Entre 7 e 18 de novembro, os países voltarão a se reunir na 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, a COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito. Após grandes compromissos rumo à neutralidade de carbono terem sido assumidos ano passado na cúpula anterior, em Glasgow, Escócia, o novo encontro será marcado pela sede de implementação. Espera-se que a COP27 seja a ponta de lança para que os países passem finalmente do campo das negociações e do planejamento para ações práticas e coordenadas. O desafio do financiamento da transição para o baixo carbono, especialmente para os países em desenvolvimento, também será um dos temas centrais do encontro.
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Um aperitivo do que deverá ser a COP27 foi dado na semana do clima de Nova York, a Climate Week, evento realizado entre 19 e 25 de setembro, paralelamente à Assembleia Geral das Nações Unidas. Enquanto na Assembleia Geral as principais lideranças do mundo deixaram a pauta climática de lado, manifestando preocupação com as consequências do conflito Rússia-Ucrânia, nas ruas e nos eventos paralelos a atmosfera era de engajamento com a questão. Uma grande marcha reuniu milhares de pessoas pelas ruas de Nova York, com a presença maciça de jovens e representantes de povos indígenas. Dezenas de eventos paralelos organizados pela sociedade civil mobilizaram ativistas, empresas, representantes de governos subnacionais (Estados, prefeituras) e investidores para debater a emergência climática com uma perspectiva de longo prazo.
O fato é que o mundo passa por transformações, e é legítima a preocupação com o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia e a recuperação econômica pós-pandemia – são questões que demandam ação e engajamento no curto prazo. Porém, as lideranças globais não podem perder de vista a perspectiva de que a crise climática traz igualmente desafios e oportunidades, além de oferecer um caminho para maior segurança energética dos países que hoje são dependentes dos combustíveis fósseis de origem russa.
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Veja o que já enviamosComo em anos anteriores, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) esteve presente na semana do clima de Nova York, para a qual levamos as contribuições do setor produtivo em relação à agenda da economia de baixo carbono. Participamos de eventos diversificados, que cobriram temas como agronegócio e sistemas alimentares sustentáveis, finanças verdes e biodiversidade. Apresentamos agendas importantes, como o posicionamento “Empresários pelo Clima”, lançado em 2021 na COP26, que contou com a assinatura de 119 CEOs de grandes grupos e 14 entidades setoriais – importante contribuição das empresas brasileiras para que o Brasil avançasse em compromissos importantes, como a antecipação da nossa meta de neutralidade climática de 2060 para 2050 e a assinatura do Tratado sobre Florestas, que prevê zerar o desmatamento ilegal até 2030. Também abordamos o Movimento Empresarial pela Amazônia, iniciativa capitaneada pelo CEBDS com o objetivo de construir uma agenda efetiva em defesa do desenvolvimento sustentável, criação de renda e empregos com a conservação da floresta em pé.
Cada participação nesses encontros internacionais é uma oportunidade de observação das potencialidades do Brasil na economia verde. Diferentemente de outros países, como os Estados Unidos – que deposita sua jornada para a descarbonização nas soluções tecnológicas -, para o Brasil as estratégias que envolvem clima e biodiversidade são indissociáveis. A conservação de nossos biomas, em especial a Amazônia, é condição sine qua non para o alcance de nossos compromissos climáticos, visto que 44% das nossas emissões de gases de efeito estufa provêm de mudanças no uso da terra, especialmente desmatamento.
Aqui, cabe destacar a relevância das Soluções Baseadas na Natureza (SBNs) para o contexto brasileiro: o país tem 42 milhões de hectares degradados, uma área maior do que a Alemanha, formada por terras que podem ser recuperadas numa perspectiva de economia regenerativa. Um estudo do World Resources Institute (WRI) aponta que as SBNs podem gerar até US$ 17 bilhões em receitas para o país até 2030. Sozinho, o Brasil representa cerca de 20% desse potencial global inexplorado, que pode vir de atividades ligadas à conservação de florestas naturais (63%), reflorestamento (21%) e manejo agrícola e do solo (14%).
Ou seja, preservar e recuperar a biodiversidade nos ajudará a alcançar as metas climáticas e também a criar novos negócios, alinhados ao nosso potencial e que serão valorizados na nova economia que está emergindo. O desenvolvimento econômico baseado no baixo carbono é o único caminho possível para gerar empregos qualificados, promover prosperidade e debelar a crise climática que coloca em risco a sobrevivência dos humanos neste planeta.