Legado é uma palavra mágica e costuma ser utilizada para tentar legitimar qualquer projeto, ainda que não tenha sido precedido de discussão e acompanhado de transparência. Por enquanto, muitas promessas e declarações de boas intenções para evitar que as construções olímpicas virem elefantes brancos – como ocorreu com os estádios construídos para a Copa do Mundo. Mas qual é efetivamente o legado esportivo dos Jogos Olímpicos 2016? Que destino será dado às arenas, piscinas e quadras?
“Temos as promessas, mas nenhum projeto efetivo ou documento assinado”, pontua o pesquisador Maurício Rodrigues, do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (Crie), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Especialista em impactos de megaprojetos, ele está acompanhando de perto os anúncios oficiais da Prefeitura do Rio de Janeiro, do Ministério dos Esportes, do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e garante que, por enquanto, “a cidade possui um legado esportivo em potencial, mas que falta definir como o mesmo será utilizado e gerido, para que a sociedade possa usufruir desse benefício”.
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A cidade possui um legado esportivo em potencial, mas que falta definir como o mesmo será utilizado e gerido, para que a sociedade possa usufruir desse benefício
[/g1_quote]A intenção já anunciada pela prefeitura é transformar as instalações em escolas, centros de treinamento e de lazer, mas, segundo Rodrigues, ainda não foi apresentado como isso pretende ser feito, de forma a tirar esses compromissos do papel. “Obras como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), os corredores de ônibus BRT, a linha 4 do Metrô e a remodelação da zona portuária da cidade são legados turístico e de mobilidade urbana. Mas qual é efetivamente o legado esportivo?”, questiona.
O exemplo a ser seguido no Rio de Janeiro, segundo o prefeito Eduardo Paes, é o de Barcelona. O prefeito catalão, Jordi Hereu, repaginou a cidade para receber as Olimpíadas 92, e, de fato, cumpriu a promessa anunciada de que “Jogos Olímpicos devem servir à cidade e não o contrário”. Londres também. “A cidade vem trabalhando e forma bem inteligente,utilizando as instalações olímpicas para projetos de inclusão de pessoas com deficiência”, avalia Rodrigues.
O tempo dirá qual o legado olímpico que os Jogos de 2016 deixarão para a cidade. É esperar para ver, e cobrar.
Tomara que sim, que dê tudo certo.
Ótima matéria!