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Essas pessoas não estão doentes; esse é o Brasil

ODS 16 • Publicada em 4 de novembro de 2022 - 08:47

Não faz muito tempo. Passado o primeiro turno das eleições, esbocei aqui no #Colabora minha sensação frente a decisão mais importante do país desde a redemocratização: a escolha e apreço à Democracia, e as dificuldades encontradas para a restituição dela, em fator aglutinador das diferenças.

Leu essa? Deu no New York Times: eleição no Brasil vai determinar futuro do planeta

Quase um mês após o texto e a quatro dias depois do domingo do segundo turno, cá estamos a respirar, de certa forma, mais aliviados. Mas ainda em estágio atento de alerta, já que desde domingo acumulam-se atos de baderna, quebra-quebras, cerceamento de direitos e desrespeito em algumas regiões do Brasil, como forma de resposta à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República.

Estradas paradas, confusão, gritaria, fogo e sujeira. Essas e outras palavras podem definir o que se têm visto pela TV ou nos vídeos que circulam pelo Whatsapp, sendo esse justamente o local onde vão multiplicar-se comentários a respeito dessas atitudes. Muitos deles apontando que essas pessoas estariam “loucas”, passíveis de “intervenção psiquiátrica”.

Manifestação pedindo intervenção em frente à sede do Comando Militar do Leste no Rio: brasileiros antidemocratas inconformados com a derrota nas urnas (Foto Tânia Rego / Agência Brasil - 02/11/2022)
Manifestação pedindo intervenção em frente à sede do Comando Militar do Leste no Rio: brasileiros antidemocratas inconformados com a derrota nas urnas (Foto Tânia Rego / Agência Brasil – 02/11/2022)

Mas a verdade é que essas pessoas não estão, não são, nem serão “loucas”. Elas só são antidemocratas; incapazes, nesse momento, de aceitar o resultado das urnas. E não há doença que explique isso, ou mesmo tente justificar a ladainha insuflada por um segmento de extrema-direita que flerta com o fascismo, encontrando nas Forças Armadas e demais forças de segurança (através de agentes que cometem insubordinação) o elemento que dá mais gás ao movimento.

Nesse sentido, só nos resta analisar os fatores que nos colocaram nessa sinuca de bico, entendendo que a mobilização pelo projeto de país possível deve ser construída tão rápido quanto a leitura desse texto, baseada pela paz, num dos momentos de transição mais virulentos da História do Brasil. E de maneira apartidária.

Quem acompanhou a apuração viu com os próprios olhos, minuto a minuto: 58 milhões de pessoas viram em Jair Messias Bolsonaro (PL) a viabilidade de seus filtros e noções de país. E que, por pouco, não teve continuidade por mais quatro anos. Negar o que se vê e achar que estaria tudo resolvido depois de apertar 13 e o “confirma” seria desonestidade intelectual. Alguma ‘batalha’ seria travada, seja pra que lado fosse.

Na tarde desta quinta-feira (3/11), o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, comentou o cenário atual do país, antes de apresentar os dados finais do pleito eleitoral na primeira sessão da Corte. “Não há como se contestar o resultado democraticamente obtido com movimentos ilícitos, antidemocráticos e criminosos, que serão combatidos e responsabilizados. A democracia venceu novamente no Brasil”.

Entre barris, pneus queimados, latas, carros parados e pessoas vestidas de verde e amarelo, vamos lutar pela continuidade desse ganho. Para e por todos.

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