Polarização chegou nas aldeias

Na COP 25, líder indígena Sônia Guajajara admite que estratégia divisionista de Bolsonaro está dando certo. Os conflitos chegaram no povo Guajajara

Por Liana Melo | ODS 13 • Publicada em 6 de dezembro de 2019 - 11:46 • Atualizada em 7 de abril de 2020 - 11:27

Sônia Guajajara na COP25. Foto de Yasuyoshi Chiba/AFP

Sônia Guajajara na COP25. Foto de Yasuyoshi Chiba/AFP

Na COP 25, líder indígena Sônia Guajajara admite que estratégia divisionista de Bolsonaro está dando certo. Os conflitos chegaram no povo Guajajara

Por Liana Melo | ODS 13 • Publicada em 6 de dezembro de 2019 - 11:46 • Atualizada em 7 de abril de 2020 - 11:27

Sônia Guajajara na COP25. Foto de Yasuyoshi Chiba/AFP
Sônia Guajajara na COP25. Foto de Yasuyoshi Chiba/AFP

(Madri, ES) – A aposta divisionista do presidente Jair Bolsonaro está dando certo. Seu discurso de transformar as terras indígenas na nova fronteira agrícola e liberar mineração nas aldeias está levando à divisão dos povos indígenas — nem mesmo o povo Guajajara/Tentehar, onde vive uma das maiores líderes do movimento indígena brasileiro, Sônia Guajajara, está alheio ao discurso do presidente. Como se diz na gíria, o pau está comendo na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão.

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Coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia, que está em Madrid participando da Conferência do Clima, a COP25, admitiu que está difícil manter os indígenas unidos. É que o discurso presidencial de explorar comercialmente as terras indígenas está colando e tem muito índio acreditando que vai melhorar de vida com os novos negócios que Bolsonaro quer levar para dentro das aldeias. Nem mesmo o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, que militava no grupo de defesa da Amazônia “Guardiães da Selva”, serviu para arrefecer os ânimos e colocar um ponto final na polarização.

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Bolsonaro está apostando na estratégia do divisionismo, ou seja, de provocar o confronto entre nós mesmos

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#COLABORA – O apoio ao presidente está crescendo dentro das terras indígenas?

Sônia – Bolsonaro está apostando na estratégia do divisionismo, ou seja, de provocar o confronto entre nós mesmos. Ele tem trazido até indígena para o seu governo, mas são pessoas totalmente desconectadas do movimento indígena e das demandas dos indígenas.

#COLABORA – Está ficando mais difícil fazer oposição ao governo?

Sônia – O presidente Bolsonaro está estimulando o conflito entre os indígenas. Estamos nos articulado. Estamos buscando conversar, se entender… Se, antes, já era difícil para a gente enfrentar o governo; imagino agora com essa estratégia divisionista dando certo.

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Se, antes, já era difícil para a gente enfrentar o governo; imagina agora com essa estratégia divisionista dando certo

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#COLABORA – Qual é o tipo de cizânia que ele está provocando dentro das terras indígenas?

Sônia – Bolsonaro está enganando os indígenas com essa história de agronegócio, de mineração… como se isso a fosse aumentar a renda dos indígenas. Quando ele diz que a gente é pobre, está olhando somente pelo lado dos bens materiais e das formas de consumo. Ele não olha nossa forma de viver. O que ele precisa fazer é respeitar os modos de vida e dar condições para que nossas iniciativas possam crescer e possam gerar rendas para as comunidades. Sempre pensando no uso sustentável dos territórios e dos recursos naturais.

* A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (ICS)

Liana Melo

Formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Especializada em Economia e Meio Ambiente, trabalhou nos jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “O Dia” e na revista “IstoÉ”. Ganhou o 5º Prêmio Imprensa Embratel com a série de reportagens “Máfia dos fiscais”, publicada pela “IstoÉ”. Tem MBA em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela Faculdade de Economia da UFRJ. Foi editora do “Blog Verde”, sobre notícias ambientais no jornal “O Globo”, e da revista “Amanhã”, no mesmo jornal – uma publicação semanal sobre sustentabilidade. Atualmente é repórter e editora do Projeto #Colabora.

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