ODS 1
Ensino pelo WhatsApp é estratégia contra o abandono escolar
Alunas do 6º ano da Escola Estadual Tenente Lucena, no bairro dos Ipês, em João Pessoa, Amanda Silvestre e Ester Araújo nem pensam em faltar aula. A escola recém-reformada dispõe agora de laboratórios de ciências e robótica, que permitem aulas mais dinâmicas e interdisciplinares às turmas do ensino fundamental. Essas ações, segundo os professores, têm motivado as meninas e a maior parte dos alunos a terem frequência de praticamente 100% ao fim do ano letivo. O colégio, no entanto, ainda é um dos poucos destaques no combate ao abandono escolar na Paraíba, que amarga a taxa de 4,6% no ensino fundamental da rede pública, a pior do país. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No ensino médio, o estado tem o segundo pior rendimento (com 12,8% da rede pública), perdendo apenas para o Pará (com 13,4%)
Escola Estadual DE E. F. M. Tenente Lucena
Instituto de Educação da Paraíba
O abandono ocorre quando o aluno deixa de frequentar as aulas durante o ano letivo. Já a taxa de evasão (que também é alta na Paraíba) mede a situação do aluno que abandonou a escola ou reprovou e que no ano letivo seguinte não efetuou a matrícula para seguir com os estudos. Remando contra a maré, a Tenente Lucena é uma das escolas que, como mostra a série especial do #Colabora em parceria com a agência “Amazônia Real” e com o jornal “Correio”, conseguem resultados surpreendentes em rankings de avaliação, apesar de estarem em estados com as piores colocações em determinados índices educacionais do país.
Para se ter uma ideia, as taxas de abandono na Tenente Lucena passaram de 53,8%, em 2010, para 0, em 2017, no ensino médio, e de 10,3%, em 2010, para 0, em 2017, no ensino fundamental. As mudanças positivas nas estatísticas começaram a acontecer, de fato, em 2015, como mostram os infográficos. Antes disso, a escola, que estava há 31 anos nas mãos de uma mesma direção, tinha estrutura precária, e as aulas se restringiam a quadro, livro e giz.
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Veja o que já enviamos“A escola estava sem vida, sucateada. Quem era o aluno que queria ficar em um ambiente desses, cheio de goteiras, carteiras quebradas? Pegamos essa escola com 314 alunos. Hoje, temos 894”, revelou o atual diretor, Otávio Sobrinho.
Além das melhorias na estrutura do prédio, outra ação de combate ao abandono escolar foi a elaboração de projetos interdisciplinares. Professora há mais de 30 anos na Tenente Lucena, Patrícia Pinto se entristecia ao ver datas comemorativas passarem em branco, além do distanciamento entre a escola e a comunidade.
“Não existia um projeto extraclasse. O que restava ao professor era só sala de aula. Por isso, acredito que os alunos cansavam e não se sentiam motivados a vir para a escola. Hoje, não. A equipe é toda envolvida, se ajuda, e os resultados têm sido gratificantes”, destacou a professora que também coordena projetos pedagógicos na unidade.
Satisfação dos alunos
A força de vontade em mudar a escola e torná-la um ambiente acolhedor para pais e alunos foi vista de perto pela estudante Amanda Silvestre, 12 anos, que estuda na escola desde os 6 anos e sempre gostou dos professores. Porém, desde que o colégio ganhou mais atrativos, como os laboratórios e projetos pedagógicos interdisciplinares, ela se sente mais satisfeita com as aulas. A mudança também apareceu no boletim.
“Adoro vir para a escola. Gosto do ensino, das atividades, e, claro, do recreio”, disse a aluna.
Colega de turma, Ester Araújo, também de 12 anos, está matriculada pela primeira vez em uma escola pública. Mesmo sem ter conhecido a realidade anterior do colégio, ela é só elogios ao trabalho dos professores:
“As aulas são até melhores do que as que eu tinha no meu colégio do ano passado. Quando a gente precisa de alguma coisa, eles sempre estão aqui para ajudar. É muito bom”.
Outra escola que está conseguindo vencer o desafio de manter os estudantes em sala de aula é o Instituto de Educação da Paraíba (IEP), em João Pessoa: a taxa de abandono passou de 7,8%, em 2010, para 0%, em 2017, no ensino fundamental, e de 20,6%, em 2010, para 7,5%, em 2017, no ensino médio. Tanto para melhorar a qualidade do ensino quanto para evitar novas transferências e abandono, a diretora-adjunta do IEP, Eliane Fernandes, explica que tem investido em projetos que envolvam a família e os valores da comunidade na rotina dos alunos.
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Jornalista formada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), trabalha como repórter em veículos impressos de João Pessoa desde 2011. Pautas nas áreas de Direitos Humanos, Saúde e Educação são seus focos de interesse.