Energia para mudar

Oportunidades de negócios no setor de bioenergia são reais e urgentes

Por Marina Grossi | ODS 7 • Publicada em 6 de novembro de 2017 - 10:39 • Atualizada em 6 de novembro de 2017 - 13:11

Pesquisas com óleo de macaúba na Embrapa Agroenergia. Foto Vivian Chies/Embrapa
Pesquisas com óleo de macaúba na Embrapa Agroenergia. Foto Vivian Chies/Embrapa
Pesquisas com óleo de macaúba na Embrapa Agroenergia. Foto Vivian Chies/Embrapa

Os compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris, ou a NDC (sigla em inglês para “Contribuição Nacionalmente Determinada”) brasileira, propõem uma redução absoluta de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em um contexto de aumento esperado do PIB e da população. Um desafio dessa magnitude representa um conjunto de oportunidades alinhadas com a profunda transformação do modo como produzimos e consumimos.

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em estudo recente, procurou apresentar um quadro geral das dificuldades mais relevantes a serem enfrentadas pelos segmentos de florestas, energia, agropecuária, indústria e transporte para a construção de uma economia de baixo carbono.

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O compromisso brasileiro, até 2030, é de aumentar e a participação da bioenergia para 18% da matriz energética e dos renováveis não-hídricos para, pelo menos, 28%

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Por impactar significativamente todas as outras cadeias de produção, o setor de energia, que engloba tanto a produção de combustíveis quanto de eletricidade, tem importância extraordinária para que alcancemos os objetivos definidos até 2030 em nossa meta nacional – prevista no Acordo de Paris para redução de emissões de GEE – e aumentemos a participação da bioenergia para 18% da matriz energética e dos renováveis não-hídricos para, pelo menos, 28%.

O perfil das emissões brasileiras de GEE revela uma predominância de fatores relacionados ao uso do solo. Queimadas e desmatamento, cujos índices registraram avanço em 2015 e 2016 em função de dificuldades nos sistemas de vigilância e controle, representam o mais destacado percentual das emissões. Além desses aspectos, há também retrocessos regulatórios que dificultam o efetivo declínio do desmatamento. No entanto, sendo estes desafios resolvidos, será potencialmente o setor de energia o responsável pelo impacto de maior dimensão.

Biomassas utilizadas pela Embrapa nas pesquisas de matérias-primas para produção de etanol celulósico (2G). Foto Vivian Chies/Embrapa
Biomassas utilizadas pela Embrapa nas pesquisas de matérias-primas para produção de etanol celulósico (2G). Foto Vivian Chies/Embrapa

Por isso, a discussão sobre os rumos da composição de nossa matriz energética vem assumindo importância crescente e devem estar aí as maiores oportunidades de negócios gerados pela construção de um padrão sustentável de desenvolvimento.

Nosso país foi capaz de construir um dos mais avançados sistemas de produção de bioenergia de todo o planeta. Nossa agricultura tropical sustentável é capaz de não apenas alimentar as enormes massas de novos consumidores, sobretudo da Ásia e África, mas também de contribuir para a mudança significativa dos padrões de produção de combustíveis não fósseis. Tudo isso é possível sem agressões aos biomas, com as tecnologias de recuperação de pastagens degradadas, utilização de sistemas integrados e todo o pacote de tecnologias sustentáveis desenvolvido nacionalmente, sobretudo, pela EMBRAPA.

É preciso, para tanto, consolidar nossa liderança na produção de etanol e construir um mecanismo mais avançado de incorporação do biodiesel na composição do padrão de consumo da frota de transporte. Novas tecnologias, como a do etanol de segunda geração, e a utilização de matérias primas alternativas à soja para a produção de biodiesel são possibilidades abertas para um novo padrão de produção e consumo.

Nosso grande desafio é consolidar uma cadeia de produção forte para suprir a expansão dessa nova composição de nossa matriz. Nos dias 24 e 25 de outubro, governo e empresas se reuniram em São Paulo, no I Biofuture Summit, evento organizado pelo CEBDS e Itamaraty e que contou com a parceria da ABBI, UNICA, Abiogás, Ubrabio e Apex.  O objetivo desse encontro foi identificar caminhos para promover a bioeconomia, impulsionando a produção e demanda por biocombustíveis e apontando as oportunidades de negócios que surgem no setor de biotecnologia.

Novos negócios e novos padrões de desenvolvimento são a chave para a construção de uma economia do conhecimento; e inovação e sustentabilidade são os motores e o padrão de um modelo que garanta desenvolvimento com respeito aos limites do planeta.

Marina Grossi

Marina Grossi, economista, é presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), entidade com mais de 100 empresas associadas cujo faturamento somado equivale a quase 50% do PIB brasileiro. Foi negociadora do Brasil na Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima entre 1997 a 2001 e coordenadora do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas entre 2001 e 2003.

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Um comentário em “Energia para mudar

  1. Vilobaldo Aragão disse:

    Ideaologia de gênero, na contra mão do desenvolvimento e continuação da espécie humana, porquê se macho e fêmea, é a única forma de reproduzir seres humanos, como é que vamos dizer que ninguém nasce macho ou fêmea, não é mesmo uma grande discrepância entre os métodos ao qual que alguém desenvolve mediante os conhecimentos adquiridos, eu só posso dizer que não há progresso evolutivos na mente de uma pessoa dessa.

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