Brasil trata apenas 46% do esgoto que gera

Esgoto a céu aberto na periferia do Distrito Federal: 46% do esgoto não é tratado no Brasil (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Ranking dos 100 municípios mais populosos revela os números dramáticos da falta de saneamento básico no país

Por Oscar Valporto | ODS 6 • Publicada em 10 de março de 2020 - 17:15 • Atualizada em 11 de fevereiro de 2021 - 21:35

Esgoto a céu aberto na periferia do Distrito Federal: 46% do esgoto não é tratado no Brasil (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O novo Ranking do Saneamento Básico – elaborado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados e baseado nos 100 maiores municípios do país –  aponta uma estagnação nos indicadores de acesso à água e ao esgotamento sanitário no país. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – base 2018), indicam que 16,38% da população não têm acesso ao abastecimento de água (quase 35 milhões de pessoas, três vezes a população de Portugal); e 46,85% dos brasileiros não dispõem da cobertura da coleta de esgoto (mais de 100 milhões de pessoas – mais de duas vezes a população da Argentina). O dado mais alarmante, no entanto, continua sendo o da falta de tratamento:  apenas 46% do volume de esgoto gerado no país é tratado. Ao avaliar os 100 maiores municípios brasileiros por número de habitantes, o ranking contempla mais de 40% da população e todas as capitais do país.

Confiram alguns números da emergência sanitária nacional:

5.715 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento por dia são despejadas na natureza;  por ano, são mais de dois milhões de piscinas olímpicas de esgoto  despejado indevidamente

73,30% foi o indicador médio de coleta de esgotos nos 100 maiores municípios: avanço ridículo, comparado aos 72,77% registrados em 2017

53,2% foi indicador médio de coleta de esgoto considerando todos os 5.125 municípios brasileiros

2,05% apenas da população de Ananindeua, no Pará, tem coleta de esgoto: o pior índice entre os 100 maiores municípios do Brasil

Bairro sem saneamento em Ananindeua: cidade paraense com 500 mil habitantes tem apenas 2,05% da população com coleta de esgoto. pior índice entre os 100 maiores municípios do Brasil (Foto: Marco Santos/Agência Pará)
Bairro sem saneamento em Ananindeua: cidade paraense com 500 mil habitantes tem apenas 2,05% da população com coleta de esgoto. pior índice entre os 100 maiores municípios do Brasil (Foto: Marco Santos/Agência Pará)

7 dos 10 municípios com menor porcentagem de população com coleta de esgoto estão na Região Norte, inclusive as capitais Porto Velho (4,76%), Macapá (11,13%), Manaus (12,43%), Belém (13,56%) e Rio Branco (20,49%)

56,07% foi o indicador médio do tratamento de esgotos nos 100 maiores municípios em 2018 – igualmente ridículo foi o avanço na comparação com 2017 quando o indicador registrado foi de 55,61%.  Segundo o SNIS, a média nacional foi de 46,3%.

37 das 100 cidades mais populosas do Brasil tratam menos de 40% dos esgotos; apenas 26 municípios tratam 80% ou mais.

0% é o índice de esgoto tratado referido à água consumida nos municípios de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e Governador Valadares, no norte de Minas Gerais:  esse indicador mostra, em relação à água consumida, qual porcentagem do esgoto é tratada; quanto maior for essa porcentagem, melhor deve ser a colocação do município no ranking

32,63% da população de Ananindeua, no Pará, tem abastecimento de água tratada – também o pior índice entre as 100 maiores cidades brasileiras

89 dos 100 municípios têm mais de 80% das pessoas com água tratada

34,40% foi o indicador médio de perdas de água nas 100 maiores cidades; significativo avanço em relação aos 39,50% de 2017

77,11% é o índice de perdas de água em Porto Velho, o maior do ranking

75 das 100 cidades têm perdas superiores a 30%

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

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