Ana Apocalypse: ‘Se eu tivesse transicionado antes, talvez hoje não estaria viva’

Ana Apocalypse: ‘Se eu tivesse transicionado antes, talvez hoje não estaria viva’

Ana Carolina Apocalypse protagoniza primeiro episódio de LGBT+60: 'Sou referência para muita gente'. (Foto: Reprodução/LGBT+60).

Websérie “LGBT+60” traz em seu primeiro episódio a história da paulistana de 65 anos que tornou-se influenciadora ao falar sobre trajetória como uma mulher trans idosa.

Por Yuri Alves Fernandes | ODS 16 • Publicada em 18 de janeiro de 2024 - 11:59 • Atualizada em 9 de fevereiro de 2024 - 09:52

A paulistana Ana Carolina Apocalypse celebrou os seus 65 anos diante das câmeras da websérie “LGBT+60: Corpos que Resistem”, que chega a sua terceira temporada. Por medo de ser rejeitada, de apanhar e de não conseguir oportunidades profissionais, a transição de gênero da motorista foi realizada a partir dos 59 anos, quando assistiu a novela “A Força do Querer”, que trouxe pela primeira vez à teledramaturgia brasileira um processo de transição. Em razão da baixa expectativa de vida de pessoas trans no Brasil, Ana declara que “se eu tivesse transicionado antes, talvez hoje não estaria viva”. 

Leu essa? Confira todas as histórias da série ‘LGBT+60’

Antes, casou-se e teve uma filha, que, hoje, a chama de mãe. Apesar do tempo, Ana Apocalypse rejeita o rótulo de “tadinha” e se considera uma mulher orgulhosa, completa e feliz. Conseguiu chamar a atenção de milhares de brasileiros na internet ao relatar aspectos da sua vida, tornando-se um verdadeiro fenômeno nas redes com mais de 100 mil seguidores. Fato que a deixa motivada por ser referência para tantas pessoas LGBT+; referência que ela não teve durante sua trajetória. Um bordão que ela costuma repetir: “Nunca é tarde para ser feliz”. Assista ao episódio completo abaixo! 

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A série

A premiada websérie do #Colabora “LGBT+60: Corpos que Resistem”, que já soma mais de 2 milhões de views nas plataformas digitais, retorna em sua terceira temporada com cinco novos episódios repletos de histórias inspiradoras que revelam a trajetória de vida e celebrações de brasileiros LGBT+, que vivem a terceira idade em sua plenitude. Os episódios – dirigidos e roteirizados por Yuri Alves Fernandes – contam as nuances e conquistas por trás da vida da ativista Denise Taynáh Leite, de 74 anos; do jornalista Márcio Guerra, de 63 anos; da influenciadora Ana Apocalypse, de 65 anos; da drag queen Luiza Gasparelly, de 60 anos; e do aposentado Seu Franco, de 67 anos. A produção é da Vintepoucos e coprodução da RioFilme. Os episódios já estão disponíveis no nosso canal do YouTube e nas redes sociais

Conheça os outros episódios de ‘LGBT+60’

Episódio 2: Denise Taynáh
A protagonista do segundo episódio é Denise Taynáh Leite, de 74 anos, mulher trans negra e carioca. Ativista, trabalha como Secretária dos Direitos LGBT+ na SEDSODH – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, e conta no episódio sobre a violência familiar; a relação com o carnaval, arte e seus sete filhos; e sobre o emocionante momento em que se entendeu mulher. 

Episódio 3: Márcio Guerra
A história de amor e de coragem do jornalista Márcio Guerra, de 63 anos, nascido e criado em Juiz de Fora, também é um dos destaques da série. Há dois anos, Márcio e o seu companheiro de três décadas, Flávio, adotaram o jovem Phellipe. Hoje, a família vive unida, num ambiente de amor e acolhimento. Além da adoção tardia, Márcio reflete sobre as novas descobertas com a paternidade na terceira idade: “Eu renasci”. 

Episódio 4: Seu Franco
Seu Franco é um homem trans negro, de 67 anos, nascido em Porto Alegre, que saiu de casa aos 13 para morar nas ruas por não se sentir aceito. Aos 17, foi tomando consciência da sua identidade de gênero, mas somente anos depois se entendeu e se aceitou como uma pessoa transmasculina ao assistir uma entrevista com João Nery (convidado da primeira temporada de LGBT+60) na televisão. No quarto episódio, ele revela os bastidores da tão sonhada mastectomia masculinizadora, realizada aos 66: “Às vezes eu nem acredito, agora eu posso dizer que estou completo”. 

Episódio 5: Luiza Gasparelly
No último episódio, a drag queen carioca Luiza Gasparelly, de 60 anos, relembra como se entendeu como um homem gay e artista e suas vivências fora do país. Além disso, revela a perseguição e o preconceito contra as travestis e drag queens na ditadura, apresentações icônicas, a descoberta do HIV e conquistas tanto afetivas quanto profissionais de uma carreira nos palcos que ultrapassa quatro décadas. “Eu não tinha uma missão. Eu tinha a minha vida”. 

A terceira temporada da série ‘LGBT+60+ Corpos que Resistem’ é resultado do programa de Fomento do Audiovisual Carioca 2022, gerido pela RioFilme, órgão vinculado à Secretaria de Governo e Integridade Pública (Segovi) da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

Ficha Técnica:

Roteiro e direção: Yuri Alves Fernandes
Codireção e Direção de fotografia: Gab Meinberg
Captação: Gab Meinberg, Le Jorge e Guilherme Maia
Produção Executiva: Giulia da Graça
Assistente de Produção: Tatiana Coelho
Som: Felipe Gali
Drones: Hugo Rodrigues, Diego Quetz e Vinicius Meirelles
Montagem: Giulia da Graça
Assistência de Montagem: Gabriel Melo
Finalização: Gab Meinberg
Desenho de Som/Mixagem: Felipe Gali e Caudo Feitosa
Pesquisa: Yuri Alves Fernandes
Arte Conceitual: Danilo Torres
Mídias Sociais: João Pedro Boaretto e Allana Gana
Produtora: Vintepoucos
Coprodutora: RioFilme
Apoio: Marins – Projetos e Soluções
Veiculação: Colabora – Jornalismo Sustentável
Assessoria: Prisma Colab

Yuri Alves Fernandes

Jornalista e roteirista do #Colabora especializado em pautas sobre Diversidade. Autor da série “LGBT+60: Corpos que Resistem”, vencedora do Prêmio Longevidade Bradesco e do Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade LGBT+. Fez parte da equipe ganhadora do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com a série “Sem direitos: o rosto da exclusão social no Brasil”. É coordenador de jornalismo do Canal Reload e diretor do podcast "DáUmReload", da Amazon Music. Já passou pelas redações do EGO, Bom Dia Brasil e do Fantástico. Por meio da comunicação humanizada, busca ecoar vozes de minorias sociais, sobretudo, da comunidade LGBT+.

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