UFRN cria válvula para tratamento respiratório

Pesquisadores desenvolveram dispositivo de treinamento para quem tem dificuldades de respirar pelo nariz

Por Carolina Moura | ODS 3ODS 4 • Publicada em 14 de agosto de 2019 - 22:17 • Atualizada em 15 de agosto de 2019 - 20:20

Teste realizado no Laboratório PneumoCardioVascular, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: desenvolvimento de válvula para treinamento respiratório (Foto: Divulgação/UFRN)
Teste realizado no Laboratório PneumoCardioVascular, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: desenvolvimento de válvula para treinamento respiratório (Foto: Divulgação/UFRN

Para uma respiração natural e sem problemas, o ideal é que ela seja feita apenas pela via nasal. No entanto, quem sofre de sinusite, rinite ou malformações anatômicas costuma respirar pela boca também, o que pode ocasionar problemas de saúde como distúrbios do sono. Com essa preocupação, pesquisadores do Laboratório PneumoCardioVascular, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), criaram uma válvula de treinamento respiratório com o objetivo de melhorar a inspiração e a expiração. O dispositivo foi patenteado este ano, com o nome de  Válvula de Treinamento de Músculos Inspiratórios Adaptada para Treinamento Nasal com Cargas Pressóricas.

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Como funciona? É uma válvula em que o paciente inspira o ar através de uma resistência e expira, treinando os músculos respiratórios. Qualquer um pode usá-la desde que tenha feito um teste ambulatorial antes. “Pacientes podem usar essa válvula o tempo que for necessário. Esse treinamento é como se fosse um exercício físico que faz na academia, só que nesse caso é nos músculos inspiratórios, responsáveis por gerar pressão negativa no pulmão, e os expiratórios, responsáveis por soprar o ar pra fora”, explicou o professor do departamento de fisioterapia da UFRN, Guilherme Fregonezi, um dos responsáveis pelo projeto.

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Esse dispositivo é do tamanho de um celular, uma espécie de tubo cilíndrico. Dentro, tem um sistema de resistência que você encaixa na boca. Concluímos, através de estudos clínicos, que o uso dele é viável e seguro

A pesquisa teve início no ano de 2012, quando sete pesquisadores decidiram avaliar e tratar pacientes com doenças respiratórias crônicas e doenças neurológicas. “Muitos pacientes com problemas respiratórios, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, e mesmo doenças neurológicas têm os músculos respiratórios enfraquecidos e através deste dispositivo é possível treiná-los”, disse Guilherme. “No ano de 2007 queríamos, dentro do processo de reabilitação respiratória de um paciente com Distrofia Miotônica, treinar os músculos expiratórios deste paciente que estava em tratamento conosco. Entretanto, não encontramos nenhum dispositivo disponível no mercado para ser adquirido e utilizado neste processo”, acrescentou ele.

Teste no laboratório da UFRN: pesquisador explica que tratamento é como um exercício físico: no caso, o exercício é nos músculos inspiratórios e expiratórios (Foto: Divulgação/UFRN)
Teste no laboratório da UFRN: pesquisador explica que tratamento é como um exercício físico: no caso, o exercício é nos músculos inspiratórios e expiratórios (Foto: Divulgação/UFRN)

De acordo com Guilherme, ter uma válvula desse tipo no mercado é necessário. “Esse dispositivo é do tamanho de um celular, uma espécie de tubo cilíndrico. Dentro, tem um sistema de resistência que você encaixa na boca. Concluímos, através de estudos clínicos, que o uso dele é viável e seguro. E não havia outros semelhantes que já tivessem sido testados com essas características”, explicou o pesquisador. “Ainda não há propostas de empresas para desenvolver esse dispositivo, mas estamos correndo atrás de uma parceria”, acrescentou. O preço estimado do objeto seria R$ 120, podendo ser usado de 4 a 6 vezes por semana.

Os pesquisadores se dedicaram a estudar fisiologia e fisioterapia respiratória. Também trabalharam na produção de evidência em saúde através de revisões sistemáticas e desenvolvimento de protótipos com potencial de transformá-los em dispositivos médicos. Toda a pesquisa foi realizada na UFRN e durou quatro anos até ser concluída. “Esse projeto científico foi depositado como patente e concedido este ano pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi)”, informou Fregonezi.

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Carolina Moura

Jornalista com interesse em Direitos Humanos, Segurança Pública e Cultura. Já passou pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Jornal O DIA e TV Bandeirantes. Como freelancer já colaborou com reportagens para Folha de São Paulo, Al Jazeera, Ponte Jornalismo, Agência Pública e The Intercept Brasil.

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