Fernanda Torres indicada ao Oscar; ‘Ainda estou aqui’ indicado como melhor filme

Pela primeira vez, um filme brasileiro disputa a principal categoria da premiação de Holywood; atriz já ganhou o Globo de Ouro por sua interpretação de Eunice Paiva

Por #Colabora | ODS 16 • Publicada em 23 de janeiro de 2025 - 00:12 • Atualizada em 23 de janeiro de 2025 - 13:35

Fernanda Torres com seu Globo de Ouro; atriz foi indicada ao Oscar e ‘Ainda estou aqui’ tornou-se o primeiro longa brasileiro indicado ao Oscar de melhor filme (Foto: Robyn Beck / AFP – 06/01/2025)

‘Ainda estou aqui’ foi indicado à principal categoria do Oscar 2025, de melhor filme, nesta quinta-feira (23/01). É a primeira vez na história que um filme brasileiro disputa a principal categoria do Oscar.  O longa, dirigido por Walter Salles, também foi indicado na categoria melhor filme internacional.  Vencedora do Globo de Ouro, Fernanda Torres também foi indicada ao Oscar 2025 de melhor atriz por sua atuação no filme.

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Em ‘Ainda estou aqui’, Fernada Torres interpreta Eunice Paiva, esposa do ex-deputado do PTB Rubens Paiva, desaparecido e morto durante a ditadura militar no Brasil. O filme, dirigido por Walter Salles, é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, um dos cinco filhos de Eunice e Rubens. O ator Selton Mello, que interpreta o ex-deputado, celebrou as três indicações de ‘Ainda Estou Aqui’ ao Oscar 2025. “Nosso país precisava desse filme. O mundo todo precisava desse filme. Nesse exato momento, três indicações ao Oscar: com a de melhor filme nós entramos para a história para sempre. Ainda estamos aqui. Eunice, Rubens, nós & vocês”, escreveu Selton em uma rede social.

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Em entrevista no fim de semana ao programa Weekend, do serviço mundial da BBC, Fernanda Torres disse odiar expectativas. “É claro, eu ficarei mais do que feliz se eu for indicada ao Oscar. Mas, ao mesmo tempo, o Globo de Ouro já é uma conquista tão grande. No Brasil, é como se tivéssemos vencido a Copa do Mundo”, afirmou a atriz brasileira. “Sou uma pessimista por natureza. E o que vier, vou ficar feliz. Sabe, estou mais do que feliz com o meu pesado Globo de Ouro na minha mala. E eu amaria ser indicada porque isso seria muito simbólico”, acrescentou na entrevista.

Fernanda Torres disse acreditar o filme está ensinando aos jovens “o que realmente significa viver em uma ditadura”, como a que o Brasil foi submetido após o golpe militar de 1964. “Muitos jovens foram criados durante o período democrático… A democracia não resolveu nossos problemas, a desigualdade e tudo mais. Eles começaram a pensar que talvez uma economia liberal com um toque de ditadura iria resolver nossos problemas, porque eles não tinham qualquer memória da ditadura”, destacou.

A carioca Fernanda Torres, 59 anos, foi a primeira atriz brasileira a levar o Globo de Ouro, derrotando estrelas de Holywood como Nicole Kidman, Angelina Jolie, Kate Winsleta e Tilda Swinton. “Eu era o cavalo azarão naquela noite, e foi bonito de ver, porque é um ano muito especial para performances femininas — performances incríveis, e também coisas muito bonitas de mulheres maduras”, afirmou à BBC.No Oscar, a brasileira concorre ao prêmio de melhor atriz com Mikey Madison (“Anora), Demi Moore (“A substância”), Karla Sofía Gascón (“Emilia Pérez”) e Cynthia Erivo (“Wicked”).

Na cerimônia e nas entrevistas subsequentes, a atriz dedicou o Globo de Ouro à sua mãe, Fernanda Montenegro — que, em 1999, foi indicada, por sua atuação em Central do Brasil, ao mesmo prêmio (perdeu para Cate Blanchett) e também ao Oscar de melhor atriz (que ficou com Gwyneth Paltrow).

Para Fernanda Torres, Eunice Paiva era uma mulher à frente do seu tempo que, mesmo diante de um drama familiar e político do país, decidiu não se tornar apenas uma vítima. “Eunice sempre teve essa percepção de que, se se colocasse como uma vítima, a ditadura teria ganhado”, disse a atriz à BBC, citando a marcante cena de Ainda estou aqui em que Eunice insiste em sorrir com os filhos para um retrato, após o fotógrafo de uma revista sugerir que a família — já sem Rubens Paiva — posasse de uma forma menos feliz. “É um filme sobre uma história triste, mas você sai do cinema muito tocado e com sentimento de esperança, eu acho. Não é um filme que te destrói. É um filme sobre uma família que foi capaz de sobreviver sorrindo, dizendo ‘sim’ para a vida”, afirmou.

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Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.

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