Amazônia no centro da geopolítica global

Rede recém criada por empresários, ambientalistas, ONGs e acadêmicos vai a COP26 defender ponte de diálogo entre o Brasil e mundo, e ideias para o desenvolvimento regional da região

Por Liana Melo | ODS 13 • Publicada em 23 de setembro de 2021 - 10:32 • Atualizada em 30 de setembro de 2021 - 20:05

A preservação da Amazônia é um dos focos do ativismo empresarial: executivos têm se reunido com autoridades (Foto: Florence Goisnard/AFP)

A preservação da Amazônia é um dos focos do ativismo empresarial: executivos têm se reunido com autoridades (Foto: Florence Goisnard/AFP)

Rede recém criada por empresários, ambientalistas, ONGs e acadêmicos vai a COP26 defender ponte de diálogo entre o Brasil e mundo, e ideias para o desenvolvimento regional da região

Por Liana Melo | ODS 13 • Publicada em 23 de setembro de 2021 - 10:32 • Atualizada em 30 de setembro de 2021 - 20:05

Em movimentos ora sinérgicos, ora conflitantes, a Amazônia tem o poder de colocar e de retirar o Brasil do mundo. Como um fio capaz de realinhar o país à contemporaneidade, a recém-criada rede Uma Concertação pela Amazônia quer mostrar na Conferência do Clima, a COP26, que, independentemente da posição do atual governo, a sociedade brasileira está viva e preocupada com os destinos da Amazônia. A região continua encoberta pela fumaça e o desmatamento vem girando em torno de 10,5 km2, um patamar bem acima dos 6,7 km2 dos governos anteriores a Bolsonaro.

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Criada no final de 2020 e contando com cerca de 400 entidades e pessoas, entre acadêmicos, ambientalistas, empresários, pesquisadores, políticos e ONGs, a rede Uma Concertação pela Amazônia quer iniciar a construção de um diálogo entre o Brasil e o mundo para discutir um desenvolvimento regional para região.

Para a série “A caminho de Glasgow”, um dos idealizadores da rede Uma Concertação pela Amazônia, Roberto Waack, antecipou alguns dos pontos do documento — um conjunto de análises e alternativas para uma política de Estado direcionada à Amazônia Legal. Seu lançamento será no espaço das instituições da sociedade civil na COP26: o Brazil Climate Action Hub.

Uma concepção contemporânea de desenvolvimento em áreas caracterizadas pelo alto capital natural e pela busca da justiça social, como é a região amazônica, precisa encontrar lastro em seu principal ativo: a floresta

“Uma concepção contemporânea de desenvolvimento em áreas caracterizadas pelo alto capital natural e pela busca da justiça social, como é a região amazônica, precisa encontrar lastro em seu principal ativo: a floresta”, defende Waack, citando o documento, que reuniu indivíduos e organizações públicas e privadas para construir possíveis caminhos para o desenvolvimento na Amazônia. Caminhos esses que passam pela “compatibilidade entre a floresta em pé e o desenvolvimento econômico”, defendem os signatários do documento, que vem sendo construído há um ano e meio, desde a criação da rede.

Seus ativos socioambientais são centrais para garantir o equilíbrio climático, a conservação da biodiversidade e a vitalidade dos serviços ecossistêmicos (especialmente carbono e água e sua relação com a chuva e a produção de alimentos)

Como a Amazônia está no centro da geopolítica global, os olhos do mundo estarão voltados para a região na COP26. Afinal, “seus ativos socioambientais são centrais para garantir o equilíbrio climático, a conservação da biodiversidade e a vitalidade dos serviços ecossistêmicos (especialmente carbono e água e sua relação com a chuva e a produção de alimentos)”.

Algumas das saídas apresentadas no documento são: 1. onde a floresta está em pé, a sociobioeconomia seria a alternativa econômica para a conservação de áreas da Amazônia; 2. onde o desmatamento segue acelerado, a opção é contê-lo e apostar na restauração florestal e na silvicultura e 3. onde a produção de commodities é o foco, o nome do jogo é rastreabilidade, única forma de conter externalidades ambientais e sociais. 

“Os governos passam e queremos mostrar no nosso documento que a Amazônia representa uma oportunidade e não uma ameaça”, comentou Waack, deixando claro que a “Concertação não tem viés ideológico e nem pretende fazer ativismo antigoverno”, mas admite que o objetivo é “conter os danos” na COP26 – o país chegará a Glasgow sem credibilidade e um currículo para mostrar que vai de encontro a necessidade urgente de enfrentar à emergência climática.

Liana Melo

Formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Especializada em Economia e Meio Ambiente, trabalhou nos jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “O Dia” e na revista “IstoÉ”. Ganhou o 5º Prêmio Imprensa Embratel com a série de reportagens “Máfia dos fiscais”, publicada pela “IstoÉ”. Tem MBA em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela Faculdade de Economia da UFRJ. Foi editora do “Blog Verde”, sobre notícias ambientais no jornal “O Globo”, e da revista “Amanhã”, no mesmo jornal – uma publicação semanal sobre sustentabilidade. Atualmente é repórter e editora do Projeto #Colabora.

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