Patrimônio cultural em alta

Criança atendida pela Fundação Tide Setubal

Fundação Tide Setubal

Por Felipe Porciuncula | Mapa das ONGsODS 10 • Publicada em 12 de maio de 2016 - 08:00 • Atualizada em 3 de setembro de 2017 - 01:22

Criança atendida pela Fundação Tide Setubal
Criança atendida pela Fundação Tide Setubal
Cerca de 5 mil crianças e adolescentes são atendidos na Fundação Tide Setubal

Na década de 1970, Matilde Setubal, que ficou conhecida como Tide, dirigiu o Corpo Municipal de Voluntário (CMV) de São Paulo. Casada com o banqueiro Olavo Setubal, então prefeito da cidade, foi como primeira dama que ela iniciou um trabalho em São Miguel Paulista, na zona Leste da cidade, que ostenta, até hoje, um dos piores indicadores socioeconômicos do estado. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,451 – a metade do da capital paulista, que é de 0,843. A taxa de desemprego é o dobro da média nacional. E cerca de 15% dos domicílios na cidade não possuem esgotamento sanitário.

Em 2006, um dos sete filhos de Tide, a socióloga e educadora Maria Alice Setubal, que, assim como a mãe, também ficou conhecida por um apelido, o de Neca, decidiu resgatar o trabalha do CMV na região. A empreitada teve o apoio dos seis irmãos e, até hoje, a Fundação Tide Setubal é financiada com recursos próprios da família, herdeira do Banco Itaú. O orçamento da entidade é de R$ 4,5 milhões.

Tudo o que a Fundação fez e faz é comprometido com a diminuição das desigualdades sociais no território

Cerca de cinco mil pessoas são beneficiadas pelo trabalho da Fundação, que começou mobilizando jovens em torno dos esportes através de uma parceria, em regime de comodato, entre o Clube da Comunidade Tide Setubal e a prefeitura. O trabalho foi evoluindo até a criação do Forum de Entidades, que congrega 30 organizações, entre escolas e ONGs. O objetivo é “construirmos juntos metodologias de intervenção social”, comenta Paula Galeano, superintendente da Fundação Tide Setubal.

“Tudo o que a Fundação fez e faz é comprometido com a diminuição das desigualdades sociais no território. Ele importa muito, é central, porque é no território que as várias políticas sociais fazem a diferença na vida das pessoas”, analisa Neca Setubal, presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal e uma das criadoras da fundação familiar, que, na última campanha eleitoral, foi braço direito da candidata à presidência Marina Silva.

Em comemoração ao aniversário de dez anos da entidade, no próximo dia 14 de junho, será realizado o “Seminário Internacional Cidades e Territórios; encontros e fronteiras na busca da equidade”.

De olho nos indicadores sociais

Dupla de pernas de pau em projeto da Fundação Tide Setubal
Dupla de pernas de pau em Jardim Lapena

O atendimento direto à população de São Miguel Paulista foi ampliado em 2008, no Galpão de Cultura e Cidadania, localizado no Jardim Lapena, uma área de alta vulnerabilidade social e que não contava com praticamente nenhuma estrutura de atendimento. O primeiro desafio foi reivindicar e conseguir a instalação de um posto de saúde e uma creche.

Em paralelo, realizou-se um trabalho em um grupo de casas para melhoria de instalações de esgoto e construção de banheiros, realizado em parceria com o departamento de arquitetura da Universidade Cruzeiro do Sul. “O resultado é a melhoria da qualidade de vida dessas famílias e a redução da incidência de doenças graves”, comenta Paula acrescentando: “Procuramos desenvolver o conceito de desenvolvimento local, onde concentramos todas as nossas ações em uma só região para que seja possível melhorar os indicadores sociais”.

Além de melhorias na estrutura de atendimento, o Galpão também realiza atividades similares do Centro Comunitário, com esportes e oficinas, além de um trabalho de mobilização para que as lideranças locais busquem conquistar novos direitos.

Para estimular o trabalho, a entidade produz manuais educativos. Além do trabalho psicossocial envolvendo temas como drogas, sexualidade e cidadania. Os núcleos Mundo Jovem e Arteculturação oferecem, cotidianamente, atividades de música, leitura, teatro, comunicação, dança e capoeira. Por meio de saraus, sessões de cinema, contação de histórias e conversa com autores a Fundação vem ampliando as experiências e as referências culturais na região.

 

 

 

Felipe Porciuncula

Jornalista com 25 anos de estrada. Passou pelas redações de Jornal do Comercio, TV Pernambuco, Valor Econômico e GloboNews. Faz parte da Ashoka Society, onde teve apoio para seu projeto Agência Popular de Notícias. Foi consultor da Unicef e da Unesco. Editou o livro “Guia para o amanhã: sustentabilidade e mudanças climáticas”, publicado pela editora Senac (finalista do Prêmio Jabuti 2010). Adora cinema e viajar. Escreve ficção. Gosta muito de estudar a ciência da política.

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