Pé no acelerador de negócios que podem mudar o país

Artemisia

Por Michele Miranda | Mapa das ONGs • Publicada em 20 de novembro de 2017 - 08:50 • Atualizada em 20 de novembro de 2017 - 12:38

A equipe da Artemisia: apoio a negócios de impacto social. Foto: Divulgação

Em 2004, uma americana de 23 anos enxergou no Brasil a possibilidade de integração entre negócios e impacto social positivo. E foi assim que Kelly Michel fundou a Artemisia, organização sem fins lucrativos que apoia empresas que promovem saúde, educação, moradia e qualidade de vida a pessoas de baixa renda. A ONG, com sede em São Paulo, está presente em 24 estados do país, impactando mais de 27 milhões de brasileiros. “Nos últimos 12 anos, a Artemisia  apoiou o realinhamento de institutos e fundações empresariais para que eles incluíssem em suas próprias estratégias o suporte direto e indireto a negócios de impacto social. Temos orgulho de saber que ajudamos a construir um ecossistema cada vez mais pulsante de atores engajados nesse tema”, comemora Maure Pessanha, diretora-executiva da organização.

Queremos potencializar uma nova geração de empreendedores que irão mudar o país. Sonhamos grande, mas somos muito pragmáticos no que fazemos para ter real resultado

O objetivo da ONG é reconhecer oportunidades de negócios – em diferentes setores – com potencial para gerar alto impacto na população de baixa renda. Nos últimos seis anos, pelo programa  Aceleradora, foram selecionadas 100: 51% deles já receberam investimentos, que somam mais de R$ 79 milhões. Entre os eleitos para fazer parte da rede de “acelerados” estão  startups com produtos em fase de testes no mercado ou já lançados e que buscam rápido crescimento. “Fazemos um cruzamento de oportunidades de mercado com os grandes desafios enfrentados pela população de baixa renda, para o fomento de uma nova geração de negócios, em diferentes setores, que, de fato, consigam transformar a vida de milhares de pessoas”, diz Maure. “Queremos potencializar uma nova geração de empreendedores que irão mudar o país. Sonhamos grande, mas somos muito pragmáticos no que fazemos para ter real resultado”.

Maure Pessanha:  “Sonhamos grande”. Foto: Divulgação

Entre os negócios de impacto social “acelerados” pela Artemisia estão:

. Livox:  solução tecnológica desenvolvida pelo empreendedor pernambucano Carlos Edmar Pereira para auxiliar a pessoa com deficiência a se comunicar e ser alfabetizada, via smartphones e tablets. A ideia nasceu da necessidade de Pereira de se comunicar com a filha, Clara, de nove anos, que tem paralisia cerebral.

. Playmove: a empresa de educação e tecnologia desenvolveu um produto para que autistas possam aprender brincando. É uma mesa digital (espécie de tablet), com vários joguinhos, para motivar as crianças (principalmente com autismo leve),  a interagir. Quando jogam juntas, elas aprendem a dividir, a esperar a sua vez, a ganhar e perder. Por meio dos jogos, além do aprendizado e da socialização, elas também desenvolvem a coordenação motora, a atenção e a percepção.

. Programa Vivenda: a startup promove melhorias nas residências da população de baixa renda, com reformas que têm impacto positivo na saúde e na qualidade de vida dos moradores. Casas mal  construídas aumentam substancialmente o risco de doenças respiratórias, por exemplo. Esse problema é agravado em áreas de elevada concentração populacional, como as favelas, onde as casas são construídas tão próximas umas das outras que, por falta de espaço, muitas vezes o morador não tem condições de abrir uma janela para a ventilação de um cômodo. No Brasil, são 40 milhões de pessoas vivendo em moradias inadequadas. A empresa atua com kits para reformas que podem ser pagos em até 30 parcelas, com entrega feita em até 10 dias.

Maure comemora o crescimento da rede de empreendedores interessados em atuar em negócios que gerem impacto social. Mas, apesar de tantas boas notícias para o setor, a organização enfrenta alguns desafios para conseguir atingir as suas metas e ampliar o leque de beneficiados. “Nosso trabalho só é possível graças ao apoio de pessoas e parceiros que compartilham conosco a visão de construir um país com iguais oportunidades para todos. Mas enfrentamos as mesmas dificuldades de outras organizações sem fins lucrativos em busca de apoiadores, como empresas, institutos e fundações, para ampliar nosso trabalho, de forma sustentável”, diz Maure.

Uma das formas de apoiar a instituição é participando do Curso Online em Negócios de Impacto Social. Todo o valor arrecadado é reinvestido na organização, para apoiar a nova geração de negócios de impacto social. A Artemisia também recebe doações diretas, por meio do site.  Empresas, institutos e fundações podem entrar em contato pelo e-mail: artemisia@artemisia.org.br. “Para construir os negócios do futuro deve-se assumir riscos, romper com padrões. Continuaremos trabalhando para garantir a construção de projetos que genuinamente melhorem a vida de centenas, milhares, milhões de pessoas”, conclui a diretora-executiva.

Michele Miranda

É jornalista formada pela PUC-Rio. Há três anos se divide entre Rio de Janeiro e São Paulo, dependendo de onde esteja a notícia. Já trabalhou em "O Globo", no "G1", na TV Globo. Buscando entender as transformações pelas quais a mídia está passando, trabalhou na Artplan como coordenadora de conteúdo, aliando jornalismo à publicidade.

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