Na próxima semana, a capital paulista será palco do Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, evento que reunirá autoridades nacionais e internacionais para debater a integração entre finanças, clima e natureza para uma economia global sustentável e justa. O fórum acontece nos dias 26 e 27 de fevereiro, às vésperas do encontro ministerial dos ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais do G20, e é uma iniciativa de sete organizações da sociedade civil brasileira – Instituto Arapyaú, Instituto AYA, Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Igarapé, Instituto Itaúsa, Open Society Foundations e Uma Concertação pela Amazônia.
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De acordo com os organizadores, o objetivo é aprofundar as discussões sobre financiamento climático, seus entraves e oportunidades. “A alocação de mais recursos para mitigação e adaptação dos efeitos das mudanças climáticas ainda é o principal desafio para cumprimento das metas climáticas do Acordo de Paris. O Brasil, nesse contexto, tem a oportunidade única de pautar o financiamento climático como agenda prioritária das discussões do G20, enquanto presidir esse grupo em 2024”, disse Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade.
Do encontro, sairá a criação, no Brasil, de um ecossistema internacional de ações e projetos climáticos, cujo início se estabelece em paralelo à agenda oficial do G20, com desenvolvimento em direção à COP30, criando redes e iniciativas que extrapolam essa agenda de eventos internacionais. “A liderança do Brasil no G20 e a realização da COP no país trazem uma oportunidade única de apresentar o Brasil como líder global na transição para uma economia justa e de baixo carbono e no enfrentamento às mudanças climáticas, impulsionando de fato essas agendas no país”, afirmou Lívia Pagotto, da ONG Uma Concertação pela Amazônia.
De acordo com Ilona Szabó, cofundadora e presidente do Instituto Igarapé, é o momento ideal para transformar desafios em catalisadores de mudanças – considerando que o Brasil ocupa uma posição de relevo e privilégio no campo da inovação. “O país terá que decidir o que quer: ser um país de vanguarda que concluiu uma transição integral e coerente, que desponta na produção e exportação de produtos verdes de alto valor agregado, ou a última grande economia ‘suja’, que fornece insumos para a pequena demanda remanescente da velha economia às custas dos seus recursos naturais e biodiversidade”, destacou Ilona.
Os organizadores acreditam que as atividades do Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas vão impulsionar ações com impacto positivo para o clima, a biodiversidade e as pessoas. “Estamos vivendo uma trilha de eventos e marcos políticos importantes, nos quais o Brasil tem sinalizando sua posição no mundo, com capacidade de liderar pelo exemplo. Essa convocação internacional é essencial para tornar Plano de Transformação Ecológica”, acrescentou Renata Piazzon, diretora-geral do Instituto Arapyaú.
Entre os participantes confirmados estão o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, o copresidente da Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ) e enviado especial da ONU para ação climática e finanças, Mark Carney, e o presidente da COP26 e da Rockefeller Foundation Climate and Finance Fellow, Alok Sharma.
Também participarão do evento sobre financiamento climático Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente; Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda; o embaixador Antônio Ricarte, do Ministério das Relações Exteriores; Paul Polman, business leader, campaigner, co-author of Net Positive e ex-CEO da Unilever; Laurance Tubiana, CEO da European Climate Foundation (ECF); Txai Suruí, liderança indígena; e Benoit Bosquet, diretor regional de desenvolvimento sustentável para a região da América Latina e Caribe do Banco Mundial.
Durante os dois dias do evento, cerca de 600 convidados vão ter participar de debates como temas variados como “Financiamento para a Transformação Ecológica do Brasil”, reunindo especialistas, sociedade civil e setor de negócios para discutir modelos de financiamento que viabilizem a transição para uma economia sustentável; “Oportunidades e estratégias para ampliar o financiamento de Soluções Baseadas na Natureza no Brasil”; “Restauração Florestal: solução baseada na natureza e no clima para o desenvolvimento de baixo carbono”, e “Aspectos econômicos da transição do sistema alimentar: prioridades para o Brasil”. A programação completa do Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas está disponível no site do evento.
Logo após o encerramento do Fórum, São Paulo hospedará a inaugural reunião ministerial da Trilha de Finanças do G20. Entre os dias 28 e 29 de fevereiro, os ministros das Finanças e os presidentes dos bancos centrais dos países membros vão participar de discussões no Pavilhão da Bienal, localizado no Parque Ibirapuera. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, serão os representantes do Brasil neste evento.
