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Calor extremo mata mais de 500 peregrinos muçulmanos em Meca
Peregrinação de cinco dias no deserto da Arábia Saudita está sendo feita sob temperaturas acima de 40 graus - calor chegou a 51 graus na Grande Mesquita
Pelo menos 500 pessoas morreram durante a peregrinação muçulmana à Meca, segundo informações confirmadas nesta quarta-feira (19) por diplomatas na Arábia Saudita. A peregrinação, também chamada de Hajj, começou na sexta-feira (14) e, este ano, acontece este ano sob temperaturas extremas. Na terça-feira, o calor chegou a 47 graus Celsius em Meca e nos locais sagrados dentro e ao redor da cidade, de acordo com o Centro Nacional Saudita de Meteorologia. Na segunda-feira, as temperaturas atingiram 51,8°C na Grande Mesquita de Meca.
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Dados reunidos pela agência de AFP apontavam para 577 mortes de peregrinos no Hajj deste ano até o momento. Dentre as vítimas, estão peregrinos do Egito, Tunísia, Indonésia, Irã, Senegal e Jordânia. Quase dois milhões de muçulmanos realizaram o Hajj em 2024: mais de 1,6 milhão de peregrinos de 22 países e cerca de 220 mil cidadãos e residentes sauditas, de acordo com as autoridades do país.
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Veja o que já enviamosDe acordo com a AFP, pelo menos 323 vítimas eram cidadãos egípcios e, de acordo com as autoridades locais, morreram devido a doenças relacionadas à exposição ao calor. “Todos morreram de doenças relacionadas com o calor”, com exceção de um peregrino que morreu depois de ter sido ferido numa debandada da multidão, disse um diplomata árabe à agência, acrescentando que o número total provém da necrotério no bairro de Al-Muaisem, em Meca.
Para a peregrinação deste ano, autoridades locais adotaram medidas para ajudar os peregrinos a suportar o calor no país desértico, incluindo a instalação de nebulizadores na área externa e guardas que iam borrifando água nos fiéis. A Arábia Saudita afirmou ter gasto milhões de dólares no controle de multidões e em medidas de segurança para os participantes na peregrinação anual de cinco dias, mas as autoridades alegam que grande número de participantes torna difícil garantir a segurança.
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As autoridades sauditas aconselharam os peregrinos a usar guarda-chuvas, beber muita água e evitar a exposição ao sol durante as horas mais quentes do dia. Mas muitos dos rituais do Hajj, incluindo as orações no Monte Arafat, no sábado, envolvem passar horas ao ar livre durante o dia. Alguns peregrinos descreveram ter visto corpos imóveis na beira da estrada e serviços de ambulância que às vezes pareciam sobrecarregados.
Peregrinação sob calor extremo
Debandadas, incêndios e outros acidentes têm causado centenas de mortes durante a peregrinação anual, nos últimos 30 anos. O número total de mortos durante esta peregrinação muçulmana compara com pelo menos 240 no ano passado, embora a maioria dos países não tenha especificado o número exato de casos relacionados com as elevadas temperaturas.
A peregrinação é cada vez mais afetada pelo colapso climático, de acordo com um estudo saudita publicado no mês passado que afirma que as temperaturas na área onde os rituais são realizados vem subindo 0,4°C a cada década.
O Hajj é um dos cinco pilares do Islã e determina que um muçulmano peregrine a Meca ao menos uma vez na vida. A peregrinação começa com o rito do “tawaf”, que consiste em dar voltas na Kaaba, a estrutura cúbica preta na direção da qual todos os muçulmanos do mundo rezam, localizada no coração da Grande Mesquita. Depois, os fiéis seguem para Mina, um vale cercado por montanhas rochosas a vários quilômetros de Meca, onde passarão a noite em tendas climatizadas.
Todos os anos, o Hajj atrai centenas de milhares de peregrinos de países de baixa renda. As doenças transmissíveis podem espalhar-se entre as massas reunidas, muitas das quais salvaram a vida inteira nas viagens e podem ser idosos com problemas de saúde pré-existentes. No entanto, o número de mortos este ano sugere que calor fez com que o número de mortes aumentasse. Vários países já afirmaram que alguns dos seus peregrinos morreram devido às altas temperaturas nos locais sagrados de Meca.
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Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade