Diário da Covid-19: As boas notícias que vêm de Campo Grande e Florianópolis

Vista de uma rua movimentada no Centro de Florianópolis em plena pandemia. Foto Eduardo Valente/AFP

Cidades têm o melhor resultado no combate ao coronavírus e registram os menores coeficientes de mortalidade do Brasil

Por José Eustáquio Diniz Alves | ODS 3 • Publicada em 8 de junho de 2020 - 09:09 • Atualizada em 28 de julho de 2020 - 11:23

Vista de uma rua movimentada no Centro de Florianópolis em plena pandemia. Foto Eduardo Valente/AFP

Nada melhor para começar a semana do que uma boa notícia. No meio de números tão desfavoráveis da pandemia da covid-19 no Brasil, Campo Grande (MS) e Florianópolis (SC) são as duas capitais com o menor coeficiente de mortalidade no Brasil e que trazem esperança de dias melhores. As duas cidades apresentam números bem abaixo da média brasileira e da média mundial e indicam que há municípios que estão conseguindo vencer o desafio de conter o novo coronavírus.

O melhor desempenho está em Campo Grande. A capital do Mato Grosso do Sul, com uma população de 896 mil habitantes, apresentou no dia 02 de junho (último dado que conseguimos devido ao novo painel do Ministério da Saúde) um total de 317 pessoas infectadas e somente 7 vidas perdidas. Isto significa um coeficiente de incidência de 354 casos por milhão de habitantes e um coeficiente de mortalidade de 8 óbitos por milhão de habitantes. A taxa de letalidade (óbitos/casos) ficou em 2,2%. Estes números são os menores entre todas as capitais das Unidades da Federação e estão bem abaixo dos coeficientes do mundo (829 casos por milhão e 49 óbitos por milhão) e, em especial, bem inferiores dos coeficientes brasileiros (2.623 casos por milhão e 147 óbitos por milhão).

O segundo melhor desempenho é de Florianópolis. A capital de Santa Catarina, com uma população de 501 mil habitantes, apresentou no dia 02 de junho um total de 697 pessoas infectadas e somente 7 vidas perdidas. Isto significa um coeficiente de incidência de 1,391 casos por milhão de habitantes e um coeficiente de mortalidade de 14 óbitos por milhão de habitantes. A taxa de letalidade (óbitos/casos) ficou em 1%. Estes números são maiores do que os de Campo Grande, mas bem menores do que os coeficientes médios do Brasil e do mundo.

Os gráficos do número diário de casos e de mortes para Campo Grande mostram que, embora os valores sejam baixos, o número de casos ainda está aumentando, mas a uma média entre 10 e 15 pessoas infectadas por dia. Mas os números de mortes continuam muito baixos, sendo que houve apenas duas mortes no dia 13/04 e no máximo uma morte por dia nos outros 5 dias (totalizando 7 mortes). O mais importante é que não há tendência de aumento e sim uma tendência de zerar o número de falecimentos por conta da covid-19.

Os gráficos do número diário de casos e de mortes de Florianópolis mostram valores mais altos para o número de casos e a mesma tendência de aumento. Mas os números de mortes continuam também baixos, sendo que houve duas mortes apenas no dia 24/05 e no máximo uma morte em 24 horas nos outros dias. O mais importante é que não há tendência de aumento e sim uma tendência de manter o número de falecimentos por conta da covid-19 sob controle.

Estas duas capitais são o exemplo de que o alto número de baixas para a covid-19 não é uma fatalidade inexorável e nem significa que todos os municípios sedes de governos estaduais estão condenados a enfrentar grandes sacrifícios. É claro que toda comparação deve levar em conta as imprecisões dos dados e as subnotificações. Mas não existem indicações de que haja grandes problemas adicionais com os dados destas cidades.

Quando se evita a explosão de casos e de pessoas infectadas é mais fácil administrar o atendimento no sistema de saúde e, por conseguinte, evitar a perda de muitas vidas para o coronavírus. Para tanto é preciso haver uma sinergia entre o governo estadual, o governo municipal e a sociedade civil.

Campo Grande e Florianópolis são as duas capitais com os menores coeficientes de mortalidade, mas outras capitais também estão próximas deste desempenho, como Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Cuiabá. Existem muitas cidades que são exemplos para o Brasil e, principalmente, são uma demonstração de que a morte evitável não é uma sina que não se possa vencer.

Frase do dia 08 de junho de 2020

 “Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas – é de poesia que estão falando”

Manoel de Barros (1916-2014),

Poeta mato-grossense

José Eustáquio Diniz Alves

José Eustáquio Diniz Alves é sociólogo, mestre em economia, doutor em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), pesquisador aposentado do IBGE, colaborador do Projeto #Colabora e autor do livro "ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século" (com a colaboração de F. Galiza), editado pela Escola de Negócios e Seguro, Rio de Janeiro, 2022.

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