Crianças para irrigar o futuro da água

Crianças visitam o Projeto Água, em Petrópolis: lições de preservação (Foto: Divulgação)

ONG de Petrópolis ensina os adultos do amanhã a valorizar e preservar patrimônio natural sob ameaça

Por Barbara Lopes | ODS 6 • Publicada em 22 de março de 2019 - 08:04 • Atualizada em 22 de março de 2019 - 14:14

Crianças visitam o Projeto Água, em Petrópolis: lições de preservação (Foto: Divulgação)

Crianças visitam o Projeto Água, em Petrópolis: lições de preservação (Foto: Divulgação)Crianças visitam o Projeto Água, em Petrópolis: lições de preservação (Foto: Divulgação)

A maioria dos adultos de hoje aprendeu na escola que mais de 70% da superfície do planeta é água. Essa aparente abundância dificulta a conscientização da necessidade de preservação dessa fonte de vida, que levou, inclusive, à criação do Dia Mundial da Água, 22 de março. Na nossa Terra, 99,4 % do total é de água salgada, geleiras ou calotas polares.  Somente parcos 0,6% estão disponíveis para o consumo: o Brasil detém a maior parte dessa água, 12%.

Para ensinar aos adultos do futuro que a água é nosso patrimônio mais importante e que corre riscos, a ONG Projeto Água – localizada em Petrópolis, na região serrana do Rio – busca criar nas crianças a consciência sobre o consumo de água nas a importância de sua preservação. A instituição recebe alunos de ensino fundamental – do primeiro ao novo ano – de escolas públicas e particulares de todo o estado, além de crianças de turmas de alfabetização e creches.

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Fundado em 2004 pelo empresário Ivens Paulo Dias da Silva, o Projeto Água fica numa fazenda com rios, fontes e uma ampla área verde. Inicialmente, quando as crianças são recebidas na fazenda, acreditam que vão somente brincar: por isso, a primeira atividade é uma palestra – “Água é Vida” – para explicar o motivo pelo qual elas estão ali e o que vão ver e aprender. Em seguida, as crianças fazem uma caminhada para conhecer as plantas da fazenda e, no programa Reflorestamento, plantar mudas de árvores nativas da região.

Crianças no programa Reflorestamento: plantio de mudas (Foto: Divulgação)
Crianças no programa Reflorestamento: plantio de mudas (Foto: Divulgação)

O programa Os caminhos da Água vem a seguir, com foco neste recurso, suas origens e seus destinos, visitando fontes e nascentes dos rios. “Nesse programa elas também são apresentadas a um sistema de captação de água de chuva, para que descubram essa forma de reaproveitamento, conhecem também uma mini-estação de tratamento”, conta Sylvia Firmeza, diretora de Comunicação da ONG. Essa estação foi doada pela Águas do Imperador, concessionária de distribuição de água e tratamento de esgotos de Petrópolis, e é, em escala menor, a mesma estação usada pela concessionária. Outra forma de limpeza e de águas mostrada para as crianças é a utilização do Aguapé, planta que, através da biorremediação, limpa as águas do rio.

Nesse programa há também um Terrário – uma pequena estufa, geralmente de vidro, mas que também pode ser de madeira, acrílico, PVC e outros materiais – que reproduz as condições necessárias para a existência e manutenção das plantas. O Terrário da Fazenda Projeto Água tem quatro metros quadrados e, após ter sido realizado o plantio e ter sido regado, foi lacrado e se mantém assim há dois anos. Lá as crianças podem observar o trabalho das árvores na manutenção da água naquele microambiente.

Já o Programa Aquaponia é uma criação de peixes e cultivo de hortaliças de forma conjunta. O sistema é fechado, orgânico e sustentável, conta com total reaproveitamento de água e em comparação com a agricultura convencional oferece uma economia de 90%. Este projeto também está sendo desenvolvido em oito escolas da região, com financiamento da Caixa Econômica Federal.

Aluna com água da fonte na fazenda do projeto: conscientização sobre os riscos para a água do planeta (Foto Divulgação)
Aluna com água da fonte na fazenda do projeto: conscientização sobre os riscos para a água do planeta (Foto Divulgação)

O Projeto Água conta ainda com vários outros projetos: Jardim dos Sentidos, Jardim Sensorial inspirado em deficientes visuais; Horta Escola, horta 100% orgânica; Horta Medicinal Suspensa, desenvolvida com materiais reaproveitados para incentivar hábitos saudáveis. Alguns programas passaram a ser possíveis graças ao reflorestamento da fazenda como Pássaros que Voam Aqui – na visita, as crianças fazem um minuto de silêncio para ouvirem os cantos dos muitos pássaros nativos que voltaram a habitar a fazenda.

Todos esses programas foram concebidos, desde 2004, pelos voluntários que trabalham para o Projeto Água. São eles que recebem as crianças e acompanham meninos e meninas nas descobertas dos caminhos e mistérios da água. O projeto é um sucesso: a agenda de visitas para as escolas – que só pode ser feito pelo site da ONG – só tem vaga para agosto.

Barbara Lopes

Formada em Letras/Literaturas pela Universidade Federal Fluminense, carioca que não vai à praia, mas vive na floresta e na selva da cidade. Cursando graduação em Jornalismo na UFRJ. Acredita que a leitura e o diálogo transformam o mundo.

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