Adereço no ensino formal, Paulo Freire ganha vida nos movimentos sociais

Educadores da Escola Carlos Marighela, nascida num acampamento do MST, em Marabá (PA), com cartazes com imagens de Paulo Freire: movimentos sociais garantem continuidade do legado do educador em seu centenário de nascimento (Foto: MST)

No seu centenário, educador segue inspirando projetos alternativos de ensino e professores embora legado não influencie políticas públicas

Por Taís Ilhéu | ODS 4 • Publicada em 17 de setembro de 2021 - 09:36 • Atualizada em 21 de setembro de 2021 - 17:33

Educadores da Escola Carlos Marighela, nascida num acampamento do MST, em Marabá (PA), com cartazes com imagens de Paulo Freire: movimentos sociais garantem continuidade do legado do educador em seu centenário de nascimento (Foto: MST)

Era 27 de maio de 1991 e Paulo Freire assinava a carta de despedida que marcava o fim prematuro da sua trajetória como secretário municipal de Educação no governo de Luiza Erundina, em São Paulo. Os quase dois anos e meio de contestações à sua gestão não foram capazes de impedir que o educador deixasse a secretaria da mesma maneira que entrou: defendendo uma escola voltada para uma “formação social crítica” e que não fosse local de “transmissão de conhecimentos”. Saía também consciente de que foi o compromisso com essa política que trouxe grandes obstáculos ao seu trabalho.

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Um capítulo inteiro do livro O educador: um perfil de Paulo Freire, escrito pelo biógrafo Sérgio Haddad, é dedicado a essa passagem do célebre educador brasileiro pela política formal. Antes, o mais próximo que Paulo Freire havia chegado da elaboração de políticas públicas no país foi quando implementou sua experiência de alfabetização de adultos durante o governo de João Goulart, em 1963, na cidade de Angicos (RN). Lá, coordenou um grupo de educadores que ensinou 300 pessoas a ler e escrever em menos de 40 horas. Era uma espécie de piloto para um Plano Nacional de Alfabetização, que visava erradicar o analfabetismo no país e teria sido implementado Brasil afora não fosse o golpe militar menos de um ano depois. Nos anos seguintes, a ditadura pôs fim ao projeto e perseguiu seu mentor.

Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), o professor Danilo Chaves Nakamura explica que esses foram os dois períodos em que as ideias de Paulo Freire tiveram mais espaço no ensino formal e puderam ser implementadas de fato como uma política, mesmo que timidamente. Antes e depois deles, Freire e sua concepção de educação libertadora tiveram influência ínfima nas normas que regem a educação no país.

Enquanto a política dos gabinetes e das leis fechou as portas para as ideias de Paulo Freire, foi na educação popular e nos movimentos sociais que o legado do educador – que completaria 100 anos em 19 de setembro de 2021 – encontrou e ainda hoje encontra espaço para se manter vivo.

Projeto Ser Criança, do CPCD, em Araçuaí (MG) com meninos e meninas, em horários complementares à escola formal e em espaços comunitários: inspiração em Paulo Freire (Foto: CPCD)
Projeto Ser Criança, do CPCD, em Araçuaí (MG), com meninos e meninas, em horários complementares à escola formal e em espaços comunitários: inspiração em Paulo Freire (Foto: CPCD)

“Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender” (Paulo Freire)

Quando o antropólogo e folclorista Sebastião Rocha renunciou ao seu cargo de docente na Universidade Federal de Ouro Preto, há cerca de 40 anos, e partiu para a cidade de Curvelo (MG) – muito por influência do escritor Guimarães Rosa, que declarou aquele município como a capital da sua literatura – ele tinha uma certeza. Não queria mais ser professor, queria ser educador. Também estava convencido de que para isso precisava sair do lugar de quem ensina e ocupar o de quem aprende. Essa oportunidade, que a universidade não lhe ofereceu, encontrou debaixo de um pé de manga.

Tião, como prefere ser chamado, fez uma provocação na rádio de Curvelo e perguntou aos ouvintes se seria possível fazer educação fora dos muros da escola, debaixo de um pé de manga. No dia seguinte, um grupo de 26 pessoas o esperava à sombra de uma mangueira para tentar responder à questão. Ao refletir como a escola deveria ser, Tião e os curvelanos que se juntaram a ele criaram não uma lista de objetivos, mas uma lista de não-objetivos a partir das experiências que haviam vivido entre as quatro paredes das salas de aula.

“Eu ouvi uma vez uma diretora de escola dizendo que as crianças são como uma página em branco onde devemos escrever um belo livro. Meu Deus, se a diretora de uma escola considera uma criança página em branco, ela não entende nada de criança!”, relembra Tião. Outros não-objetivos que apareciam na lista era enxergar a criança como um adulto que ainda não cresceu, ou a percepção de que o pensamento do professor era o único verdadeiro.

Paulofreirar é trazer todo o significado da postura ética, das falas, dos livros, o jeito de ver o mundo e ver os outros que Paulo Freire nos ensinou. É trazer para essa relação do encontro de saberes, fazeres, do respeito à diferença. Da solidariedade, reciprocidade e construção de caminhos juntos

Com o tempo, a lista de não-objetivos virou lista de objetivos, e a semente da escola debaixo do pé de manga se espalhou pelo Brasil e por outros países. Quem escuta a história de Tião Rocha e da ONG fundada por ele a partir dessa experiência, o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento), logo percebe que está diante de um caldeirão de princípios freireanos.

“Um dia, numa roda, eu mostrei uma prensa de fazer queijo para os meninos, e um dos garotos chamados Robinho falou assim ‘eu sei fazer isso’”, conta Tião. O menino explicou que sabia fazer caminhãozinho de madeira, e que quem fazia caminhãozinho fazia qualquer outra coisa daquele material usando os mesmos princípios. Era só ir juntando os pedaços de madeira um ao outro no formato certo e pregar. A partir daquele dia, Tião entendeu que educadores não são criadores de produtos, são criadores de forma. A pergunta que incorporou a prática do CPCD dali em diante foi de quantas maneiras diferentes seria possível fazer qualquer coisa que fosse.

Partindo de ideias fundadas no diálogo, na escuta e na valorização da experiência do outro, como pregava Paulo Freire, Tião elaborou uma série de pedagogias diferentes para solucionar alguns gargalos no ensino que a escola formal não conseguia sanar. Ajudou Denilson, menino de 11 anos e que estava há cinco na primeira série do Ensino Fundamental, a aprender as operações matemáticas jogando dama. Era a pedagogia do brinquedo. Depois veio a pedagogia do sabão, do abraço e finalmente a do copo cheio.

rojeto Sementinha, do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD) na Zona Sul da capital paulista, com foco em crianças pequenas: legado de Paulo Freire em projetos sociais (Foto: CPCD)
Projeto Sementinha, do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD) na Zona Sul da capital paulista, com foco em crianças pequenas: legado de Paulo Freire em projetos sociais (Foto: CPCD)

“Ninguém liberta ninguém, as pessoas se libertam em comunhão”

A mais recente entre essas, a pedagogia do copo cheio, nasceu da percepção que a educação enquanto algo político e social deve ser comprometida com a transformação do território onde acontece. Mas, para aplicar essa ideia, era preciso mudar o olhar dos educadores sobre esse espaço.

“A gente percebeu que fomos treinados a olhar uma comunidade pelo lado vazio do copo, treinados para medir uma comunidade pelas suas carências”, explica Tião. De acordo com ele, nossas instituições ficaram doutoras em medir carência. “Carência de economia, saúde, expectativa de vida. E isso foi colocado no IDH. O IDH mede o lado vazio do copo, e quando você constrói uma política pública que olha para uma comunidade pelo lado vazio, a solução fica do lado de fora. Você tem que levar para o outro aquilo que você acha que ele precisa porque você não sabe o que tem lá dentro”, completa.

Por isso, o CPCD passou a adotar a sigla IPDH para pensar a educação em diferentes territórios: é o Índice Potencial de Desenvolvimento Humano. “Em qualquer comunidade é possível perceber a capacidade de acolhimento, de convivência, de aprendizagem e de oportunidade”, explica Tião, como se conhecesse um outro projeto educativo que nasceu a 750 km de Curvelo, na zona sul da cidade de São Paulo.

Paulo Freire guia os educadores para ensinar para a vida e não para a alienação. Para que a pessoa tenha condições de pensar por si e de descobrir o mundo

A Unigraja, Universidade Livre do Grajaú, foi criada por uma articulação de dez coletivos no final de 2017 com o lema “A quebrada é nossa sala de aula”. A ideia era juntar tudo o que havia de efervescência cultural na região e promover oficinas e vivências com os moradores. “Esse nome, Unigraja, já vem com a provocação para poder expandir a visão de quais são os espaços de aprendizagem que a gente tem, quais são os espaços de troca. Não é só a escola, não é só dentro da universidade, o território pode oferecer isso”, explica Wellington Neri, artista, educador e integrante da Associação IMARGEM. Neri é um dos articuladores da Unigraja.

As vivências promovidas pela Unigraja foram dividas em “asas curriculares” – uma outra provocação ao conceito de grades curriculares utilizado nos espaços formais de educação. Permacultura, hip hop, comunicação e empreendedorismo social são algumas dessas asas que reuniram crianças, jovens e até idosos do Grajaú em atividades ao longo dos últimos quatro anos.

“É como aquele livro do Paulo Freire, ‘À sombra de uma mangueira’. A Unigraja é como aprender debaixo de uma mangueira”, exemplifica Neri. “Parte de uma ideia de desemparedamento da educação. A gente chama de percursos educadores: aprender seja nos percursos de bike, de barco, a pé. E entender que o conhecimento se dá nisso, quando a gente consegue estabelecer relações entre uma coisa e outra”, completa.

Para Danilo Nakamura, que se debruça sobre o legado de Paulo Freire, falar de uma pedagogia freireana hoje significa muitas vezes pensar o território da população e menos a centralidade do trabalho, como já foi em outros momentos. Isso porque a politização, explica ele, muitas vezes vem desses territórios. A política, por sua vez, é indissociável da concepção de educação freireana.

Crianças em atividade cultura na Escola Carlos Marighela que foi criada pelo MST mas virou unidade municipal de Marabá em área do assentamento: ensino em tempo integral (Foto: MST)
Crianças em atividade cultural na Escola Carlos Marighela que foi criada pelo MST mas virou unidade municipal de Marabá em área do assentamento: ensino em tempo integral (Foto: MST)

“Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante”

“A minha história com a educação e com o MST se confundem, vamos dizer assim, né?”. Valter de Jesus Leite é doutorando em Educação, vive em Cascavel (PR) e hoje integra a coordenação estadual do setor de educação do MST. Já fez de tudo no Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra quando o assunto é sala de aula. Em 2004 foi praticamente convocado a contribuir com uma escola itinerante, quando o modelo começou a ser implementado no estado. As escolas itinerantes foram criadas pelo MST para garantir que crianças e adultos tenham acesso à educação enquanto o grupo não se estabelece em um assentamento, viajando entre um acampamento e outro.

Quando uma escola itinerante foi fundada no acampamento de Valter, ele era um dos poucos com Ensino Médio completo, então passou por uma formação e logo tornou-se educador. Não demorou para ter contato com Paulo Freire. “Fui me tornando alfabetizador a partir da compreensão do tema gerador de Paulo Freire. Durante muito tempo nas escolas itinerantes a gente teve como referência metodológica para alfabetizar os temas geradores, fundamentado naquilo que Paulo Freire desenvolveu voltado para a educação de jovens e adultos”, conta Valter.

O que a gente chama de método é na verdade uma concepção de ensino, pensar que a leitura não é só um procedimento que vai qualificar a pessoa para uma profissão ou que o professor está colocado no lugar não só de transmissor do conhecimento

Os temas geradores fazem parte do método de alfabetização criado e aplicado por Paulo Freire na sua experiência em Angicos. Para ensinar os trabalhadores a ler e a escrever, o educador fazia antes uma investigação de quais palavras e temas eram parte da vivência daquelas pessoas. Freire acreditava que as palavras que ensinaria a elas precisavam ter um significado prévio, e que deveriam também despertar um debate sobre a realidade em que viviam. Deveriam gerar reflexão e ser carregadas de sentido político. Para Freire, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”.

“Paulo Freire guia os educadores para ensinar para a vida e não para a alienação. Para que a pessoa tenha condições de pensar por si e de descobrir o mundo”, resume Rosangela Reis, educadora do MST no Pará. “É conseguir ler para além das letras, conseguir ler o mundo”. Assim como Valter, Rosangela já foi educadora em escola itinerante enquanto vivia acampada. Hoje, a escola Carlos Marighela, que Rosangela viu nascer e ajudou a construir, tornou-se municipal em um assentamento na cidade de Marabá, e Rosangela tornou-se responsável pela direção.

Mesmo quando passam a ser inseridas na rede formal de ensino, explica Valter, o Movimento se esforça para aplicar a pedagogia freireana em todas as escolas mantidas em assentamentos. Na escola Carlos Marighella, por exemplo, os alunos são envolvidos em atividades educativas durante todo o dia. Em um dos turnos passam pelo tempo teórico, em sala de aula, e no outro praticam atividades culturais como teatro e rodas de literatura. Aprendem também sobre cultivo nas hortas do assentamento e participam do chamado tempo de reflexão onde são debatidos temas da conjuntura.

Rosangela destaca que não se trata de um ensino em tempo integral apenas para manter os alunos ocupados. “É tudo bem pensado, não é trabalhar o tempo integral só para amontoar as crianças, né? A escola não funciona desse jeito e nem tem condições”, conta. “A gente brinca quando alguém faz alguma coisa que tá saindo (da pedagogia freireana): ‘Vixe maria, Paulo Freire se remexeu todinho na tumba agora, você fugiu feio da ideia viu’”.

“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”

Não é à toa que Rosangela usa a palavra “ideia”. Diversos especialistas insistem que o legado de Paulo Freire vai muito além de um método de alfabetização. Trata-se, antes de tudo, de uma noção de educação, que não pode ser fragmentada e nem aplicada pela metade. “O que a gente chama de método é na verdade uma concepção de ensino, pensar que a leitura não é só um procedimento que vai qualificar a pessoa para uma profissão ou que o professor está colocado no lugar não só de transmissor do conhecimento”, explica Nakamura. Na concepção de Paulo Freire, a educação é o que dá acesso ao exercício político e cidadão. “Quando a gente pensa no trabalhador rural, o cara está tendo acesso à palavra, mas também está colocando em pauta questões sobre reforma agrária, sobre constituição, sobre a sua participação política como um todo”.

Essa ideia freireana de transformação da realidade aparece na fundação da Unigraja, quando o projeto propõe, por meio da educação, fomentar o Grajaú como um território autônomo, valorizando diferentes saberes como os ancestrais, populares e políticos. “No plano de fundo, o objetivo que a gente tem é fazer com que as pessoas consigam entender que a quebrada é uma plataforma de conhecimento”, explica Wellington.

Quando Paulo Freire entra no ensino formal, quando é chamado, ele entra como alegoria, como adereço. Ou seja, o samba enredo continua igual

A partir dessa percepção que a pedagogia freireana é prática viva, e não método estático, o educador Tião Rocha resolveu transformar em verbo esse balaio de ideias deixadas por Freire. “Paulofreirar é trazer todo o significado da postura ética, das falas, dos livros, o jeito de ver o mundo e ver os outros que Paulo Freire nos ensinou.”, explica Tião. “É trazer para essa relação do encontro de saberes, fazeres, do respeito à diferença. Da solidariedade, reciprocidade e construção de caminhos juntos. A educação que é comprometida com uma causa e que não é simplesmente repasse de informações, mas construção de caminhos para a liberdade”.

“Mudar é difícil, mas é possível”

Quem vive as ideias de Paulo Freire no chão das escolas populares, dos sertões ou das quebradas tem a resposta na ponta da língua quando perguntado sobre a recusa ao educador fora dos movimentos sociais. “Um dos elementos da negação está ligado ao pouco conhecimento da obra de Paulo Freire, mas esse pouco conhecimento leva a um segundo elemento, que ao meu ver é a perseguição política que o pensamento de Paulo Freire sofre no Brasil”, opina Valter Leite. Essa perseguição, Valter explica, está muito relacionada ao exercício de alguns grupos como as elites empresariais e determinados setores da política, que temem a emancipação da população proposta pelo educador.

Danilo Nakamura compartilha da mesma posição e entende que a contestação ao pensamento de Freire é sobretudo de ordem político-ideológica. Por isso, acrescenta, as poucas tentativas de implementá-lo sistematicamente no ensino formal foram falhas. Elas tentam engessar o pensamento freireano em um método, fragmentá-lo e deixar de fora a percepção do educador sobre as relações humanas e políticas. “Quando Paulo Freire entra, quando é chamado, ele entra como alegoria, como adereço”, complementa Tião Rocha. “Ou seja, o samba enredo continua igual”. Algo que não acontece nos movimentos sociais.

“Quando a gente pensa nas escolas do MST ou na experiência de Paulo Freire na reforma agrária dos anos 60 no Chile, tinha sempre esse contexto e esse espaço que acho que a ideia dele é acolhida. Casa bem com as pretensões dos movimentos sociais”, afirma Nakamura. Aí sim, opina o especialista, Freire aparece verdadeiramente como patrono da educação. “Porque é ele como educador e como militante. Os movimentos sociais sempre juntam uma coisa com a outra. E é lógico que na educação pública a gente deveria pensar assim também”, completa.

Sonhar com Paulo Freire na educação pública talvez seja o que o próprio chamava de inédito viável. “Aquilo que não foi feito ainda, mas que é possível, é viável. É o que o Galeano chamava de utopia”, conclui Tião.

Taís Ilhéu

Jornalista mineira vivendo em São Paulo. Formou-se pela USP com passagem pela Aix-Marseille Université, na França. Atua hoje como roteirista dos podcasts da CNN Brasil e redatora do Nexo Jornal. Antes, colaborou com veículos como o Guia do Estudante, da Editora Abril, e com o Le Monde Diplomatique Brasil.

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