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Posse de Lula, um domingo de alívio e esperança

ODS 16ODS 17 • Publicada em 27 de dezembro de 2022 - 09:00 • Atualizada em 29 de dezembro de 2022 - 07:38

Alívio. Acho que vai ser alívio o sentimento dominante neste meu coração carioca no domingo que abre o ano de 2023. Alívio – porque não seria possível suportar outros quatro anos de Brasil dominado pelo incentivo ao ódio, pelo desprezo à ciência e à cultura, pelo orgulho da ignorância, pelo culto à intolerância e à violência.

Sim, vai ter esperança também neste domingo. Vou vestir minha camiseta da posse do Lula em 2003 para imaginar, de novo, um Brasil sem fome, menos – muito menos – desigual, e mais – muito mais – fraterno e solidário. O sonho de JMB – ele mesmo disse – era fazer o país retroceder 40 anos em 4. Fracassou o cretino porque o Brasil avançou muitos nestes 40 anos de democracia: em 1982, o Rio de Janeiro elegia Brizola governador – nas primeiras eleições diretas para o cargo desde o golpe militar de 1964 – e, com ele, Darcy Ribeiro e a obsessão – de ambos – pela educação. Foram 40 anos de avanços, acelerados, principalmente, no governo do mesmo Lula, que tomará posse neste domingo para o terceiro mandato.

Leu essa? A pressa do povo com fome à espera dos 100 primeiros dias do governo Lula

Vou vestir a camiseta comemorativa da posse de 2003 porque o domingo também será de alegria. Tenho certeza que, como naquele 1º de janeiro de 2003, vai ter festa muito além da Esplanada do Ministério e da Praças dos Três Poderes. Vai ter pelas ruas no país inteiro: na Praça São Salvador e na Lapa, aqui no Rio de Janeiro, no Largo da Batalha, em São Paulo, no Largo do Rio Vermelho, em Salvador, no Santo Antônio, em Recife, na Praça do Ferreira, em Fortaleza.

Camiseta comemorativa da posse de Lula em 2003: roupa para o domingo de alívio, esperança e alegria da posse de 2023 (Foto: Oscar Valporto)
Camiseta comemorativa da posse de Lula em 2003: roupa para o domingo de alívio, esperança e alegria da posse de 2023 (Foto: Oscar Valporto)

Vai ser um domingo de alegria e não apenas pelo retorno de Lula. Será um novo governo: o governo do maranhense Flávio Dino e do piauiense Wellington Dias, do cearense Camilo e da pernambucana Luciana, dos baianos Margareth Menezes e Rui Costa, dos paulistas Fernando Haddad e Silvio Almeida. Um governo com a cara das cariocas Nísia Trindade, criada no bairro do Flamengo, e Anielle Franco, nascida no Complexo de Favelas da Maré.

A vida deles não será nada fácil porque terá em permanente oposição a elite brasileira de sempre, aquela que chama de gastança qualquer despejo de investimento para melhorar a vida dos mais pobres e vulneráveis. Enfrentar esta elite não é fácil, mas Lula e o PT já estão acostumados a este embate desde sua chegada, lá em 2003, ao Planalto.

Aqui, na planície, o desafio será conviver com os bichos escrotos que saíram dos esgotos, impulsionados pelo exemplar que ocupou os palácios do Planalto Central. Esses bichos escrotos estiveram, durante mais de 30 anos, envergonhados de serem demofóbicos, racistas, misóginos, homofóbicos, ignorantes. Mas perderam a vergonha e mostraram a cara feia. Para nós, fica a dúvida: há algo a fazer para tentar fazer esses bichos deixarem de ser escrotos ou devemos, simplesmente, empurrá-los de volta aos esgotos.

Após tomar posse de seu primeiro mandato, Lula, com Marisa Letícia desfila em carro aberto, acompanhados pela multidão, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília: dia de festa e,m 2023 como em 2003 (Foto: Victor Soares / Agência Brasil - 01/01/2003)
Após tomar posse de seu primeiro mandato, Lula, com Marisa Letícia desfila em carro aberto, acompanhados pela multidão, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília: dia de festa e,m 2023 como em 2003 (Foto: Victor Soares / Agência Brasil – 01/01/2003)

Os bichos escrotos são majoritariamente homens, brancos e frustrados, na vida pessoal e profissional. Atribuem seu fracasso – ocasionado pela mistura da mediocridade com a confiança na manutenção de antigos privilégios de homens e brancos – aos diferentes que ocuparam espaços na sociedade antes restritos a eles: mulheres, negros, LGBTs. Esses bichos escrotos mal sucedidos vão ter pela frente anos de depressão pelo retorno das políticas públicas que escancararam suas limitações.

Mas também vamos conviver aqui na planície com os bichos escrotos que não são ignorantes nem medíocres. São bichos escrotos que prosperaram e progrediram no governo Lula, que usaram seu talento e capacidade para aproveitar que o país todo progredia e prosperava. Mas não se conformam de ter que partilhar os frutos de sua posição – na classe executiva dos aviões, nos bancos da academia, nos condomínios fechados – com os filhos em ascensão de porteiros, empregadas domésticas, trabalhadores rurais, operários.

Mas este domingo, que inaugura 2023, não é dia de pensar neles. Domingo é dia de alívio, esperança e alegria. É um dia de recomeço para o Brasil

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