Emoção na entrega do Prêmio Vladimir Herzog

Representantes das equipes do #Colabora, da Ponte e da Amazônia Real após receber o prêmio Foto: Alice Vergueiro

Série de reportagens Sem Direitos – do Projeto #Colabora, com a Amazônia Real e a Ponte Jornalismo - venceu na categoria Multimídia

Por Carolina Moura | ODS 10ODS 16 • Publicada em 25 de outubro de 2019 - 19:02 • Atualizada em 25 de outubro de 2019 - 19:07

Representantes das equipes do #Colabora, da Ponte e da Amazônia Real após receber o prêmio Foto: Alice Vergueiro
Representantes das equipes do #Colabora, da Ponte e da Amazônia Real após receber o prêmio Foto: Alice Vergueiro
Representantes das equipes do #Colabora, da Ponte e da Amazônia Real após receber o prêmio Foto: Alice Vergueiro

“Vocês não pisaram na dor de ninguém e, acima de tudo, tiveram humildade e fizeram um ótimo trabalho de equipe”. Este foi um dos muitos momentos emocionantes da cerimônia de entrega do 41° Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na última quinta-feira, dia 23, no teatro Tucarena, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A frase é parte da carta que Bruna Silva, uma jovem mãe que perdeu seu filho durante uma operação policial no Complexo da Maré, no ano passado, enviou para os jornalistas do Projeto #Colabora, da Ponte Jornalismo e da Amazônia Real. Bruna foi uma das personagens da série de reportagens “Sem Direitos – O rosto da exclusão social no Brasil”, de autoria da jornalista Adriana Barsotti, do Projeto #Colabora, vencedora na categoria Produção Jornalística em Multimídia.

Queria dedicar o prêmio aos personagens da nossa reportagem. Os sem direitos que vivem à margem da constituição do Brasil, que representam 65% da população. Meu muito obrigada à dona Júlia, seu Isaque, Bruna Silva, Roberta, ao seu Pedro, à família da Jéssica, pessoas que abriram a porta das suas casas para nos receber. Não é só importante representar esses grupos marginalizados, mas também trazê-los para as nossas redações.

A série, que contava o drama dos brasileiros que vivem sem a garantia de direitos básicos, contou com a participação ainda de Carolina Moura, Catarina Barbosa, Edu Carvalho e Fausto Salvadori, com imagens e vídeos de Daniel Arroyo, Pedrosa Neto e Yuri Fernandes e infográficos de Fernando Alvarus. A reportagem premiada foi resultado de um trabalho colaborativo, feito em parceria pelos três veículos: Projeto #Colabora, Amazônia Real e Ponte Jornalismo, iniciativas de jornalismo independente e nativo digital.

Ao fazer o agradecimento pelo Prêmio, Adriana, em mais um momento de emoção, homenageou os brasileiros que vivem sem direitos: “Queria dedicar o prêmio aos personagens da nossa reportagem. Os sem direitos que vivem à margem da constituição do Brasil, que representam 65% da população. Meu muito obrigada à dona Júlia, seu Isaque, Bruna Silva, Roberta, ao seu Pedro, à família da Jéssica, pessoas que abriram a porta das suas casas para nos receber”. E completou: “Não é só importante representar esses grupos marginalizados, mas também trazê-los para as nossas redações”.

As reportagens, publicadas durante cinco dias, mostraram que estes e milhares de outros brasileiros não têm pelo menos um dos seguintes direitos garantidos pela Constituição: educação, proteção social, moradia adequada, saneamento básico e comunicação (internet). Ao longo do trabalho de apuração, foi incluído um sexto direito que também não é respeitado: o direito à vida. Exatamente o que não foi garantido ao filho de Bruna Silva. Os dados foram extraídos da Pesquisa Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE 2017 e 2018.

Emoção também não faltou na hora das homenagens especiais feitas aos jornalistas Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, e Glenn Greenwald, do Intercept Brasil: “Para mim, estar aqui, dentro desta sala, dentro desta energia, dentro deste espírito é o que está me fortalecendo e inspirando muito”, disse Glenn em seu discurso.

O Diário do Nordeste foi o vencedor na categoria produção jornalística em texto, com a reportagem “Matança da PM em Milagres e a invenção da resistência”. A TV Globo, ficou com o melhor trabalho na produção de vídeo, com a matéria “70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, conquistas e fracassos”. O freelancer Fábio Teixeira, morador da Maré, ganhou o prêmio de fotografia com a matéria “Exército detém dez militares ligados a assassinato de músico no Rio” e na categoria produção jornalística em áudio, quem levou o prêmio foi a Rádio CBN, com o trabalho “LGBTfobia: medo de que?”.

O Prêmio Vladimir Herzog é um dos mais importantes do Brasil na área de Direitos Humanos e homenageia o jornalista assassinado por agentes ditadura em 1975. A série “Sem Direitos” também está entre os finalistas da categoria Reportagens Jornalísticas do VIII Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos.

Carolina Moura

Jornalista com interesse em Direitos Humanos, Segurança Pública e Cultura. Já passou pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Jornal O DIA e TV Bandeirantes. Como freelancer já colaborou com reportagens para Folha de São Paulo, Al Jazeera, Ponte Jornalismo, Agência Pública e The Intercept Brasil.

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