Para colher o que plantamos, é preciso escolher com cuidado as sementes. Por isso, no Projeto Guapiaçu, optamos por cultivar a união. Desde 2013, trabalhamos para recompor a vegetação original de Mata Atlântica da região de Cachoeiras de Macacu e combater a degradação secular que deixou apenas 7,3% da cobertura de uma das florestas mais ricas em diversidade de vida no planeta. Já recuperamos mais de 160 hectares, mas precisávamos ir além dos limites da Reserva Ecológica de Guapiaçu (Regua).
Nesse ponto, selecionamos a união como ferramenta de ação. A nova fase do projeto, iniciada em 2020, expande as ações de restauração ecológica, reflorestando áreas em propriedades rurais privadas degradadas e subutilizadas. As parcerias buscam facilitar a ligação de fragmentos florestais maduros e, claro, valorizar e melhorar os recursos naturais, sobretudo a água que nos abastece. A conexão por meio dos corredores ecológicos é também muito importante para a biodiversidade de fauna e flora, que precisa da troca de material genético.
Terrenos de proprietários rurais parceiros, como o Instituto Vital Brazil, começam a receber as mudas de espécies de Mata Atlântica. A mobilização tem como base os que estão com Cadastro Ambiental Rural (CAR) atualizado e se mostram dispostos a formar o banco de áreas para restauração. Eles cedem o terreno e nós reflorestamos. São mais de 60 hectares já foram cadastrados.
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Veja o que já enviamosA história do Projeto Guapiaçu, patrocinado pela Petrobras e pelo Governo Federal, começou em 2013, na alta bacia do Rio Guapiaçu, no plantio, por 100 hectares, de 180 mil mudas de 210 espécies nativas, como jequitibá-rosa e jacarandá-da-bahia. Entre 2017 e 2019 mais 60 hectares se integraram à cruzada pela restauração. Desde então, a região vem passando por uma intensa mudança. A mais recente etapa teve início em 2020 com a recuperação da vegetação de outros 100 hectares, beneficiados com mais 130 mil plantas cultivadas.

Mata Atlântica: a quinta área mais ameaçada do planeta
Hoje, saltam aos olhos a transformação na paisagem e a maior qualidade de vida para todos: animais, população local e visitantes. Além da beleza e da melhoria do microclima, há também a estabilidade da terra e dos processos erosivos nas encostas, o que evita o assoreamento dos rios. A saúde do solo foi recuperada com a decomposição do material orgânico proveniente das mudas. Tudo se encaixa, na direção do equilíbrio perdido nos tempos da devastação.
Além do aumento da fertilidade, a recuperação proporciona também a reciclagem do carbono, sequestrado da atmosfera pelas mudas na forma de gás carbônico, e liberação de oxigênio. O fenômeno melhora a qualidade do ar, ao mesmo tempo em que contribui para minimizar os efeitos da crise climática. Até o momento, o Projeto Guapiaçu já sequestrou cerca de 15 mil toneladas de carbono e estocou – acumulou na forma de biomassa na floresta – cerca de 5.700 toneladas.
Todas as melhorias estão traduzidas no aumento da biodiversidade, tanto da fauna como da flora na reserva. No bojo, corrigimos erros cometidos ao longo dos últimos séculos. Quando as caravelas portuguesas deram na costa brasileira, a Mata Atlântica era contínua, como a Floresta Amazônica, e considerada a segunda maior floresta tropical do país, ocupando o equivalente a 1.315.460 km². A urbanização descontrolada do litoral devastou a mata e hoje, resta muito pouco da cobertura original dessa vegetação, a quinta área mais ameaçada do planeta. Precisamos de todos juntos na reconstrução de bioma tão precioso.