Pesquisa cria resina com própolis vermelha para restauração dentária

O pesquisador Marcos Oliveira na Ufal: incorporação de própolis vermelha à resina para dificultar o aparecimento da cárie e vai agredir menos a mucosa da gengiva (Foto: Renner Boldrino/Ufal)

Produto, desenvolvido com extrato de seiva de planta encontrada nos manguezais de Alagoas, foi resultado de tese de doutorado na Ufal

Por Universidade Federal de Alagoas | ODS 3ODS 4 • Publicada em 19 de novembro de 2020 - 18:37

O pesquisador Marcos Oliveira na Ufal: incorporação de própolis vermelha à resina para dificultar o aparecimento da cárie e vai agredir menos a mucosa da gengiva (Foto: Renner Boldrino/Ufal)

*Manuella Soares

Doutor em Química e Biotecnologia pela Universidade Federal de Alagoas, José Marcos dos Santos Oliveira desenvolveu estudo para oferecer à sociedade um produto novo na área de saúde bucal. A partir de vários experimentos, o pesquisador chegou a uma formulação de resina composta, utilizada em restaurações dentárias, que é anticárie e com citotoxidade menor do que a resina comercial. “Significa que ela vai dificultar o aparecimento da cárie e vai agredir menos a mucosa da gengiva e da bochecha”, explicou o pesquisador.

O novo produto foi conseguido graças à adição de própolis vermelha, extrato produzido a partir de uma seiva encontrada no rabo-de-bugio, uma vegetação dos manguezais de Alagoas, que permitiu a resina enriquecida, revelando resultados inéditos. De acordo com o trabalho, ao incorporar a própolis vermelha às resinas experimentais, houve “aumento da resistência técnica dos compósitos” e das “regiões de ligações cruzadas na estrutura do compósito”. O resultado mostrou que a atividade antibacteriana frente ao Streptococus mutans bactéria causadora de cáries – foi “capaz de eliminar 90% das unidades formadoras de colônia após uma hora de contato direto, enquanto que a resina comercial não apresentou atividade antibacteriana significativa”, com menos de 0,05 de referência.

Esses números foram apresentados na banca de defesa da tese científica de Marcos Oliveira, antes da pandemia de covid-19. Com orientação do professor Josealdo Tonholo e co-orientação de Ticiano Nascimento, as especificidades do trabalho exigiram o apoio de outros laboratórios. “Sozinho eu não ia conseguir. Estão envolvidos ICBS , Farmácia, Química, Física, Ctec e Ifal , além de um laboratório de Piracicaba . Essas colaborações foram de extrema importância pra o nosso trabalho ter chegado a esse resultado. Chegamos a uma formulação hoje que tem essas características, mas o trabalho não para por aqui, ainda tem muita coisa a ser aproveitada. Ainda tem muita coisa a se fazer”, ressaltou.

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A conclusão da pesquisa deu a Marcos Oliveira o título de doutor em Química e Biotecnologia, aos 28 anos de idade. O incentivo veio dos irmãos mais velhos e ele encontrou apoio na Universidade Federal de Alagoas, onde estuda desde 2009. Emendando graduação, mestrado e doutorado, Marcos conta que a semente para a pesquisa foi plantada durante as experiências no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), já no segundo período do curso de Farmácia.

“Desde 2009, o professor Ticiano me deu o projeto de própolis para tocar. Essa oportunidade foi primordial, porque eu aprendi a entrar num laboratório, fazer perguntas, pesquisar e lutar para responder essas perguntas. E com o professor Ticiano e o professor Tonholo ,eu aprendi a aplicar o conhecimento dessas perguntas para o desenvolvimento de produtos”, comentou o pesquisador.

Filho de um vendedor de Palmeira dos Índios e de uma costureira de São Miguel dos Milagres, Marcos Oliveira tem seu nome assinado em três patentes depositadas, duas patentes publicadas e sete artigos científicos, só com os resultados do trabalho durante o doutorado. Um deles, na revista Scientific Report, do grupo Nature, referência mundial em ciência.

O jovem doutor não esconde a felicidade em ter chegado até esse ponto da pesquisa e enfatiza que esse é só o começo do caminho. “Eu quero me colocar à disposição da sociedade alagoana para contribuir. Eu recebi esse investimento, então quero retribuir com o maior empenho para formar pessoas, seguir a docência, pesquisa e desenvolvimento de produtos”, afirmou Marcos Oliveira.

*Ascom/Universidade Federal de Alagoas

A série #100diasdebalbúrdiafederal terminou, mas o #Colabora vai continuar publicando reportagens para deixar sempre bem claro que pesquisa não é balbúrdia.

 

Universidade Federal de Alagoas

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