodio Coimbra | ODS 14 • Publicada em 23 de março de 2021 - 09:22 • Atualizada em 30 de março de 2021 - 11:57

Poluição plástica na Baía de Guanabara: negociações da ONU terminam sem avanço para redução de lixo plástoco (Foto Custódio Coimbra – 16/03/2021)

(Com Ricardo Gomes) – Atenção, cuidado. As imagens a seguir podem deixar você mareado, com sintomas de tontura, náuseas, transpiração excessiva e vômitos. As fotos de Custódio Coimbra são feitas de um ângulo diferente, tão próximas que parecem mostrar o ponto de vista dos sacos plásticos, pneus e outros objetos que repousam indevidamente no fundo do mar. Como se cada um desses detritos tivesse voz e gritasse para a lente: “O que eu estou fazendo aqui? Que alma estúpida teve a infeliz ideia me jogar na água?”.

O mergulho de Custódio nessa sujeira foi feito em parceria com o cineasta e biólogo Ricardo Gomes, diretor do filme “Baia Urbana”, lançado em 2017. Gomes faz parte do Instituto Mar Urbano, que tem como principal missão abrir a janela do fundo do mar para as pessoas: “O carioca tem uma tradição de praia muito grande, mas tem pouca cultura do mar, não sabe dos organismos que vivem ali no fundo das nossas praias. E o primeiro passo para gente preservar é conhecer”, explica o biólogo.

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Ao longo de 2019 o Instituto Mar Urbano fez várias ações de limpeza subaquática na Praia Vermelha e na Urca, mas com a pandemia foram obrigados a interromper as ações. Um relatório da ONG Oceana Brasil, publicado no final de 2020, mostrou que oito milhões de toneladas vão para os oceanos anualmente, e que o Brasil ou os brasileiros são responsáveis por 325 mil dessas toneladas. Em geral, essa quantidade absurda de plástico vai para o fundo do mar. Cerca de 10%, apenas, permanecem na superfície. Esse lixo flutuante é exatamente o protagonista desta inusitada galeria. Aproveite, as fotos são plasticamente lindas.

Custodio Coimbra

Fotógrafo de imprensa há 36 anos, Custodio Coimbra, 61 anos, passou pelos principais jornais do Rio e há 25 anos trabalha no jornal O Globo. Nascido no Rio de Janeiro, é hoje um artista requisitado entre colecionadores do mercado de fotografia de arte. Além de fotos divulgadas em jornais e revistas mundo afora, participou de dezenas de mostras coletivas no Brasil e no exterior. Tem sua obra identificada com a história e a paisagem do Rio de Janeiro.

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