“Vocês não pisaram na dor de ninguém e, acima de tudo, tiveram humildade e fizeram um ótimo trabalho de equipe”. Este foi um dos muitos momentos emocionantes da cerimônia de entrega do 41° Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na última quinta-feira, dia 23, no teatro Tucarena, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A frase é parte da carta que Bruna Silva, uma jovem mãe que perdeu seu filho durante uma operação policial no Complexo da Maré, no ano passado, enviou para os jornalistas do Projeto #Colabora, da Ponte Jornalismo e da Amazônia Real. Bruna foi uma das personagens da série de reportagens “Sem Direitos – O rosto da exclusão social no Brasil”, de autoria da jornalista Adriana Barsotti, do Projeto #Colabora, vencedora na categoria Produção Jornalística em Multimídia.
[g1_quote author_name=”Adriana Barsotti” author_description=”Jornalista do Projeto #Colabora” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Queria dedicar o prêmio aos personagens da nossa reportagem. Os sem direitos que vivem à margem da constituição do Brasil, que representam 65% da população. Meu muito obrigada à dona Júlia, seu Isaque, Bruna Silva, Roberta, ao seu Pedro, à família da Jéssica, pessoas que abriram a porta das suas casas para nos receber. Não é só importante representar esses grupos marginalizados, mas também trazê-los para as nossas redações.
[/g1_quote]A série, que contava o drama dos brasileiros que vivem sem a garantia de direitos básicos, contou com a participação ainda de Carolina Moura, Catarina Barbosa, Edu Carvalho e Fausto Salvadori, com imagens e vídeos de Daniel Arroyo, Pedrosa Neto e Yuri Fernandes e infográficos de Fernando Alvarus. A reportagem premiada foi resultado de um trabalho colaborativo, feito em parceria pelos três veículos: Projeto #Colabora, Amazônia Real e Ponte Jornalismo, iniciativas de jornalismo independente e nativo digital.
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Veja o que já enviamosAo fazer o agradecimento pelo Prêmio, Adriana, em mais um momento de emoção, homenageou os brasileiros que vivem sem direitos: “Queria dedicar o prêmio aos personagens da nossa reportagem. Os sem direitos que vivem à margem da constituição do Brasil, que representam 65% da população. Meu muito obrigada à dona Júlia, seu Isaque, Bruna Silva, Roberta, ao seu Pedro, à família da Jéssica, pessoas que abriram a porta das suas casas para nos receber”. E completou: “Não é só importante representar esses grupos marginalizados, mas também trazê-los para as nossas redações”.
As reportagens, publicadas durante cinco dias, mostraram que estes e milhares de outros brasileiros não têm pelo menos um dos seguintes direitos garantidos pela Constituição: educação, proteção social, moradia adequada, saneamento básico e comunicação (internet). Ao longo do trabalho de apuração, foi incluído um sexto direito que também não é respeitado: o direito à vida. Exatamente o que não foi garantido ao filho de Bruna Silva. Os dados foram extraídos da Pesquisa Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE 2017 e 2018.
Emoção também não faltou na hora das homenagens especiais feitas aos jornalistas Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, e Glenn Greenwald, do Intercept Brasil: “Para mim, estar aqui, dentro desta sala, dentro desta energia, dentro deste espírito é o que está me fortalecendo e inspirando muito”, disse Glenn em seu discurso.
O Diário do Nordeste foi o vencedor na categoria produção jornalística em texto, com a reportagem “Matança da PM em Milagres e a invenção da resistência”. A TV Globo, ficou com o melhor trabalho na produção de vídeo, com a matéria “70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, conquistas e fracassos”. O freelancer Fábio Teixeira, morador da Maré, ganhou o prêmio de fotografia com a matéria “Exército detém dez militares ligados a assassinato de músico no Rio” e na categoria produção jornalística em áudio, quem levou o prêmio foi a Rádio CBN, com o trabalho “LGBTfobia: medo de que?”.
O Prêmio Vladimir Herzog é um dos mais importantes do Brasil na área de Direitos Humanos e homenageia o jornalista assassinado por agentes ditadura em 1975. A série “Sem Direitos” também está entre os finalistas da categoria Reportagens Jornalísticas do VIII Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos.