Pesquisa desenvolve sistema de filtragem para microplásticos nas máquinas de lavar

Estudantes da UFRJ e Cefet/RJ vencem prêmio de invenção com projeto para minúsculas fibras de plásticos presentes na água liberada pelos eletrodomésticos

Por CoordCom UFRJ | ODS 14ODS 4 • Publicada em 7 de agosto de 2020 - 08:52 • Atualizada em 13 de agosto de 2020 - 10:41

Estimativas indicam que em cada lavagem em uma máquina pequena, pelo menos 700 mil fibras são despejadas no meio ambiente (Foto: Artur Moês/Coordcom UFRJ)

Victor França*

Materiais sintéticos e microplásticos estão por toda parte. E, sim, em todo o planeta. Há estudos que indicam a existência de fibras sintéticas – fruto da lavagem de roupas – em todos os continentes, inclusive em geleiras polares. Uma poluição invisível num primeiro momento, mas alarmante em seguida.

A cada lavagem, peças de náilon, poliéster e acrílico soltam fibras de até cinco milímetros de espessura, incapazes de serem capturadas pelos filtros das máquinas de lavar. Se quisermos que uma única peça de roupa fique limpa, imagine: pesquisas indicam que mais de 1.900 pedaços de fibra são liberados na água. Há outros estudos que atestam que em cada lavagem em uma máquina de seis quilos, por exemplo, pelo menos 700 mil fibras são despejadas no meio ambiente.

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Pensando nesse conglomerado de poluição que parece caminhar oculto, estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ) criaram um filtro que captura as minúsculas fibras de plásticos presentes na água liberada pelas máquinas de lavar, algumas delas até menores que a espessura de um fio de cabelo. Essas partículas podem prejudicar a microfauna dos oceanos e são protagonistas na transferência de poluentes do mar para a vida marinha.

No processo de lavagem de roupas em máquinas, os resíduos liberados correspondem à metade dos micro-organismos de uma casa. E, hoje, cerca de metade dos microplásticos produzidos em uma residência são provenientes de máquinas lavadoras de roupas. A invenção dos cientistas frente a este problema global rendeu-lhes a vitória na maratona internacional de inovação Invent for the Planet 2020. “O diferencial do nosso filtro é que ele consegue filtrar partículas de cinco milímetros até alguns micrômetros, abrangendo todos os tamanhos de micropartículas de plásticos. Para isso, nós usamos a ferrita. Então, nós vamos ter uma primeira barreira, que é a barreira da própria malha. Ela vai liberar algumas partículas, que vão envolver os microplásticos, para depois serem magneticamente capturados pelos ímãs”, afirmou Dimitri Costa, aluno de doutorado em Engenharia Mecânica.

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Além de Dimitri, a  equipe que representou o Brasil na competição contou com Larissa Fonseca, também aluna de doutorado em Engenharia Mecânica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), Samuel Breves e João Lucas, estudantes de graduação, respectivamente, de Engenharia de Produção e de Engenharia Mecânica do Cefet/RJ. O projeto foi orientado pelos professores Marcelo Savi (UFRJ) e Pedro Pacheco (Cefet/RJ).

O mecanismo de filtragem pode ser instalado em saídas de água de uma residência, como no sifão de banheiro, e na saída da máquina de lavar roupa. O professor Marcelo Rasi explica ainda que o filtro é composto por elementos que capturam os minúsculos pedaços de plástico e impedem sua trajetória aos rios e oceanos.

De acordo com Larissa Fonseca, a equipe segue trabalhando. “Iniciamos o processo de patente para fazer a proteção intelectual dessa invenção e, posteriormente, vamos entrar em contato com empresas”, comenta a pesquisadora, que também ventila a possibilidade de abrir uma startup.

O objetivo do Invent for the Planet é contribuir para a melhoria da qualidade de vida do planeta, a partir de projetos tecnologicamente inovadores. Em 2019, alunos da UFRJ e do Cefet/RJ, com orientação dos mesmos professores, venceram a maratona mundial de inovação com o desenvolvimento do EVI – Echolocation for the visual impaired (ecolocalização para pessoas com deficiência visual).

*CoordCom UFRJ (com Ascom Coppe/UFRJ)

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A série #100diasdebalbúrdiafederal terminou, mas o #Colabora vai continuar publicando reportagens para deixar sempre bem claro que pesquisa não é balbúrdia.

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CoordCom UFRJ

A Coordenadoria de Comunicação Social (CoordCom) da UFRJ, órgão diretamente subordinado ao Gabinete da Reitora, atua como mecanismo comunicacional integrador da Universidade com as suas unidades acadêmicas e a sociedade em geral.

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3 comentários “Pesquisa desenvolve sistema de filtragem para microplásticos nas máquinas de lavar

  1. eduardo sadicoff disse:

    MUITO BOA IDEIA A DE FILTROS ESPECIAIS PRA RETIRAR MICROPARTICULAS NAS LAVAGEM DE ROUPAS EM MAQUINAS DE LAVAR. AGORA PRECISAM TAMBEM INCLUIR NESSA IDEIA DE FILTRAGEM A FORMA CORRETA DE SE TRATAR, DESTRUIR O QUE SOBRAR APOS ESSA FILTRAGEM…POIS SE AS PESSOAS APENAS LAVAREM ESSES FILTROS ESPECIAIS A POLUIÇAO IRA CONTINUAR…PRECISA SER FEITO O DESCARTE APROPRIADO…NAO LI NADA A ESSE RESPEITO NESSE ARTIGO

  2. Marcos Cipriani disse:

    Os filtros quando saturados ou seja devem ser descartados,devemos criar um sistema de descartar em lugares apropriados .
    Pergunto ja existe algo desenvolvido ?

  3. Marcos Cipriani disse:

    Preciso saber se os filtros ,para filtrar micro plásticos podem ser comercializados , e onde podemos comprar os mesmos.Principalmente os que são utilizados em maquinas de lavar roupas

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