ODS 1
Mais de 100 países apresentam novos planos climáticos antes da COP30


Em cúpula em Nova York, 47 apresentaram novas NDCs (metas climáticas) e 51 prometeram submetê-las até o fim do ano


Mais de 100 países aproveitaram a Cúpula do Clima do Secretário-Geral da ONU em Nova York para apresentar novos planos e metas antes da COP30 em Belém, em novembro — em nítido contraste com os ataques do presidente dos EUA, Donald Trump, à ação climática na ONU no início desta semana. China, Mongólia, Vanuatu, Micronésia, Paquistão e Libéria estiveram entre os que anunciaram planos na quarta-feira (24/09), juntando-se a Austrália, Nigéria e Jamaica na submissão de suas metas para 2035 à ONU nesta semana.
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Os planos apresentados formam o conjunto mais detalhado de planos climáticos nacionais até hoje. Muitos, pela primeira vez, abrangem todos os setores da economia — incluindo transporte e indústria — além de abordar oceanos, florestas e outros recursos naturais. Mais de 90% dos planos apoiam ao menos um dos resultados energéticos da COP28.
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Veja o que já enviamosAs novas promessas se apoiam em uma década de avanços desde o Acordo de Paris, quando a economia global cresceu quase 28%, mesmo com as emissões aumentando apenas 3%. A intensidade de carbono caiu 21% e o crescimento anual das emissões desacelerou em cinco vezes, para 0,32%, segundo uma nova análise do ECIU, destacando como planos nacionais mais robustos podem acelerar uma tendência já em curso.
O compromisso da China de reduzir as emissões entre 7% e 10% após atingirem o pico (que analistas dizem ter ocorrido em 2024) foi amplamente visto como fraco, embora represente sua primeira meta climática abrangendo toda a economia e todos os gases de efeito estufa. O plano chinês também estabelece a meta de elevar a participação de fontes não fósseis para mais de 30% da demanda total de energia até 2035. Analistas esperam que o setor de tecnologia limpa da China, em rápido crescimento, impulsione a capacidade de energia eólica e solar bem além da meta declarada de 3.600 GW. “A transição verde e de baixo carbono é a tendência do nosso tempo”, afirmou Xi Jinping, presidente da China.
Xi Jinping não esteve no evento em Nova York mas fez uma aparição por videoconferência na cúpula de líderes sobre clima. “Embora alguns países ajam contra isso, a comunidade internacional deve manter o foco na direção correta, permanecer firme na confiança, incansável nas ações e determinada na intensidade, e avançar na formulação e implementação das NDCs, com o objetivo de trazer mais energia positiva para a cooperação na governança climática global”, completou Xi.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, abriu a cúpula pedindo que os líderes apresentem NDCs de alta ambição. “Precisamos de novos planos para 2035 que avancem muito mais e muito mais rápido: cortes dramáticos de emissões compatíveis com 1,5 °C, cobrindo todas as emissões e setores, e acelerando uma transição energética justa em escala global”, disse Guterres.
Anfitrião da COP30, o presidente Lula também fez um dos discursos de abertura da Cúpula de Clima e reafirmou a meta do Brasil de “reduzir as emissões de todos os gases de efeito estufa entre 59% e 67%, abrangendo todos os setores da economia”, acrescentando que “ao sediar a COP na Amazônia, o Brasil quer mostrar que é impossível preservar a natureza sem cuidar das pessoas”. Lula elogiou a iniciativa dos países que apresentaram suas metas. “Só com o quadro completo saberemos como e em que ritmo estamos indo. Os países aqui reunidos estão cumprindo o seu dever, mas há outros que não o fizeram”.
No total, 101 países marcaram presença no evento de quarta-feira em Nova York. Destes, 47 apresentaram novas NDCs e 51 prometeram submetê-las até o fim do ano. Essas nações respondem, juntas, por 68% das emissões de gases de efeito estufa do planeta. O governo brasileiro comemorou a presença de quatro dezenas de chefes de Estado e governo – inclusive a presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, que anunciou os números da NDC que o bloco jurou entregar até novembro. “A questão já não é mais se a transição ocorrerá e com que rapidez, mas quem se beneficiará dela”, avaliou Ursula von der Leyen.
Apesar das divergências, entre os países europeus, ela fez questão de mostrar otimismo. “E todos os países devem colher os benefícios, especialmente os mais vulneráveis. É por isso que continuamos sendo o maior financiador climático do mundo. Vamos mobilizar até €300 bilhões para apoiar a transição limpa em escala global por meio do nosso programa de investimentos Global Gateway, e vamos transformar em realidade nosso acordo coletivo de triplicar as energias renováveis até 2030”, disse.
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Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.