Para ver e sentir a emergência climática

Módulo {Trans}Formação da Exposição O Dia Seguinte: experiência sensorial e visual para mostrar impactos da crise climática (Foto: Anette Alencar)

Exposição O Dia Seguinte, no Rio de Janeiro, usa tecnologia para aproximar o público dos impactos da mudança no clima do planeta

Por Barbara Lopes | ODS 11ODS 13 • Publicada em 23 de outubro de 2019 - 11:09 • Atualizada em 23 de outubro de 2019 - 12:55

Módulo {Trans}Formação da Exposição O Dia Seguinte: experiência sensorial e visual para mostrar impactos da crise climática (Foto: Anette Alencar)
Módulo {Trans}Formação da Exposição O Dia Seguinte: experiência sensorial e visual para mostrar impactos da crise climática (Foto: Anette Alencar)
Módulo {Trans}Formação da Exposição O Dia Seguinte: experiência sensorial e visual para mostrar impactos da crise climática (Foto: Anette Alencar)

Não é mais crise; é emergência! A questão climática, tema de preocupações e discussões no mundo inteiro, e a importância de remediar  a situação agora, enquanto ainda há tempo, inspiraram a exposição O Dia Seguinte, que está aberta ao público na Cidade das Artes, na zona oeste do Rio de Janeiro, até 10 de novembro. “A gente pensou em como aproximar esse tema das pessoas da forma menos técnica possível, mas ainda passando os conhecimentos necessários. Criamos essa exposição, que é uma exposição sensorial, imersiva, sobre mudanças climáticas, sobre o impacto dessas mudanças climáticas nas cidades e sobre como elas afetam o nosso dia a dia, sobretudo, o que a gente pode fazer para tentar reverter esse cenário”, explica Felipe Lobo, criador da exposição, com a sócia, Tiza Lobo, e o  diretor de arte Udi Florião.

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Concebida para ser altamente tecnológica, o uso de múltiplas telas dá o dinamismo necessário para atrair a atenção do público, ajudando assim no perfil didático adotado em cada uma das seis instalações. “Pensamos em como trazer as informações de uma forma mais palpável para as pessoas e logo associamos à tecnologia e aos efeitos sensoriais e imersivos. A gente acredita que quando uma pessoa sente algo, ela tende a incorporar aquilo e interiorizar de uma forma diferente”, acrescenta Felipe Lobo, jornalista e publicitário.

Fizemos o recorte em cidades porque, embora elas ocupem só 2% da superfície terrestre, mais de 50% das pessoas vivem nas cidades e, nas projeções da ONU, mais de 70% das pessoas do mundo viverão nos grandes centros urbanos até 2050. Quase tudo o que se relaciona com as emissões, também se relaciona com as cidades. Mesmo quando a gente fala de desmatamento, por exemplo, seu avanço é para suprir demandas da cidade

Com uma narrativa científico-tecnológica, a exposição se utiliza intensamente do visual para ensinar e usa os sentidos do público para criar uma conexão mais forte e mostrar a importância do tema para a vida de todos no planeta. A instalação de abertura recepciona o público com centenas de embalagens plásticas suspensas, obtidas por meio de uma cooperativa de catadores. As embalagens vazias transformadas em arte, trazem um lembrete inequívoco: a necessidade de reutilizarmos os materiais plásticos. Logo abaixo das embalagens suspensas caminhamos por um piso de led que recria o oceano, uma simpática tartaruga marinha aparece abaixo dos visitantes, outro lembrete importante. Um número surpreendente de embalagens plásticas, sem destinação adequada, passam a poluir mares, rios e oceanos. Segundo o Greenpeace, 12,7 milhões de toneladas de plástico são depositados nos oceanos a cada ano e equivale a 80% de todo o lixo marinho.

O Dia Seguinte na Cidade das Artes, no Rio: exposição, com entrada gratuita, vai até 10 de novembro (Foto: Arlette Alencar)
O Dia Seguinte na Cidade das Artes, no Rio: exposição, com entrada gratuita, vai até 10 de novembro (Foto: Arlette Alencar)

Projeções incessantes, que irrompem por todos os lados, combinadas com sons em alto volume e diferentes sensações térmicas como calor e frio, adicionando vento e fumaça, compõem a instalação chamada Ordem, uma caótica volta ao mundo em situações catastróficas que, podem se tornar constantes em um futuro próximo.  “Furacão, tempestade, inundação, seca, nevasca: hoje esses eventos são considerados extremos, mas, no futuro, podem ser frequentes se a gente começar a agir desde já. Então nesse módulo a gente quer chocar”, explica o criador da exposição.

Na instalação Humanidades, o público acompanha as histórias de vítimas de catástrofes ligadas ao clima, mostrando desabrigados, o número de mortes, os afetados por esses eventos extremos. A evolução do planeta e da sociedade, além da possibilidade de um futuro sem tais eventos extremos, também estão presentes na exposição. O módulo Formação mostra, como a partir da Revolução Industrial, a humanidade começou a erguer suas metrópoles e como os seres humanos passamos a ser responsáveis pelas mudanças do clima; o módulo Evolução mostra exemplos de cidades pelo mundo que já fazem o esforço de utilizar uma economia de baixo carbono, com uma mensagem de esperança de que ainda é possível mudar.

Módulo {R]Evolução da exposição O Dia Seguinte, exemplos de cidades pelo mundo que já fazem o esforço de utilizar uma economia de baixo carbono (Foto: Arlette Alencar)
Módulo {R]Evolução da exposição O Dia Seguinte, exemplos de cidades pelo mundo que já fazem o esforço de utilizar uma economia de baixo carbono (Foto: Arlette Alencar)

O estilo de vida adotado nas cidades e grandes centros urbanos são os grandes responsáveis pelo aumento na temperatura do planeta. A exposição O Dia Seguinte não deixa de fora esse estilo insustentável que foi implementado em cidades de todo o mundo. “Fizemos o recorte em cidades porque, embora elas ocupem só 2% da superfície terrestre, mais de 50% das pessoas vivem nas cidades e, nas projeções da ONU, mais de 70% das pessoas do mundo viverão nos grandes centros urbanos até 2050. Quase tudo o que se relaciona com as emissões, também se relaciona com as cidades. Mesmo quando a gente fala de desmatamento, por exemplo, seu avanço é para suprir demandas da cidade. Então as cidades têm um papel fundamental de combate e enfrentamento às mudanças do clima”, afirma Felipe Lobo.

Barbara Lopes

Formada em Letras/Literaturas pela Universidade Federal Fluminense, carioca que não vai à praia, mas vive na floresta e na selva da cidade. Cursando graduação em Jornalismo na UFRJ. Acredita que a leitura e o diálogo transformam o mundo.

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