A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lidera uma rede de mais de 100 pesquisadores do estado que adaptam ou desenvolvem respiradores, além de produzir acessórios de proteção a profissionais de saúde, para enfrentar a pandemia causada pelo novo coronavírus. “Como o mundo inteiro vive esse problema, ninguém está disposto a exportar nenhum equipamento”, destaca Thiago Holtgebaum, mestre em Engenharia Mecânica que coordena o projeto Ventiladores Mecânicos do grupo EME (Equipamentos Médicos de Emergência), equipe multidisciplinar, colaborativa e voluntária formada na universidade para projetar, desenvolver, produzir e distribuir esses materiais.
O primeiro protótipo está prestes a ser concluído, graças ao trabalho conjunto de professores, alunos, médicos e servidores técnico-administrativos. “Este projeto compartilha o conhecimento de vários pesquisadores, aplicando a Engenharia com eficiência e simplicidade, visando atender a uma demanda urgente de equipamentos complexos necessários neste momento”, explica o professor Henrique Simas, colaborador da equipe pelo Departamento de Engenharia Mecânica.
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Veja o que já enviamosNo que se refere ao projeto de Ventiladores Mecânicos, há ações em andamento. A mais avançada pretende automatizar balões de reanimação a partir de um conceito simples, que utiliza componentes hospitalares bem conhecidos pelo mercado. A equipe partiu do modelo de ventilador desenvolvido pela USP e o está replicando para fazer os primeiros testes, em paralelo a pesquisas usando o chamado Conceito UFSC. “Queremos que funcionem e cumpram seu papel como sistema de ventilação, sem o custo de equipamentos mais complexos”, ressalta Thiago, mestre em Engenharia e que atualmente faz doutorado no Posmec.
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Uma segunda vertente tem por objetivo criar um ventilador mais complexo, capaz de controlar variáveis diferentes, porém ainda com itens nacionais já disponíveis, cumprindo as exigências da Anvisa. No âmbito desse projeto, há duas frentes de trabalho. Uma trabalha com conceito puramente mecânico e busca aprimorar o uso de mini-ventiladores pulmonares (utilizados em ambulâncias, por exemplo). A outra se baseia em conceito microprocessado e tem como meta desenvolver um ventilador no formato o mais próximo possível do que é encontrado atualmente no mercado.
Acessórios em 3D
O EME também produz, por impressão 3D, acessórios como máscaras de boca e nariz, e escudos faciais (face shield). A equipe é composta pelos professores Daniel Martins (coordenador geral), Carlos Rodrigo de Mello Roesler (vice-coordenador) e Humberto Reder Cazangi (coordenador operacional). O grupo coordena também outras iniciativas com o mesmo objetivo na própria universidade.
Pesquisadores do campus de Araranguá, no extremo sul do estado, estão produzindo, em conjunto com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), máscaras faceshield para profissionais da saúde que estão na linha de frente de combate à covid-19 na região. São utilizadas impressoras 3D para imprimir os suportes das viseiras, seguindo modelos disponíveis publicamente. As viseiras são de lâminas de acetato, recebidas por doação, e cortadas a laser, por cortesia de uma empresa da cidade. A fita elástica usada para prender a máscara à cabeça também foi recebida por doação. Após a montagem, os equipamentos são higienizados e embalados para entrega.
Desde a semana passada também, quatro laboratórios da UFSC passaram a produzir testes de detecção do novo coronavírus, em parceria com o Lacen (Laboratório Central de Florianópolis). A universidade colocou à disposição, além dos laboratórios, equipamentos e profissionais qualificados e treinados nos protocolos do Lacen para realizar a detecção do vírus, pela metodologia RT-PCR em tempo real.
*Agecom/UFSC
[g1_quote author_description_format=”%link%” align=”none” size=”s” style=”solid” template=”01″]A série #100diasdebalbúrdiafederal terminou, mas o #Colabora vai continuar publicando reportagens para deixar sempre bem claro que pesquisa não é balbúrdia.
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