Pesquisadores desenvolvem máscaras de proteção facial em impressoras 3D

Base de máscara desenvolvida na UFF: impressoras 3D serão reunidas na Escola de Engenharia da UFF para imprimir o maior número de máscaras possível (Foto: Divulgação/UFF)

UFF começa a preparar equipamentos para serem distribuídos a profissionais de saúde que tratam de pacientes com a covid-19

Por Comunicação UFF | ODS 3ODS 4 • Publicada em 27 de março de 2020 - 08:59 • Atualizada em 14 de maio de 2020 - 12:46

Base de máscara desenvolvida na UFF: impressoras 3D serão reunidas na Escola de Engenharia da UFF para imprimir o maior número de máscaras possível (Foto: Divulgação/UFF)

*Fernanda Nunes

Um grupo de pesquisadores da UFF está desenvolvendo máscaras de proteção de baixo custo do tipo faceshield em impressoras 3D. O objetivo é que sejam distribuídas aos profissionais de saúde na linha de frente contra a covid-19, o que deve começar a ser feito já na próxima semana.   O professor Marcio Cataldi, da Escola de Engenharia, enfatiza que o material utilizado para confecção das máscaras é de baixo custo, como acetato e silicone, além de possuir filamentos para impressora 3D. “Quando entrarmos em modo de produção, iremos reunir várias impressoras 3D no hall da Escola de Engenharia da UFF para conseguirmos imprimir o maior número de máscaras possíveis”, explica.

Máscaras em 3D semelhantes também estão sendo desenvolvidas em outras instituições de ensino superior como as universidades federais de Santa Catarina (UFSC), do Rio Grande do Sul (UFRGS), de São Paulo (Unifesp) e de Brasília (UnB).  O objetivo é, inicialmente, atender inicialmente os hospitais universitários e, se possível, outras unidades de saúde.

O grupo de pesquisa da UFF é formado ainda pelos professores da Escola de Engenharia da UFF Daniel Henrique Nogueira Dias, Ivanovich Lache e Ricardo Carrano, o professor da Faculdade de Medicina Jano Alves de Souza, e o mestrando do Programa de Engenharia e Biossistemas (PEGB-UFF), Lucas Getirana de Lima  A princípio, o grupo está criando o protótipo na casa dos pesquisadores – por conta do isolamento – e estudando algumas adaptações para que seja possível desenvolvê-lo na Escola de Engenharia. “Lucas pegou a proposta da máscara original e a aprimorou. Em seguida, o professor Daniel a imprimiu em sua própria impressora 3D. O mestrando então montou a impressora no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) para testar a faceshield. Lá fizeram algumas sugestões que iremos incluir no projeto”, conta o professor Márcio Cataldi.

A ideia surgiu com base no projeto público da máscara, desenvolvido pelo fundador da empresa de impressoras 3D Prusa. “Joseph Prusa disponibilizou gratuitamente para download uma versão simplificada do faceshield em um site da companhia dele. Hoje todos os grupos que estão produzindo esse tipo de proteção facial utilizam o projeto como base. Partindo dessa proposta, a equipe de pesquisadores começou a trabalhar em cima de modificações sugeridas por médicos do mundo todo”, informa Lucas Getirana.

A equipe já está recebendo pedidos dos mais diversos hospitais da região de Niterói e também do Brasil, a exemplo do Estado do Pará, e pretende começar sua distribuição nos próximos dias. “Estamos esperando a resposta dos testes dos profissionais de saúde para iniciar a fabricação em massa. A prioridade será atender o HUAP e os hospitais mais próximos. Dependendo do número de impressoras, poderemos atender outras unidades hospitalares”, destaca o professor Cataldi.

Futuramente, os cientistas pretendem também desenvolver um respirador de baixo custo utilizando impressoras 3D. “Vimos que na Itália, por exemplo, estão tendo muitos problemas pela falta de respiradores. Assim que passar esse momento de desenvolvimento da máscara, vamos começar a trabalhar no respirador”, revela Cataldi. “Hoje temos quatro motores, que é uma das peças mais caras do equipamento, e temos as impressoras para fazer as outras peças. Penso que vamos conseguir. Só precisamos adaptar os projetos à nossa realidade”, frisa.

Estamos esperando a resposta dos testes dos profissionais de saúde para iniciar a fabricação em massa. A prioridade será atender o HUAP e os hospitais mais próximos. Dependendo do número de impressoras, poderemos atender outras unidades hospitalares

Nesse momento em que a colaboração coletiva pode ser decisiva para o controle da pandemia de coronavírus, os pesquisadores ressaltam que, acima de tudo, se sentem no dever de atender as demandas da sociedade. “Como cientistas sempre tentamos trabalhar com projetos práticos e que possam salvar vidas e minimizar riscos sociais. Quando a situação do COVID-19 se agravou, o grupo refletiu sobre como a nossa expertise poderia ajudar. Me sinto cumprindo o meu dever como servidor público e como pesquisador ao mostrar à sociedade a importância da ciência, da criatividade e da resiliência num momento tão difícil para todos”, ressalta Cataldi.

Leia todas as reportagens da série #100diasdebalbúrdiafederal

Máscara desenvolvida na Universidade Federal de Santa Catarina: pesquisadores mobilizados contra pandemia (Divulgação/UFSC)
Máscara desenvolvida na Universidade Federal de Santa Catarina: pesquisadores mobilizados contra pandemia (Divulgação/UFSC)

Para o reitor, professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, é importante que a UFF una forças e envolva toda a comunidade acadêmica, através de projetos e ações no combate ao coronavírus. “A gestão da Universidade está trabalhando incansavelmente para que possamos juntos lutar e enfrentar este difícil momento. Temos tecnologia de ponta, pesquisa de alta qualidade, profissionais de excelência e colocamos todos nossos recursos à disposição da sociedade”, completa o reitor.

O mestrando Lucas conclui ressaltando que o combate ao vírus expõe diretamente os profissionais da saúde, que estão frente a frente com esse mal. Diante desse cenário preocupante, ele acredita que a capacidade que os jovens como ele têm de encarar os problemas de forma inovadora e enérgica pode fazer a diferença no auxílio à área médica. “Ao conversar com o professor Antonio Claudio, nosso reitor, sobre a possibilidade de desenvolver a máscara, ele nos apoiou e uniu este grupo multidisciplinar de pessoas gabaritadas, dando-nos como missão a execução dessa ideia concretamente”.

A série #100diasdebalbúrdiafederal terminou, mas o #Colabora vai continuar publicando reportagens para deixar sempre bem claro que pesquisa não é balbúrdia.

*Comunicação UFF

Comunicação UFF

A Superintendência de Comunicação da Universidade Federal Fluminense tem, entre outros objetivos, a promoção da UFF como instituição de excelência nas áreas de ensino, pesquisa e extensão

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