Água no centro das discussões

Vítimas da crise climática em Bangladesh: novo relatório do IPCC aponta para futuro distópico com clima provocando aumento extremo da desigualdade (Foto: ONU)

Pacto sobre água e oceanos é apresentado na COP-21

Por Liana Melo | ODS 13ODS 6 • Publicada em 3 de dezembro de 2015 - 09:41 • Atualizada em 3 de dezembro de 2015 - 10:11

Vítimas da crise climática em Bangladesh: novo relatório do IPCC aponta para futuro distópico com clima provocando aumento extremo da desigualdade (Foto: ONU)

A COP-21 já começa a render frutos. O terceiro dia de negociações da cúpula de Paris foi marcado pelo sentimento de otimismo com o lançamento de medidas para conter efetivamente a mudança climática. Pela manhã, os ministros do Meio Ambiente da França e do Peru, Ségolène Royale e Manuel Pulgar Vidal respectivamente lançaram o ‘Pacto Internacional de Paris sobre Água e Adaptação às Mudanças Climáticas’.

Ministro do Meio Ambiente do Peru, Manuel Pulga, lançando Pacto de Paris pela Água e os Oceanos
Ministro peruano, Manuel Pulga na COP-21

Observadores próximos as negociações apostam que a proposta será amplamente aprovada e que será assinada pelos chefes de estado e de governo. O comentário é do membro do Comitê Executivo do Word Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e presidente da Fibra, José Luciano Penido, que está em Paris participando das negociações em nome do setor privado mundial.

O lançamento do pacto é uma forma de, segundo Ségolène, trazer a agenda humana diretamente para a discussão do clima. Ela chamou a atenção para o fato de 80% do o corpo humano ser feito de água, além de sublinhar a importância deste recurso natural para a sobrevivência. Por fim, comentou sobre o fato de água estar no centro das discussões sobre mudanças climáticas.

Conflitos causados ou agravados pela escassez hídrica ou pela elevação do nível dos oceanos, como já vêm ocorrendo na Índia e em países da África, pode levar a 1 bilhão de pessoas no mundo terem dificuldades no acesso à água potável. Problemas como deslocamentos populacionais – os chamados exilados ambientais, já são temas centrais nas discussões climáticas.

O objetivo do pacto, que conta com o engajamento de cerca de 290 instituições, é tornar os sistemas de água mais resistentes aos impactos climáticos. Defendeu-se também a criação de parcerias e coligações para tornar bacias hidrográficas, lagos, aquíferos e deltas mais resilientes às alterações climáticas e reduzir a interferência humana nos oceanos.

As mudanças climáticas, juntamente com o uso insustentável da água, causam impactos generalizados sobre sociedades e economias, criando secas, inundações e aquecimento. Sem uma melhor gestão dos recursos hídricos, o progresso rumo às metas de redução da pobreza, a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões econômicas, social e ambiental estará em risco.

O pacto sobre Água engloba compromissos das instituições envolvidas para implementar planos de adaptação, fortalecendo o monitoramento da água e sistemas de medição em bacias hidrográficas, promovendo a sustentabilidade financeira e novos investimentos em gestão de sistemas de água.

Liana Melo

Formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Especializada em Economia e Meio Ambiente, trabalhou nos jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “O Dia” e na revista “IstoÉ”. Ganhou o 5º Prêmio Imprensa Embratel com a série de reportagens “Máfia dos fiscais”, publicada pela “IstoÉ”. Tem MBA em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela Faculdade de Economia da UFRJ. Foi editora do “Blog Verde”, sobre notícias ambientais no jornal “O Globo”, e da revista “Amanhã”, no mesmo jornal – uma publicação semanal sobre sustentabilidade. Atualmente é repórter e editora do Projeto #Colabora.

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