“Todo o ser humano é um estranho ímpar”, sintetizou o poeta Carlos Drummond de Andrade, ao complementar que “ninguém é igual a ninguém”. A tolerância, que estava subjacente ao poema, deu lugar, nos dias de hoje, à intolerância – tendo virado a palavra da moda e se transformado num preconceito latente no Brasil. Argumentos e pontos de vistas divergentes suscitam reações extremas, que vão da desqualificação de quem as defende à agressão física.
[g1_quote author_name=”Carla Rodrigues” author_description=”Filósofa e professora do IFCS” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]A tolerância se tornou, a partir dos anos 1980, um termo chave no chamado multiculturalismo
[/g1_quote]A constatação de que o Brasil vem se tornando um país cada vez mais intolerante levou o #Colabora a escolher o tema para inaugurar uma parceria com a Livraria da Travessa. No próximo dia 24, ocorrerá a primeira mesa-redonda do projeto Colabora Com Ideias. O tema será “Brasil, um país intolerante”. Os encontros, com temas da atualidade, serão mensais e vão ocorrer ora na Travessa do Leblon, ora na livraria de Botafogo. Os debates serão gratuitos, mas sujeitos à lotação do espaço – a inscrição pode ser feita através do site do #Colabora.
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Veja o que já enviamosPara falar sobre “Brasil, um país intolerante” foram convidados a filósofa e jornalista Carla Rodrigues, professora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/ UFRJ), e o psiquiatra e psicanalista Benilton Bezerra Jr, professor da Escola de Medicina da Uerj. A mediação será feita pelo jornalista Agostinho Vieira, do #Colabora.
[g1_quote author_name=”Benilton Bezerra Jr.” author_description=”Psicanalista e professor da UERJ” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]O acirramento da intolerância implica explorar pelo menos dois caminhos – que se prestam menos a encontrar respostas definitivas sobre o problema do que a reorganizar as perguntas em torno da questão
[/g1_quote]Para Carla, a tolerância se tornou, a partir dos anos 1980, um termo chave no chamado multiculturalismo, enquanto para Benilton, pensar sobre o inegável acirramento da intolerância, implica explorar, pelo menos, dois caminhos – que se prestam menos a encontrar respostas definitivas sobre o problema do que a reorganizar as perguntas em torno da questão. Já Agostinho Vieira lembra que ser tolerante ou praticar a tolerância não é, necessariamente, uma ação boa, saudável: “Pode ser um pouco mais complexo do que isso. Muitas vezes, o tolerante não aceita, entende e respeita o outro. Ele apenas tolera, deixa pra lá, finge que não vê. Por trás da tolerante pele de cordeiro pode se esconder um enorme e intolerante lobo”. Como vocês veem, teremos uma boa discussão.
Nosso pote de tolerância encheu. O transbordo pode ser a manifestação de indignação individual ou coletiva para não partir para a violência física que pode acontecer em algum caso. A intolerância é maior pela nossa incredulidade nas organizações e nas pessoas a quem confiamos cuidar da nossa governança enquanto trabalhamos.