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Crescimento das cidades não é uma má notícia, mas precisa ser eficiente, inclusivo e colaborativo

Por José Eduardo Mendonça | ODS 11 • Publicada em 6 de maio de 2016 - 08:00 • Atualizada em 6 de maio de 2016 - 11:37

A agricultura urbana é uma das experiências locais que mais ganham espaço no mundo
A agricultura urbana é uma das experiências locais que mais ganham espaço no mundo
A agricultura urbana é uma das experiências locais que mais ganham espaço no mundo

Noventa por cento do crescimento urbano mundial acontece hoje na África e na Ásia. Mais de um terço dele ocorre em apenas três países: Índia, China e Nigéria, que em 30 anos deverão ter uma população 1.5 vezes maior que a da Europa.

Esta é uma má notícia? Não. Com esta expansão nascem novas experiências de vida local com serviços urbanos inéditos: mobilidade multimodal, energia descentralizada, habitação com maior eficiência energética, agricultura urbana, democracia participativa, luta contra a exclusão e a pobreza, acesso a novos financiamentos locais, governança aberta, sistemas colaborativos de informação e novos modelos econômicos de desenvolvimento.

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As cidades não precisam ser ricas e lindas para serem sustentáveis. A sustentabilidade pode começar por áreas de baixa renda, com medidas graduais e eficazes. Não dá para deixar a responsabilidade apenas na mão de políticos e planejadores.

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Urbanidade também traz conectividade, e com estas trocas surgem ideias para tornar as cidades mais sustentáveis. Nelas surgem, com rapidez, soluções como os conselhos estratégicos, os laboratórios de desenvolvimento durável, dispositivos de atração de investimentos, programas de encorajamento de startups, ecossistemas de informação, plataformas de trocas de boas práticas, entre outras ferramentas.

Tudo isso pode ajudar no desenvolvimento de políticas que diminuam os impactos no ecossistema e que tornem os ambientes urbanos mais resilientes às ameaças externas. E casar isto com a dinâmica de ecossistemas fora das fronteiras das cidades.

Precisaremos de uma abordagem multidisciplinar que incorpore conhecimento científico, inovação tecnológica (a vida urbana em bons termos, claro, seria hoje impensável sem a presença das redes digitais), coordenação legal e políticas inovadoras.

A sustentabilidade urbana apresenta questões inter-relacionadas de proteção ambiental, viabilidade econômica e igualdade social. Uma cidade não pode ser sustentável no longo prazo se seu crescimento econômico prejudica o ambiente do qual dependemos para termos água e ar limpos, alimento e outros serviços do ecossistema.

Há riscos, que ameaçam desandar esforços em favor da sustentabilidade. Megaprojetos urbanos como os que estão sendo erigidos na China, por exemplo, são socialmente insustentáveis, pelo fato de que o pressuposto é maximizar o crescimento econômico que concentra a riqueza nas mãos dos ricos, com a promoção de estilos de vida de alto consumo e a cultura do desperdício, como o alimentar.

Apenas na região da Ásia-Pacífico, 44 milhões de pessoas chegam às cidades anualmente, ou 120 mil por dia, de acordo com dados do Banco Asiático de Desenvolvimento. Segundo a instituição, até 2050 terão de ser construídas na área por dia 25 mil moradias, 250 quilômetros de vias de transporte, com o consumo de mais de 6 milhões de litros de água potável.

Sonia Sandhu e Ramola Singru, da seção de desenvolvimento urbano do banco, falaram sobre alguns mitos que cercam a questão da sustentabilidade urbana ao Devex, uma plataforma para soluções globais de desenvolvimento. Em primeiro lugar, disseram eles, “a urbanização está ocorrendo, assim como a mudança do clima. Em vez de dizer que é bom ou ruim, vamos encarar o problema.”

O segundo mito é que a cidade verde tem custo muito alto. Na verdade, o custo da redução de emissões e o aumento da oferta de energia renovável é na verdade viável. Tecnologia e escala diminuíram os custos.

Em terceiro lugar, cidades não precisam ser ricas e lindas para serem sustentáveis. A sustentabilidade pode começar por áreas de baixa renda, com medidas graduais e eficazes. Ainda, não dá para deixar a responsabilidade apenas na mão de políticos e planejadores. Os habitantes apenas confiarão em políticas nas quais estejam envolvidos. Por último, dizem eles, não se pode começar a construir em todo canto cidades verdes do zero. As condições existentes são as que temos. Resta estarmos engajados com a transformação.

José Eduardo Mendonça

Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.

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