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Os testes do material foram realizados inicialmente em células no Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia), sob a coordenação do pesquisador José Mauro Granjeiro e, posteriormente na UFF, sob a coordenação do professor Gutemberg Gomes Alves. Em seguida, foi a vez dos testes em animais, no Laboratório de Experimentação Animal da UFF, com supervisão do professor Rodrigo Resende. Com resultados positivos e seguros, finalmente os testes clínicos (em humanos) foram iniciados.
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Sob a coordenação da professora Monica Calasans, os testes em humanos tiveram como pré-requisito, que os participantes tivessem total ausência de dentes. “Todos os participantes de pesquisa foram reabilitados proteticamente e o resultado foi muito surpreendente, pois a solução para a ausência dos dentes foi mais importante do ponto de vista estético e de convívio social do que da própria função mastigatória”, afirma a pesquisadora.
O apoio para a pesquisa veio por meio do edital Programa para o SUS: Gestão compartilhada em Saúde. “O desenvolvimento da pesquisa só foi possível com o recurso financeiro proveniente do edital. Infelizmente com os cortes que o setor de pesquisa vem sofrendo nesses últimos anos, cada vez mais encontramos dificuldades financeiras para manutenção dos laboratórios e das pesquisas”, lamenta Monica Calasans.
Os recursos do PP SUS garantiram a ampliação do Laboratório Associado de Pesquisa Clínica em Odontologia (LPCO), o que permitiu que outros equipamentos fossem inseridos, como o EXAKT System Germany, adquirido com recursos da Rede de Bioengenharia do Estado do Rio de Janeiro. “Agora conseguimos analisar amostras de um tecido mineralizado sem a necessidade de realizar a desmineralização do material. Não só as pesquisas da UFF se beneficiaram, mas também pesquisas na UFRJ, CBPF, IME, Inmetro e outras instituições foram beneficiadas com este equipamento”, garante a coordenadora do trabalho.
Segundo Monica Calasans, os próximos passos da pesquisa, já com todos os testes realizados e com o depósito de patente encaminhado, será a transferência da tecnologia deste material para empresa privada e posterior comercialização.
Biomaterial para simular tecido ósseo
O material produzido é uma hidroxiapatita carbonatada nanoestrutura – material complexo utilizado para compostos biológicos, desenvolvido pelo CBPF e UFF, testado pelo Innmetro e pela UFF, sob a coordenação dos professores José Mauro Granjeiro e Monica Calasans. A hidroxiapatita é um fosfato de cálcio mais estável e indissolúvel em condições ambientes, muito usada para o desenvolvimento de materiais bioativos que simulem a composição do tecido ósseo, pois é capaz de induzir o crescimento desse tecido onde for aplicada. Nessa estrutura, é inserido o ácido carbono (deixando-a carbonatada) e, além disso, é nanoestruturada (materiais complexos em escala nanométrica).
Diferente dos materiais desenvolvidos atualmente no mercado nacional e internacional, essa hidroxiapatita carbonatada nanoestrutura é um biomaterial reabsorvível e permanece por longo período dentro da área implantada. Além disso, o formato de esferas, comprovadamente, reduz possíveis inflamações. O biomaterial foi testado com células, animais e humanas e não apresentou nenhum efeito adverso, com isso, até o momento, não apresenta contraindicações.
[g1_quote author_description_format=”%link%” align=”none” size=”s” style=”solid” template=”01″]49/100 A série #100diasdebalbúrdiafederal pretende mostrar, durante esse período, a importância das instituições federais e de sua produção acadêmica para o desenvolvimento do Brasil
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