Filtros solares ameaçam saúde e meio ambiente

Filtros solares à venda no Havaí: pesquisa analisou 1300 e constatou que eles não passariam por regras de segurança da agência americana para medicamentos e alimentos (Foto: Christina Horsten/DPA)

Pesquisa analisou 1300 e constatou que eles não passariam por regras de segurança da agência americana para medicamentos e alimentos

Por José Eduardo Mendonça | ODS 14ODS 3 • Publicada em 15 de junho de 2019 - 14:35 • Atualizada em 16 de junho de 2019 - 14:45

Filtros solares à venda no Havaí: pesquisa analisou 1300 e constatou que eles não passariam por regras de segurança da agência americana para medicamentos e alimentos (Foto: Christina Horsten/DPA)
Filtros solares à venda no Havaí: pesquisa analisou 1300 e constatou que eles não passariam por regras de segurança da agência americana para medicamentos e alimentos (Foto: Christina Horsten/DPA)
Filtros solares à venda no Havaí: pesquisa analisou 1300 e constatou que eles não passariam por regras de segurança da agência americana para medicamentos e alimentos (Foto: Christina Horsten/DPA)

Há muito tempo existem preocupações com possíveis efeitos das substâncias químicas dos filtros solares sobre os sistemas reprodutivo e endócrino – assim como a possibilidade de que causem câncer e o fato de que são perigosos para o meio ambiente. Agora, um estudo descobre que não são apenas absorvidos pela pele – menos de um dia depois do uso vão parar na corrente sanguínea.

Pense com cuidado antes de escolher seu filtro solar. O Environmental Working Group (EWG) analisou a eficácia de 1.300 deles e descobriu que não passariam nas regras de segurança propostas pela Food and Drug Administration dos EUA (FDA), agência reguladora de alimentos e drogas nos Estados Unidos.

Mais de 60% deles ou não protegem adequadamente contra a exposição ao sol, como têm efeitos potencialmente daninhos por suas substâncias químicas. Mas a organização afirma que há meios de checar que sejam seguros.

“Com base na melhor ciência disponível, acreditamos que os filtros mais seguros e eficazes têm como ingredientes ativos óxido de zinco e dióxido de titânio”, diz Nnkea Leiba, diretora do grupo. “Já faz muito tempo que as substâncias químicas deviam ser testadas para mostrar que não fazem mal à nossa saúde”.

O EWG aconselha contra o uso de produtos que contenham oxibenzona. “Ela é um alergênico absorvido pela pele e que pode ser detectado nos corpos da maioria de seus usuários”, diz o estudo. “É também um potencial disruptor hormonal ainda em uso em 60% dos filtros solares  não minerais”.

No começo deste mês, a FDA publicou um estudo segundo o qual diversos ingrediente ativos, incluindo a oxibenzona, entram na corrente sanguínea em níveis que excedem em muito o limite exigido pelos padrões de segurança.

Com relação ao meio ambiente, 14 mil toneladas de filtro solar vão parar em recifes de coral a cada ano. Nelas se encontram nutrientes da vida marinha; “Os filtros solares também poluem os esgotos” afirma Craig Downs, do Haeretics Environmental Laboratory.

“Todo mundo sempre julgou que, porque são destinados a trabalhar na superfície da pele, não seriam absorvidos. Mas são”, afirma Theresa Michele, diretora de produtos sem prescrição da FDA. E isso pode acontecer em horas.

Os pesquisadores viram os mesmos padrões em todos os 24 voluntários do estudo – 12 homens e 12 mulheres, escolhidos aleatoriamente para aplicarem um de quatro filtros comercialmente disponíveis: dois sprays, uma loção e um creme. Usaram os produtos de acordo com as recomendações da embalagem. Quatro vezes por dia em quatro dias, em 75 por cento de sua pele.

Durante quatro dias, e nos três dias depois, foi coletado sangue para analisar a presença de avobenzona, oxibenzona, octocrileno e ecamsule. Descobriu-se que os níveis destas substâncias permaneciam altos três dias depois da aplicação.

O fato de que as moléculas dos protetores penetra no sistema circulatório não quer dizer que seus ingredientes não sejam seguros. “Mas o problema é que não sabemos”, diz Kanade Shinkay, dermatologista e editora da publicação JAMA Dermatology. “Embora seja irrefutável que o sol causa câncer de pele, cientistas sabem muito menos sobre os riscos e benefícios relativos das substâncias químicas. Para saber isso, serão necessárias mais pesquisas”.

É um mercado muito valioso, com US$ 1.5 bilhão de dólares em vendas em 2014, avalia a empresa de empresa de pesquisa de mercado Datamomitor. Na Europa, as vendas chegaram a US$ 2,2 bilhões de dólares no mesmo período.

José Eduardo Mendonça

Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.

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