Seca: uma pandemia causada pela mudança climática

Pássaro morto na superfície seca do Lago Van, no leste da Turquia: ONU prevê secas mais longas e mais frequentes (Foto: Ozkan Bilgin / Anadolu Agency / AFP – 25/06/2021)

Relatório sobre riscos de desastres da ONU aponta que muitas regiões do planeta vão passar por estiagens cada vez mais frequentes e mais severas

Por José Eduardo Mendonça | ODS 13 • Publicada em 30 de junho de 2021 - 08:41 • Atualizada em 12 de julho de 2021 - 11:08

Pássaro morto na superfície seca do Lago Van, no leste da Turquia: ONU prevê secas mais longas e mais frequentes (Foto: Ozkan Bilgin / Anadolu Agency / AFP – 25/06/2021)

Circula pelo mundo uma imagem impactante de um urso polar sobre um pequeno bloco de gelo, desorientado e só – uma vítima e um forte emblema dos perigos da mudança do clima. Não existe, porém. imagem tão icônica do risco da seca para comunidades, ecossistesmas e economias – a seca é mais difícil de ser mensurada, e atinge desproporcionalmente as populações vulneráveis.

Os impactos da seca são extensivos e conectados a várias grandes áreas, agindo em cascata sobre sistemas socioecológicos e tecnológicos em escalas diversas, e duram no tempo.

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A falta de consistência de tais características, incluindo a subestimação dos custos dos impactos da seca, pode levar a resposta ineficaz e falha sistêmicas. Enquanto melhoram a compreensão dos aspectos em rede global e o entendimento de riscos complexos, tornam-se possíveis as mudanças para reduzir o risco e melhorar a experiência da seca.

O relatório Avaliação Global de Redução de Risco, de 2021, da ONU, pretende se tornar uma ferramenta importante para a criação desta consciência. A seca foi sempre um ameaça, mas projeções do clima sugere que muitas áreas irão passar por secas cada vez mais frequentes e mais severas. Isto torna ainda mais necessárias questões como a forma que sociedade lida com a seca, a governança de riscos, ferramentas de mitigação e abordagens para a redução do problema.

O relatório quer responder estas perguntas fornecendo uma exploração sobre a natureza do risco da seca, reunindo novas abordagens para sua redução e o tratamento da questão.

Embora os riscos sejam complexos e um amplo impacto para a economias e ambiente, abordagens tradicionais não dão conta do problema. Há necessidade de novos meios e de cuidar das sociedades, economias e o ambiente, já que abordagens existentes e tradicionais não são suficientes. Elas têm de ser baseadas em sistemas e abordagens de conhecimento.

Reduzir os efeitos dos desastres vai exigir parcerias. Cuidar da plena complexidade da seca e reduzir riscos vai requerer parcerias, mais consciência pública e participação e ação em todos os níveis.

Secas sempre foram parte da experiência humana. Devastadoras, elas podem ter contribuído com o desaparecimento de culturas inteiras. |A maioria delas, no século passado, sublinha os custos significativos para a sociedade e o ambiente natural. A evolução rápida da mudança do clima, induzido pelos homens, deverá agravar o risco da seca em muitas regiões do mundo.

Os riscos da seca e as atividades humanas, como o manejo da terra e da água, são fortemente entrelaçadas e assim tais atividades podem exacerbar os perigos e o risco de severos impactos socioeconômicos.

Como disse Mami Muzitori, representante especial da ONU para a redução de riscos de desastres, a seca está à beira de se tornar a próxima pandemia: “e não há vacina para ela”.

As secas já causaram perdas econômicas de pelo menos 124 bilhões de dólares e atingiram mais de 1.5 bilhão de pessoas entre 1998 e 2017.

Os reservatórios feitos por humanos podem aumentar a vulnerabilidade. Algumas formas de uso conservador terra podem reduzir a perda de umidade do solo. Uma combinação de seca e superextração de reserva de água de solo, por exemplo, podem levar a uma resiliência para uma seca futura.

A vinda de uma seca é geralmente lenta, e, por isso, é difícil de medir até chegar a um certo nível. Mas isto é importante para definir eventos discretos e para quantificar danos de eventos futuros para a implementação de políticas.

José Eduardo Mendonça

Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.

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