Intolerância, a palavra da moda

Grupos protestam na Avenida Paulista, em São Paulo, contra a intolerância religiosa. Foto Gabriel Soares/Brazil Photo Press

Em debate na Livraria da Travessa, filósofa e psicanalista discutem por que o brasileiro está mais intolerante

Por Liana Melo | ODS 8ODS 9 • Publicada em 16 de abril de 2017 - 10:40 • Atualizada em 6 de setembro de 2017 - 14:18

Grupos protestam na Avenida Paulista, em São Paulo, contra a intolerância religiosa. Foto Gabriel Soares/Brazil Photo Press
Grupos protestam na Avenida Paulista, em São Paulo, contra a intolerância religiosa. Foto Gabriel Soares/Brazil Photo Press
Grupos protestam na Avenida Paulista, em São Paulo, contra a intolerância religiosa. Foto Gabriel Soares/Brazil Photo Press

“Todo o ser humano é um estranho ímpar”, sintetizou o poeta Carlos Drummond de Andrade, ao complementar que “ninguém é igual a ninguém”. A tolerância, que estava subjacente ao poema, deu lugar, nos dias de hoje, à intolerância – tendo virado a palavra da moda e se transformado num preconceito latente no Brasil. Argumentos e pontos de vistas divergentes suscitam reações extremas, que vão da desqualificação de quem as defende à agressão física.

A tolerância se tornou, a partir dos anos 1980, um termo chave no chamado multiculturalismo

A constatação de que o Brasil vem se tornando um país cada vez mais intolerante levou o #Colabora a escolher o tema para inaugurar uma parceria com a Livraria da Travessa. No próximo dia 24, ocorrerá a primeira mesa-redonda do projeto Colabora Com Ideias.  O tema será “Brasil, um país intolerante”. Os encontros, com temas da atualidade, serão mensais e vão ocorrer ora na Travessa do Leblon, ora na livraria de Botafogo. Os debates serão gratuitos, mas sujeitos à lotação do espaço – a inscrição pode ser feita através do site do #Colabora.

Carla Rodrigues e Benilton Bezerra Jr., convidados do #Colabora para a mesa-redonda "Brasil, um país intolerante"
A filósofa Carla Rodrigues e o psicanalista Benilton Bezerra Jr., convidados do #Colabora para a mesa-redonda “Brasil, um país intolerante”. Fotos de Divulgação

Para falar sobre “Brasil, um país intolerante” foram convidados a filósofa e jornalista Carla Rodrigues, professora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/ UFRJ), e o psiquiatra e psicanalista Benilton Bezerra Jr, professor da Escola de Medicina da Uerj. A mediação será feita pelo jornalista Agostinho Vieira, do #Colabora.

O acirramento da intolerância implica explorar pelo menos dois caminhos – que se prestam menos a encontrar respostas definitivas sobre o problema do que a reorganizar as perguntas em torno da questão

Para Carla, a tolerância se tornou, a partir dos anos 1980, um termo chave no chamado multiculturalismo, enquanto para Benilton, pensar sobre o inegável acirramento da intolerância, implica explorar, pelo menos, dois caminhos – que se prestam menos a encontrar respostas definitivas sobre o problema do que a reorganizar as perguntas em torno da questão. Já Agostinho Vieira lembra que ser tolerante ou praticar a tolerância não é, necessariamente, uma ação boa, saudável: “Pode ser um pouco mais complexo do que isso. Muitas vezes, o tolerante não aceita, entende e respeita o outro. Ele apenas tolera, deixa pra lá, finge que não vê. Por trás da tolerante pele de cordeiro pode se esconder um enorme e intolerante lobo”. Como vocês veem, teremos uma boa discussão.

Liana Melo

Formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Especializada em Economia e Meio Ambiente, trabalhou nos jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “O Dia” e na revista “IstoÉ”. Ganhou o 5º Prêmio Imprensa Embratel com a série de reportagens “Máfia dos fiscais”, publicada pela “IstoÉ”. Tem MBA em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela Faculdade de Economia da UFRJ. Foi editora do “Blog Verde”, sobre notícias ambientais no jornal “O Globo”, e da revista “Amanhã”, no mesmo jornal – uma publicação semanal sobre sustentabilidade. Atualmente é repórter e editora do Projeto #Colabora.

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Um comentário em “Intolerância, a palavra da moda

  1. João Batista Alves de Lima disse:

    Nosso pote de tolerância encheu. O transbordo pode ser a manifestação de indignação individual ou coletiva para não partir para a violência física que pode acontecer em algum caso. A intolerância é maior pela nossa incredulidade nas organizações e nas pessoas a quem confiamos cuidar da nossa governança enquanto trabalhamos.

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