‘Beijar na boca era visto como prostituição’, diz bissexual sobre igreja

Estudante Larissa Rios viu-se excluída das atividades que participava na igreja e foi ameaçada quando o pai descobriu que ela tinha uma namorada

Por Alceu Júnior | ODS 16 • Publicada em 26 de agosto de 2019 - 08:09 • Atualizada em 29 de outubro de 2021 - 19:02

Depoimento de Larissa é o segundo da série LGBTs: Fora do Culto (Foto: Yuri Fernandes)

Depoimento de Larissa é o segundo da série LGBTs: Fora do Culto (Foto: Yuri Fernandes)

Estudante Larissa Rios viu-se excluída das atividades que participava na igreja e foi ameaçada quando o pai descobriu que ela tinha uma namorada

Por Alceu Júnior | ODS 16 • Publicada em 26 de agosto de 2019 - 08:09 • Atualizada em 29 de outubro de 2021 - 19:02

“Sou uma resistência política, saindo da Baixada para o mundo”. É assim que se define a estudante de Jornalismo Larissa Rios, que enfrentou os paradigmas de sua criação evangélica ao se assumir bissexual. Quando criança, ela gostava de ir à igreja para participar dos grupos de dança. Seus dilemas começaram com a descoberta de sua bissexualidade, feminismo e militância negra. Viu-se excluída das atividades que participava na igreja, onde era nítida a repressão à sexualidade em geral. “O sexo é um mito. Beijar na boca antes do namoro era visto como prostituição”, afirma Larissa no segundo episódio da série “LGBTs: fora do culto”.

Leu essas? Todas as reportagens da série “LGBTs: fora do culto

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Demora muito tempo para você se aceitar, para você entender que o que você é não é errado

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A pena era maior quando o assunto era a homossexualidade. Ela lembra que um amigo gay era constantemente corrigido no “famoso gabinete”, uma sala onde os pastores e líderes impunham as interpretações bíblicas: “É errado, é errado e é errado.” Sobre a cura gay, a estudante não hesita: “Chacota”.

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Larissa conta que, por causa da religião, tentava abstrair os primeiros desejos por outras mulheres. Interpretava como Satanás plantando coisas em sua mente e preferia acreditar que era uma nuance de suas amizades: “Demora muito tempo para você se aceitar, para você entender que o que você é não é errado.”

'Beijar na boca era visto como prostituição', diz bissexual sobre igreja
A estudante de Jornalismo Larissa Rios enfrentou os paradigmas de sua criação evangélica ao se assumir bissexual (Foto: Yuri Fernandes)

A jovem foi ameaçada quando o pai descobriu que ela tinha uma namorada: “Eu vou te bater se você fizer a sua mãe chorar de novo”, diz ela relembrando a frase usada por ele. A mãe quase a expulsou de casa e chegou a pagar uma pessoa para hackear suas redes sociais. Julia, sua ex-namorada, era vista como um demônio usado para enganá-la.

Hoje, a militante acredita em uma força superior, mas foge do cristianismo e está conhecendo melhor as religiões de matriz africana. “Estou estudando e conhecendo sobre os Orixás, minha ancestralidade”, conta. 

Alceu Júnior

Estudante de Jornalismo da Escola de Comunicação da UFRJ, nascido na Zona Leste de São Paulo. Tem interesse por cinema documental e infinita admiração pelas mídias independentes.

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Um comentário em “‘Beijar na boca era visto como prostituição’, diz bissexual sobre igreja

  1. Observador disse:

    Tem um viés sobre o beijo que é atrelado ao sentimento, por muitas pessoas, mais em grupos de iniciantes ou “ainda sem descerem do armário”, no “universo gay”! Mas o Bissexual, tenho percebido que seja uma forma carinhosa também ou de maior realização! Mas esse jeito “beijoqueiro” leva como se tivesse muitos parceiros! Década de 90, noutros tempos, meu Coordenador quando a esposa ia embora, começava mais cedo, eles trocavam selinhos! Quando ele ia ao setor que eu trabalhava, a despedida era inicialmente selinho, pouco tempo depois, nos beijavamos, para depois dizer que tinhamos que conversar sobre nossa sexualidade! Até que viemos a transar (era questão de tempo)! Deu de perceber uma certa abstinencia sexual dele, mesmo sendo casado! Nada como ser sexualmente realizado!

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