OMS eleva risco de epidemia mundial de coronavírus para ‘muito alto’

Pesquisadores trabalham no desenvolvimento de exame para identificação rápida do COVID-19 no Hackensack Meridian Health Center for Discovery and Innovation, em Nova Jeresey/EUA (Foto: Kena Betancur/Getty Images/AFP)

Por Oscar Valporto | ODS 3 • Publicada em 28 de fevereiro de 2020 - 19:02 • Atualizada em 10 de março de 2020 - 11:25

Pesquisadores trabalham no desenvolvimento de exame para identificação rápida do COVID-19 no Hackensack Meridian Health Center for Discovery and Innovation, em Nova Jeresey/EUA (Foto: Kena Betancur/Getty Images/AFP)

Os países devem agir de maneira rápida e robusta para conter a epidemia de coronavírus COVID-19, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (28), ao elevar a avaliação de risco global da infecção para “muito alta”. O anúncio foi feito depois que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, recebeu dados que mostram que nas últimas 24 horas a China registrou o menor número de casos em mais de um mês (329), com 78.959 no total.

O maior inimigo no momento não é o vírus. É o medo, são os boatos e o estigma

Mais de 36.000 pessoas também se recuperaram do COVID-19 somente na China, disse a OMS. Em entrevista nesta sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a todos os governos que intensifiquem esforços e façam todo o possível para conter a doença, sem estigmatização e com respeito aos direitos humanos. Ele também pediu solidariedade e apoio global.

Ao repetir o alerta de Tedros, o secretário-geral da ONU enfatizou a importância da preparação, e não do pânico. “O maior inimigo no momento não é o vírus. É o medo, são os boatos e o estigma”. O mundo continua registrando um aumento nas infecções, com 4.351 casos confirmados em 49 países e 67 mortes.

Tedros disse que, embora o aumento do número de casos e de países afetados nos últimos dias seja preocupante, não havia evidências de que o vírus se espalhe livremente nas comunidades. Ele acrescentou que 24 casos de infecção foram exportados da Itália para 14 países e 97 casos foram exportados do Irã para 11 países.

“O aumento contínuo do número de casos e o número de países afetados nos últimos dias são claramente preocupantes”, disse ele. “Nossos epidemiologistas têm monitorado esses desenvolvimentos continuamente e agora aumentamos nossa avaliação do risco de propagação e do risco de impacto do COVID-19 para muito alto no nível global.”

Na Nigéria, onde o primeiro caso de infecção foi confirmado e isolado, a agência da ONU disse ter “grande confiança” de que o país poderá conter o vírus. Isso se deve ao fato de a Nigéria ter tido sucesso ao lidar com outros surtos de doenças, como a febre de Lassa e o sarampo — e investido significativamente para fazer isso, disse Mike Ryan, chefe para o Programa de Emergências em Saúde da OMS.

Atualmente, mais de 20 vacinas estão em desenvolvimento em todo o mundo, juntamente com vários medicamentos terapêuticos; os primeiros resultados são esperados em semanas, disse Tedros.

Sintomas e prevenção

Enquanto isso, a melhor coisa que as pessoas podem fazer é ser diligentes em relação à sua higiene pessoal, insistiu o diretor-geral da agência de saúde da ONU, e ficar atentas aos sintomas, que incluem tosse seca e febre.

Para a prevenção, é particularmente importante lavar as mãos com sabão ou álcool gel, espirrar ou tossir em um lenço ou na dobra do braço, e ficar em casa em caso de sintomas.

Explicando as implicações da mais recente avaliação de ameaças, Ryan disse que, embora fosse o nível mais alto de alerta, o objetivo era incentivar os países a agir, em vez de alarmá-los.

“Precisamos desacelerar esse vírus, porque os sistemas de saúde em todo o mundo — e quero dizer no Norte e no Sul — simplesmente não estão prontos. O risco de disseminação aumentou claramente, mas o risco de impacto também subiu por causa do que vemos em sistemas de saúde em todo o mundo.”

“É hora de se preparar. É hora de agir, e as pessoas precisam fazer uma verificação da realidade agora e realmente entender que é necessária uma abordagem de todos os governos e sociedades.”

Ecoando a necessidade de ações agressivas, como a implementada pela China, a Dra. Maria Van Kerkhove, da OMS, observou que outros países que seguiram sua liderança obtiveram sucessos semelhantes na contenção do vírus, resultando em um espaço valioso para a respiração de seus sistemas de saúde.

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

Newsletter do #Colabora

Um jeito diferente de ver e analisar as notícias da semana, além dos conteúdos dos colunistas e reportagens especiais. A gente vai até você. De graça, no seu e-mail.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *