ODS 1
Mata Atlântica: 20 anos de um sonho ambiental
Fundada por um grupo de amigos, Associação Copaíba - integrante do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica - produz 400 mil mudas de espécies nativas por ano
Muita coisa mudou desde a mobilização inicial de um grupo de amigos que desejava contribuir para reduzir a degradação ambiental do Rio do Peixe, em Socorro, São Paulo. O sonho resultou no plantio inicial de 80 mudas nas margens desse rio local e na criação da Associação Copaíba, em 1999. Nesses 20 anos de história, o viveiro da organização se ampliou e alcançou uma capacidade de produção anual de 400 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. Essa infraestrutura tem sido fundamental ao processo de restauração de 500 hectares em 19 municípios localizados entre o leste de São Paulo e o sul de Minas Gerais.
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Com muito diálogo e atenção, eles passam a compreender que estão recuperando a vida nas suas terras. Essas áreas restauradas garantem sombra, matéria orgânica e água, além de atraírem espécies da fauna e polinizadores que beneficiam a agricultura
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A engenheira agrônoma Mayra Tavares, coordenadora de Restauração Florestal da Copaíba, conta que o trabalho da organização envolve fornecimento de mudas, que podem ser vendidas ou doadas, dependendo de cada caso, além de apoio técnico aos proprietários interessados em restaurar áreas florestais degradadas.
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“Buscamos envolver os proprietários nesse movimento pela restauração para que se sintam empoderados nos cuidados com as suas florestas e apresentamos a eles uma diversidade de espécies. Com muito diálogo e atenção, eles passam a compreender que estão recuperando a vida nas suas terras. Essas áreas restauradas garantem sombra, matéria orgânica e água, além de atraírem espécies da fauna e polinizadores que beneficiam a agricultura”, destaca a coordenadora.
Entendendo mais amplamente a interconexão entre a proteção das áreas florestais para a garantia de água e observando os resultados positivos alcançados por vizinhos que aderiram à restauração, muitos proprietários passaram a procurar espontaneamente a Copaíba, sobretudo ao perceberam que as nascentes em suas terras tinham secado. Outros se sentiram sensibilizados devido à estiagem que atingiu a região entre 2014 e 2015. Diante do interesse em reverter esses processos, fortemente associados ao desmatamento, tem havido mais interesse por esse tipo de projeto e, assim, tem sido possível ampliar, gradativamente, a escala de atuação da associação, segundo Mayra.
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Realizamos ações de educação ambiental com crianças e jovens apresentando o desenvolvimento do nosso trabalho, desde a fase da semente que se transforma em muda, até a demonstração dos benefícios da restauração na prática
[/g1_quote]Parte dos avanços alcançados se deve à estruturação de uma sede própria em terreno de 6 hectares que foi doado por duas proprietárias que se sensibilizaram com a causa da Copaíba. Foi preciso restaurar a metade da área que se tornou uma espécie de laboratório vivo para a demonstração dos benefícios desse trabalho. Com a transformação da área doada em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) foi possível avançar na ampliação do viveiro e nas atividades educativas.“Realizamos ações de educação ambiental com crianças e jovens apresentando o desenvolvimento do nosso trabalho, desde a fase da semente que se transforma em muda, até a demonstração dos benefícios da restauração na prática. Dessa forma, temos nos tornado reconhecidos e vamos atingindo mais pessoas”, relata Mayra. Esse trabalho de sensibilização tem contribuído inclusive para mobilizar jovens voluntários que aderiram a essa causa porque em algum momento das suas vidas participaram das atividades pedagógicas da Copaíba.
Apesar dos avanços alcançados em duas décadas de trajetória, a engenheira agrônoma explica que, assim como outras organizações de pequeno porte, a Copaíba enfrenta o desafio de mobilizar ainda mais proprietários para a causa da restauração florestal. Segundo ela, esse movimento precisa ir além da necessidade de adequação impostas pelo Código Florestal nas propriedades privadas e ser capaz de alcançar outras áreas que estão degradadas e desprotegidas na região. Outra questão desafiadora envolve a captação de recursos financeiros, seja por meio da participação em editais ou por doações, para a manutenção dessas atividades que demandam acompanhamento contínuo de profissionais especializados em longo prazo.
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Elizabeth Oliveira
Jornalista apaixonada por temas socioambientais. Fez doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (PPED), vinculado ao Instituto de Economia da UFRJ, e mestrado em Ecologia Social pelo Programa EICOS, do Instituto de Psicologia da UFRJ. Foi repórter do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro e colabora com veículos especializados, além de atuar como consultora e pesquisadora.