ODS 1
Estudantes ensinam como preservar o meio ambiente
Projeto que recupera manancial em São Paulo e equipamento de energia cinética para recarregar celular vencem o Prêmio Escolas Sustentáveis
A criação de um parque com área reflorestada ao lado de uma lagoa, idealizado por crianças do quinto ano do ensino fundamental do interior de São Paulo; e o desenvolvimento de uma pulseira em que o calor produzido pelos movimentos humanos se transforma em energia para recarregar o celular foram os cases vencedores da etapa nacional do Prêmio Escolas Sustentáveis. Criado pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e pela Fundação Santillana, a iniciativa tem o objetivo de reconhecer e valorizar iniciativas de cunho socioambiental com impactos positivos nas comunidades do entorno das instituições de ensino. Quase 800 projetos de escolas brasileiras participaram dessa primeira do concurso. Colégios do México e da Colômbia também estão participando e os vencedores em cada país concorrerão a um prêmio internacional, que será conhecido em novembro.
O projeto de recuperação da área degradada às margens da Lagoa Espelho D´Água, em Jundiaí, no interior de São Paulo, foi desenvolvido por alunos da escola pública e rural de educação infantil EMEB Irmã Flórida Mestag. Localizada no Bairro do Mato Dentro, às margens da Rodovia Engenheiro Constâncio Cintra, a escola tem 180 alunos e fica em um área de manancial, pertencente à bacia do Rio Capivari.
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Veja o que já enviamosPensando em reverter um quadro de assoreamento, erosão e ausência de mata ciliar em região próxima à escola, os alunos do 5EF desenvolveram o projeto “Água e Solo. Tamo Junto”. Eles fizeram o diagnóstico da situação e propuseram ao prefeito do município de Jundiaí a criação do Parque Urbano do Mato Dentro, com reflorestamento no entorno da lagoa, melhorias de urbanização e infraestrutura, limpeza e conservação do local, com criação de área de lazer, pista de caminhada e corrida, e academia ao ar livre, já que o bairro onde fica a escola não contava com áreas de lazer, parques ou centros esportivos.
“Estamos muito felizes com o reconhecimento desse projeto que transformou do ponto de vista ambiental e social a nossa comunidade, numa zona rural. São três bairros e cerca de 4 mil pessoas impactadas”, ressalta Tania Vilela, diretora do EMEB Irmã Flórida Mestag. Ela conta que pretende usar os recursos recebidos do prêmio em um novo acesso da escola para a lagoa e um projeto de robótica.
O segundo projeto vencedor no Brasil foi o “MovePlus”, desenvolvido por alunos de Ensino Médio do Centro de Ensino Sesi Gama, do Distrito Federal. Ao se darem conta do gasto de energia elétrica com o carregamento de celulares, eles recorreram a um produto à base de energia térmica-cinética, produzida e liberada por movimentos do corpo humano, e criaram uma pulseira que armazena a energia gerada e posteriormente a libera para recarregar os aparelhos celulares e tablets. A premissa do projeto é que, de acordo com estudos da USP, um adulto libera, em média, três quilowatt-hora diariamente. Após ser finalizado, o projeto foi apresentado para 60 profissionais do SESI, SENAI e UNB, que indicaram materiais que seriam necessários para o desenvolvimento do MovePlus. Em tempo: as pulseiras são recicláveis.
“Esse prêmio é um reconhecimento ao esforço dos nossos alunos e a toda responsabilidade que eles tiveram no desenvolvimento desse projeto”, diz o professor Wanderson Gomes da Silva, do Sesi Gama.
Além da lagoa reflorestada no interior de São Paulo e da pulseira movida à energia cinética, vários outros projetos se destacaram no Prêmio Escolas Sustentáveis. A escola Saint Hilaire, de Porto Alegre, por exemplo, criou o “Garotas de Vermelho”, um projeto educativo de apoio para meninas, que inclui produção de absorventes e kits com orientação. A escola Parque, do Rio, que há dez anos desenvolve projetos ligados à sustentabilidade, apresentou uma iniciativa de gestão de resíduos e criação de viveiros e hortas. Já a pequena Carnaubal, no interior do Ceará, inovou criando bioplásticos à base de jaca. Os alunos do Colégio Estadual Indígena Guateka Marçal de Souza, em Dourados, no Mato Grosso do Sul, se mobilizaram para recuperar um córrego local. Teve até um projeto de checagem de notícias falsas sobre mudanças climáticas, desenvolvido pelo Instituto Alpha Lumen, de São José dos Campos, em São Paulo.
“Consideramos um sucesso a primeira edição do Prêmio, com a inscrição de quase 800 escolas no Brasil, com projetos de relevância e impacto positivo nas comunidades. Os objetivos dos projetos vencedores se unem ao ideário da OEI, que busca fortalecer a educação, a ciência e a cultura como ferramentas para o desenvolvimento humano, construindo um presente e um futuro melhor para todos”, destacou Leonardo Barchini, diretor da OEI Brasil.
“Ficamos muito felizes ao constatar a qualidade dos projetos apresentados e o impacto que eles geraram positivamente para as comunidades escolares e a população do entorno. É um prêmio que valoriza a inciativa cidadã”, afirma o diretor global de Comunicação e Sustentabilidade da Santillana, Luciano Monteiro.
Dos quase 800 projetos foram inscritos, 30 foram escolhidos por um júri técnico e passaram por uma votação popular. Os três projetos mais bem avaliados, com notas de 1 a 5, ganharam pontos que foram somados à nota da Comissão Julgadora Nacional. Ao final, dez projetos, sendo cinco de cada categoria – Ensino Fundamental e Ensino Médio – foram escolhidos para a grande final brasileira. As duas escolas vencedoras, uma em cada categoria, irão receber a quantia de R$ 15 mil reais, cada uma, como forma de incentivo para a continuidade de suas práticas sustentáveis. Ambas as instituições ainda se classificam para a etapa internacional da premiação, em novembro, com um prêmio final de R$ 25 mil.
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Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.