Coluna | Que tal ser sustentável e produzir a sua própria energia?

Brasil ultrapassa a marca de 1 milhão de usinas solares em telhados de casas, empresas e indústrias

Por Agostinho Vieira | ArtigoODS 7 • Publicada em 5 de julho de 2022 - 07:45 • Atualizada em 30 de janeiro de 2024 - 14:41

A colombiana Bibiana Angel, proprietária do hostel Eco Pousada Estrelas da Babilonia, posa em seu telhado coberto por painéis solares e com vista para a praia de Copacabana, no Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro. Foto Mauro Pimentel/AFP

Existem muitas maneiras de ser sustentável e de contribuir para que o planeta Terra, o único que temos, seja um lugar um pouco mais razoável para se viver. Você pode começar com coisas simples, como separar o lixo da sua casa, entre o seco e o úmido; pode comprar legumes e verduras de produtores locais, de preferência orgânicos; pode evitar comprar mais uma roupa ou um sapato só porque ele agora está na moda; pode deixar o carro na garagem e andar a pé ou de bicicleta…A lista é grande e a ideia desta nova coluna “Ser Sustentável” é exatamente mostrar alguns atalhos dessa estrada, por vezes esburacada, mas agradável de ser percorrida. Para começar, escolhi um tema que não só te coloca no primeiro time dos cidadãos ambientalmente responsáveis como ainda pode te fazer economizar um bom dinheiro no fim do mês: produzir energia solar em casa.

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Nos últimos 7 anos, o custo da energia elétrica aumentou mais de 100%. Para ser exato, o crescimento foi de 114%, contra uma inflação acumulada de 48% no mesmo período. As bandeiras amarela e vermelha que aparecem nas contas de luz passaram a fazer parte dos piores pesadelos dos brasileiros, especialmente dos mais pobres. Aqueles que sempre pagam o pato, a conta e todo o resto. Enquanto isso, os preços dos equipamentos para a produção de energia solar doméstica já caíram perto de 80%. Estão baratos? Não, longe disso, eles continuam caros. Mas o investimento vale a pena. Um equipamento de boa qualidade dura cerca de 25 anos, podendo chegar a 30 anos. O custo inicial da compra é compensado pela queda drástica no valor da conta de luz. Em 5 anos, mais ou menos, o investimento é pago e você terá mais 20 anos de “lucro”.

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Se você mora em um centro urbano, como 85% dos brasileiros, o sistema funciona como uma espécie de conta corrente. A energia que é gerada na sua casa vai para a distribuidora da sua região, a Light, a Enel, a Eletropaulo ou uma Cemig da vida. Não importa. O que é produzido é comparado com o que é gasto para chegar ao valor da conta. É possível receber dinheiro por essa produção? Não. Existe sempre um valor mínimo da conta a ser pago, mas o consumidor/produtor fica com os créditos. Até porque, dependendo da época do ano e da incidência do sol, a sua “usina solar” produz mais ou menos energia.

Padaria Solar, no município Várzea Comprida das Oliveiras, na Paraíba. (Foto: Arquivo pessoal)
Padaria Solar, no município Várzea Comprida das Oliveiras, na Paraíba. (Foto: Arquivo pessoal)

O fato é que cada vez mais gente está seguindo por esse caminho. De acordo com a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a produção própria de energia solar, aquela que é gerada no telhado das casas, empresas, indústrias e terrenos, já ultrapassou a marca de 10,9 GW de potência instalada. Isso equivale a mais de R$ 59,2 bilhões em investimentos, R$ 14,4 bilhões em arrecadação e mais de 327,8 mil empregos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões do Brasil. Quando se somam as grandes usinas solares existentes no Brasil, a potência instalada chega a 16 GW. Para quem gosta de comparações, a potência instalada de Itaipu é de 14 GW, a de Belo Monte é de 11 GW.

Hoje, o Brasil já tem mais de um milhão de usinas solares nos telhados das casas, empresas e indústrias. É muito? É bastante. Mas tudo isso representa apenas 2,6% da matriz energética brasileira. Na Alemanha, país com uma incidência solar muito menor do que a nossa, esse índice chega a 20% da matriz energética. Ou seja, o potencial de crescimento ainda é enorme.

Mas é preciso tomar alguns cuidados, explicam os especialistas. Como verificar se o telhado da sua casa suporta o peso adicional das placas solares, se há espaço para os equipamentos, se o local onde mora possui sombra em volta, sobretudo aquela provocada pelos prédios vizinhos. Se a casa for alugada, é importante ter uma autorização do proprietário. Quem sabe até negociar um abatimento no aluguel. Afinal de contas o patrimônio dele será valorizado. Uma informação final: Mais de 50% dos investimentos em instalação de painéis e geração de energia solar no Brasil são feitos através de financiamento. Micro e pequenos consumidores respondem por 74% dos pedidos de crédito para a aquisição do sistema. Acredite, é possível. Pesquise, se informe, seja sustentável.

Agostinho Vieira

Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Foi repórter de Cidade e de Política, editor, editor-executivo e diretor executivo do jornal O Globo. Também foi diretor do Sistema Globo de Rádio e da Rádio CBN. Ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1994, e dois prêmios da Society of Newspaper Design, em 1998 e 1999. Tem pós-graduação em Gestão de Negócios pelo Insead (Instituto Europeu de Administração de Negócios) e em Gestão Ambiental pela Coppe/UFRJ. É um dos criadores do Projeto #Colabora.

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