ODS 1
Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Conheça as reportagens do Projeto Colabora guiadas pelo ODS 1.
Veja mais de ODS 1Após dois anos de encontros virtuais em função da pandemia de covid-19, cientistas de todas as áreas do conhecimento voltaram a se reunir, presencialmente, na semana passada, durante a 74ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento, que contou com a presença dos presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT), foi realizado na Universidade de Brasília (UnB). O presidente Jair Bolsonaro (PL) também havia sido convidado há alguns meses, mas só depois do início do evento recusou o convite alegando “compromissos preestabelecidos”. Mesmo sem estar fisicamente presente, Bolsonaro acabou sendo uma das atrações do encontro. Várias das propostas apresentadas pelos cientistas ao longo dos debates recomendam a retomada de investimentos e ações que foram interrompidas ou descontinuadas pelo atual governo.
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Um dos temas óbvios do encontro anual da SBPC foi o corte sucessivo de verbas do setor e a perda de pesquisadores para universidades de outros países. O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, lembrando a comemoração dos 200 anos da Independência, advertiu: “Nós sabemos que, para ser um país com real independência, hoje, o Brasil precisa investir em ciência, tecnologia, educação e pesquisa e, com os cortes brutais que temos sofrido no orçamento dessas áreas, o trabalho tem sido bastante prejudicado”.
Um dos vice-presidentes da entidade, o professor Paulo Artaxo, da USP, seguiu na mesma linha: “A gente tem observado que o governo tem interesse em acabar com a ciência e a educação, e realmente vem tendo sucesso. Cada vez mais, a vida de cientistas e universidades tem sido dificultada. E, sem ciência e qualidade de educação, o Brasil não tem futuro”.
No documento intitulado “Projeto Brasil Novo”, que foi entregue aos candidatos a presidente, a SBPC pede, entre outras coisas, recomposição dos investimentos em ciência e tecnologia, demarcação de terras indígenas, controle no uso de agrotóxicos, recuperação de órgãos de fiscalização ambiental, como o IBAMA, e políticas de igualdade racial. Temas relevantes para a sociedade que foram abandonados ou combatidos pelo presidente Bolsonaro. Veja algumas das propostas do “Projeto Brasil Novo”:
O ciclo de debates com os cientistas tratou de doze temas de grande relevância para o contexto atual do país: “Ciência, Tecnologia e Inovação”, “Educação básica”, “Educação superior”, “Pós-graduação”; “Saúde”, “Meio Ambiente”, “Direitos Humanos”, “Segurança Pública, “Diversidade de gênero e raça”, “Mudanças climáticas”, “Cultura” e “Questão indígena”.
Ao final do evento, que terminou no último sábado, dia 30 de julho, em entrevista ao jornalista Carlos Madeiro, do UOL, Renato Janine Ribeiro, sem citar o presidente Bolsonaro, fez um balanço da situação atual do país: “Nunca tivemos um momento tão ruim na nossa história desde o período colonial. Ele é preocupante porque temos um país muito mais complexo do que há algumas décadas e que está devastado por ódio, ignorância e perseguição às coisas boas”, argumentou. Renato Janine, que foi ministro da Educação no governo Dilma Rousseff, é professor de filosofia da USP, cientista político e escritor.
Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Foi repórter de Cidade e de Política, editor, editor-executivo e diretor executivo do jornal O Globo. Também foi diretor do Sistema Globo de Rádio e da Rádio CBN. Ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1994, e dois prêmios da Society of Newspaper Design, em 1998 e 1999. Tem pós-graduação em Gestão de Negócios pelo Insead (Instituto Europeu de Administração de Negócios) e em Gestão Ambiental pela Coppe/UFRJ. É um dos criadores do Projeto #Colabora.