Já passava das 9h da manhã e Andrea esperava na porta da casa de Maria o café ficar pronto. De dentro, ouvia-se a voz de Milton Nascimento, misturada aos sons do lado de fora: um recém-nascido chorando estridentemente, resmungos de quem dormiu tarde na noite anterior, crianças brincando de pique-esconde pela Rua Tia Menininha. “É… A ocupação está acordando”, constatou Andrea Cristina, 43 anos, uma das três coordenadoras da Ocupação Povo Sem Medo, na Pavuna, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Aos poucos, mulheres começavam a sair de suas casas, para estender fios e pendurar roupas. Algumas empunhavam rodos para remover as poças d’água, consequência do vento e da chuva na noite anterior. Com o mau tempo, vêm os tormentos do endereço: goteiras nas casas, alagamento de cômodos e, pior, o medo do desabamento do prédio que fica no local. “Passei a noite inteira rezando ‘Ôh, senhor, para de ventar pelo amor de Deus’. Se não, acontece um acidente e aí, no mínimo, a gente perde o que lutou por tanto tempo para conseguir. Também rezei, porque tem muita gente sem telha, aí se vira com a lona por cima das madeiras”, explicou Andrea. Logo, Maria, que trazia o café, também se juntou à conversa: “Minha casa parecia estar debaixo de uma cachoeira. Está tudo inundado lá dentro.”
A construção é o que restou da antiga Bergitex Indústria Têxtil Ltda, composto por um prédio extenso de três andares e um galpão sem teto. Quando chegaram, os moradores, em conjunto com uma rede de apoio de engenheiros e arquitetos, avaliaram ser melhor construir as casas somente no térreo, devido ao deterioramento da construção. Assim, metade das moradias fica na área aberta do antigo galpão; a outra sob o primeiro andar.
Andrea caminha pela ocupação: monitoramento de invasões, cuidado na convivência dos vizinhos e olho no feijão que vai queimar. Foto de Maria Carolina Rodrigues
As madeiras das casas iam secando aos poucos, sob o sol tímido que aparecia no céu ainda acinzentado. Todos os 86 lares são uma combinação de diferentes tipos de madeira, com exceção de dois, erguidos com alvenaria. Hoje, parte das moradias está vazia. Em novembro, Andrea encontrou uma rachadura no segundo andar e acionou os parceiros engenheiros e arquitetos. Segundo a avaliação deles, há risco de o prédio desabar. A coordenação da ocupação transferiu algumas famílias das principais áreas de risco para a área aberta, enquanto outras foram embora. Foi solicitado às grávidas e famílias com recém-nascidos que ficassem em casa de parentes. Segundo Leila Oliveira, 44 anos, também coordenadora, restaram somente oito habitações ocupadas no térreo.
A rua também melhorou bastante. Antes era deserta, lugar de desova, de assalto. Agora está bem movimentada. Acho que quando a gente sair daqui, a prefeitura não vai fazer nada, vai voltar o abandono
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Tomado o café, Andrea começou a andar pelas ruas da ocupação. Ela conta que mesmo com a apreensão e o desestímulo, esse trabalho é diário: caminha pensando nas melhorias básicas que podem ser feitas na estrutura do espaço, além de observar possíveis problemas. “Meu critério é assim: eu, como mãe, olho e penso se aquilo não seria um risco para as crianças. E já aciono os meninos da engenharia. A gente vai aprendendo no dia a dia a olhar as coisas, a ter uma visão minuciosa do nosso redor: cada pedaço, cada canto para poder ter segurança maior”. Foi em uma dessas andanças que encontrou a rachadura.
Apesar da aflição, parte dos moradores alimentava esperança de se mudar para lugar seguro, a partir do diálogo com a prefeitura, no fim do ano passado. Em junho de 2018, foi instituído um grupo de trabalho comandado por Paulo Messina, então secretário da Casa Civil, para debater a regularização da ocupação e da favela da Gringolândia. As reuniões começaram em setembro, com representantes da prefeitura, de diferentes secretarias e da sociedade civil. Na época, o processo de reintegração de posse tramitava na 1ª Vara Cível Regional da Pavuna. Porém, o relatório final, feito em dezembro, apresenta projeto de moradia que será submetido ao governo federal, para aprovação no programa Minha Casa, Minha Vida, considerando também a possibilidade de financiamento junto ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR). A última opção é fazer a obra com recursos municipais.
A Ocupação Povo sem Medo: lotes de, em média, 35 metros quadrados, a R$ 20 por mês de cada família. Foto de Maria Carolina Rodrigues
Em novembro, a Defesa Civil interditou as casas após constatar diversos riscos para os moradores. O relatório expõe o processo de corrosão interna de alguns pilares do prédio, ferragens expostas e barras deformadas. Também diz que o consumo de energia elétrica é irregular, sem medidor nem dispositivos de segurança, e que as instalações elétricas internas apresentam fiações expostas, gerando riscos de curto circuito e incêndio. Risco que também se dá no uso de botijões de gás em pequenos ambientes de madeira, sem ventilação. O relatório prevê a inclusão das famílias no aluguel social temporário, ressaltando a urgência das ações, devido às ameaças à integridade física dos moradores.
Divisão em lotes
Os moradores estão concentrando seus esforços em direção à Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, responsável pelo aluguel, pois o prédio apresenta rápida deterioração devido às fortes chuvas do início do ano. “Estamos esperando e pressionando; acho que querem primeiro que aconteça uma tragédia mais grave para poderem dar o auxílio”, lamentou Andrea.
Como o custo para demolir a antiga fábrica seria alto, a prefeitura optou por construir as moradias em um terreno no bairro de Jardim América, próximo à Pavuna. De acordo com o relatório, a partir do momento em que o projeto for aprovado, a previsão é de que as construções fiquem prontas entre 18 a 24 meses. Além disso, dividirão o espaço com 50 famílias da favela da Gringolândia. “Já tem a planta, já tem tudo. Falta mesmo só sair do papel. A gente fica apreensivo, mas tem que ir levando do jeito que dá. Não temos pra onde ir”, suspirou Andrea, arrumando os cabelos negros em um nó que insistia em se desfazer sobre seus olhos verdes.
Em certos instantes, Andrea parava e olhava para os outros andares. Com um cigarro sempre na ponta dos dedos, gesticulava como se desenhasse os pensamentos. “Ih tinha várias ideias lá para cima: pracinha, campo de futebol, quadra de basquete, sabe? Só que por enquanto…. é isso. Se desse para revitalizar isso aqui ôh! Daria para fazer casa lá em cima, área de lazer, parquinho para as crianças. Reaproveitar os espaços. A intenção da gente não era sair daqui, né…”
No início de 2017, Andrea morava de favor com os dois filhos na vizinha favela da Ficap. Desempregada e desconfortável com a situação, em julho soube que a associação de moradores organizava uma ocupação no galpão abandonado da antiga fábrica de tecidos. Passou a participar de todas as reuniões. A associação fez um levantamento de famílias em condições mais precárias, morando na rua, prestes a serem despejadas por não pagarem o aluguel, ou vivendo de favor (como Andrea). Três meses depois, eles se mudaram com o apoio da organização política Brigadas Populares e da frente Povo Sem Medo.
Moradores contam que o lugar estava abandonado havia 30 anos; além disso, de acordo com o relatório do Grupo de Trabalho, os débitos de IPTU do imóvel ultrapassavam os R$ 5,5 milhões.
O espaço foi dividido em lotes de, em média, 35 metros quadrados, a R$ 20 por mês de cada família. Essa é a única fonte de sustentação financeira para a ocupação, dinheiro utilizado para pequenas obras e eventuais gastos jurídicos. Outra norma fundamental foi determinada assim que chegaram: poderiam viver ali no máximo 88 famílias. Tal ideia foi seguida à risca, para o local ser mantido em condições habitáveis. Desse modo, para tornar-se morador da ocupação, havia um processo de seleção que incluía, além da entrevista, a verificação de que aquele grupo realmente não tinha outro lugar para morar.
Hoje o cenário é outro. Se oito meses atrás havia lista de espera por um lote, hoje sobrou pouco mais da metade do limite estabelecido para ocupação. Devido aos riscos, as coordenadoras não estão aceitando mais novos moradores, mesmo com espaços desabitados.
Apesar da diminuição, a organização ainda se mantém. Todos devem seguir as regras formuladas em outubro de 2017, quando o lugar era tomado por mato, árvores, mosquito, poeira e lixo (os moradores limparam tudo com a iluminação de lanternas e de uma fogueira). As árvores grossas foram cortadas e as casas construídas aos poucos. No início, fizeram uma cozinha e um banheiro comunitário, com apoio da vereadora Marielle Franco, ainda em 2017. Mas os moradores conseguiram construir seus próprios banheiros e cozinhas. Hoje, os ambientes comunitários são pouco utilizados.
As leis da ocupação
Desde então, assembleias aos domingos debatem o que pode ser melhorado. Decisões tomadas são postas em prática através da orientação das coordenadoras. Ao lado de Andrea e de Leila na defesa da ordem, está Raimunda Silva, 38 anos. Pelo contato direto e constante com as Brigadas Populares, a rede de apoio mais presente, e pela afinidade com as pautas, as três acabaram ingressando na organização.
Dentro da ocupação, tudo tem lei. Normas que foram estabelecidas coletivamente com a coordenação, os moradores, as Brigadas Populares e a Faferj (Federação de Favelas do Rio de Janeiro). Se algum morador as descumpre, medidas enérgicas são tomadas – entre elas, a expulsão. Algumas regras: animais não devem ficar soltos; usar drogas é proibido; as crianças devem estar sempre sob supervisão de algum adulto; deve-se manter a entrada da casa limpa e iluminada; violência física é estritamente proibida. Caso haja agressão à mulher, o homem é expulso imediatamente. A coordenação é o grupo responsável pelo cumprimento das regras. Andrea comparou com um condomínio fechado, tudo pensado na proteção e no bem estar das crianças. Pouco escapa a seus olhos, ouvidos e nariz. E os moradores raramente saem da linha.
Tinha várias ideias lá para cima: pracinha, campo de futebol, quadra de basquete, sabe? Só que por enquanto…. é isso
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Apesar das poucas horas de sono da noite anterior, Leila aparentava estar bem disposta. Tinha acabado de chegar do posto de saúde, estava esbaforida, secando o suor do rosto e abanando a roupa. “Vi lá esses cartazes de vacinação contra raiva. Copiei as informações e fiz um para alertar os moradores”, explicou ela, sobre o aviso que seria afixado, um cartaz rosa, com letras delicadas e o desenho de um cachorro. “Vou ter que comprar mais desses papéis. A minha filha não pode ver um que já quer pintar. Minha casa está toda cheia de pintura colada nas paredes. Escreve aí, Andrea, essa menina vai dar de ser artista”, brincou a outra dama da ocupação.
Elas foram para a entrada colar o cartaz. Pela porta da primeira casa, saiu uma moradora carregando cadeira, potes de creme, tinta, pentes, escova, secador e uma caixinha de manicure. Logo atrás, um menino trazia um espelho. Era a cabeleireira da ocupação. Uma cliente já a aguardava para tingir os cabelos de vermelho e botar unhas postiças. O menino andava ao redor dela, absorto nos seus pensamentos, olhava com olhos curiosos para a tinta vermelha e passava as mãos pelo próprio cabelo. “Não deixem as crianças se aproximarem dos produtos. É perigoso”, alertou Andrea quando viu meninos e meninas correndo pela Rua da Alegria.
A cliente elogiava a qualidade do trabalho e convidava as coordenadoras para também pintarem o cabelo, quando um rapaz entrou na ocupação de bicicleta, se desequilibrou, derrubou o espelho e continuou andando. “Volta aqui, menino! Vem pedir desculpas!”, gritou Andrea. Com os olhos esbugalhados atrás do óculos, Leila começou a correr atrás dele: “Ei! Ele não é ex-morador?” Andrea correu logo atrás. Ele não podia estar ali. Fora expulso recentemente e ainda não tinha permissão para voltar. Elas alcançaram o jovem e o acompanharam até a entrada. Leila, apesar de baixa, impunha respeito com a voz firme e o discurso duro.
Logo ouviram Simone Cabral, 42 anos, a Próspera, que vinha se espreguiçando pelo caminho, erguendo uma mão cheia de documentos e chamando Andrea com sua voz rouca:“Finalmente te achei! Será que você pode me ajudar a fazer um currículo?” O apelido surgiu da sua esperança. Ela era usuária de crack e diz que parou de usar drogas graças ao apoio dos moradores. “Ela ainda dava aqueles surtos de sumir 2, 3 dias. Mas depois que abriu o trailer para vender comida, melhorou muito”, contou Andrea. “A gente fica ali com ela, compra lanche, tudo com o maior prazer.”
Próspera alcançou o lote de Leila, adentrou o seu quintal, contornou Bob – pitbull que estava preso, como mandam as regras – até alcançar a casa, a única da ocupação que tem wifi. É para onde os moradores vão quando precisam de internet.
Mais tarde, perto do horário do almoço, o cheiro de cebola e alho refogado tomou conta do espaço. Andrea olhou pensativa ao redor e correu pela rua ao lado, gritando: “Feijão queimando! Olha o feijão queimando!” Em meio ao vai e vem, confessou que teme o aumento da pobreza no país. “Pelo menos a gente ainda tem feijão. Acho que está voltando tudo, ainda deve voltar pior. Volta pior, porque o Brasil está falido. As pessoas mal conseguem comprar as coisas. Se muita gente já morreu de pobreza na ditadura, imagine agora.”
Antes de entrar em casa para comer, ela parou diante do muro, observando o trabalho de revitalização no terreno vizinho. “Olha bem, ali cabe muito barraco”, previu, apontando para um buraco que mostrava o pátio de reserva dos produtos. “Não era assim, não. A rua também melhorou bastante. Antes era deserta, lugar de desova, de assalto. Agora está bem movimentada. Acho que quando a gente sair daqui, a prefeitura não vai fazer nada, vai voltar o abandono”.
Formada em Jornalismo pela PUC-Rio, cursa Letras/Produção Textual (Formação de Escritor) e estuda violoncelo. Estagiou em assessoria de imprensa e social media e pesquisa sobre música brasileira. E-mail: mccamposrodrigues@gmail.com
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