A pandemia tem gerado uma situação paradoxal, pois o número de indivíduos infectados nunca foi tão alto como neste início de 2022; o número de mortes permanece elevado, embora esteja abaixo dos picos anteriores, mas as medidas preventivas gerais e as restrições à mobilidade espacial e às aglomerações sociais praticamente desapareceram. Na heterogeneidade brasileira, o impacto da covid-19 tem ocorrido de forma diferenciada em termos regionais.
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A tabela abaixo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) mostra os coeficientes de incidência (casos por milhão) e de mortalidade (óbitos por milhão) para o mundo, o Brasil, as regiões e as Unidades da Federação, para o dia 12 de fevereiro de 2022. Nota-se que o coeficiente de incidência mundial é de 52,1 mil casos por milhão de habitantes, muito abaixo do coeficiente brasileiro de 128,6 mil casos por milhão. Já o coeficiente de mortalidade global é de 747 óbitos por milhão e do Brasil, de 2.991 óbitos por milhão.
Portanto, os coeficientes brasileiros são muito superiores aos coeficientes globais. Dentro do Brasil, as regiões que possuem coeficientes de incidência acima da média nacional são as regiões Centro-Oeste (172,8 mil casos por milhão) e Sul (188,9 mil casos por milhão). A Região Nordeste possui o menor coeficiente de incidência com 99,9 mil casos por milhão no dia 12/02.
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Veja o que já enviamosEm relação ao coeficiente de mortalidade, as regiões Sul (3,3 mil óbitos por milhão), Sudeste (3,4 mil óbitos por milhão) e Centro-Oeste (3,7 mil óbitos por milhão) possuem proporção de mortes acima da média nacional. Abaixo da média brasileira estão as regiões Norte (2,6 mil óbitos por milhão) e Nordeste (2,1 mil óbitos por milhão), com o menor coeficiente do país. Sem dúvida, os menores coeficientes de mortalidade estão nas regiões que possuem as estruturas etárias mais rejuvenescidas, mas as políticas públicas adotadas no Nordeste foram fundamentais para a menor prevalência de casos e óbitos na região.
Segundo dados do Conass, o Brasil registrou 27,4 milhões de casos da covid-19 e 638,1 mil óbitos, no dia 12/02/22. A média móvel de 7 dias dos casos ficou em 136,1 mil casos diários e a média móvel de mortes ficou em 892 óbitos diários. O Brasil continua ocupando o terceiro lugar no ranking global do número de pessoas infectadas e o segundo lugar no ranking de vidas perdidas (atrás apenas dos Estados Unidos).
O gráfico abaixo mostra as variações absolutas diárias do número de casos no território nacional entre 14/03/2020 e 12/02/2022 e a média móvel de 7 dias. Desde o início de março de 2020, o número de pessoas infectadas cresceu continuamente até o pico de 45 mil casos em agosto e um pico ainda em patamar superior em março de 2021, com mais de 77 mil casos. No Natal de 2021, a média de casos caiu para cerca de 3 mil casos, mas deu um salto para 189 mil casos no dia 03/02 e caiu ligeiramente para 136 mil no dia 12/02. Desta forma, a curva epidemiológica dos casos conhecidos está em queda, mas em um patamar muito elevado.
O gráfico abaixo mostra as variações absolutas diárias do número de mortes da covid-19 no território nacional entre 28/03/2020 e 12/02/2022 e a média móvel de 7 dias. Desde meados de março de 2020, o número de vidas perdidas para o novo coronavírus cresceu continuamente até um pico de cerca de 1 mil óbitos de maio a julho de 2020 e um pico geral de mais de 3 mil mortes diárias em abril de 2021. No final de 2021 a média de mortes caiu para menos de 100 óbitos diários, mas deu um salto nas semanas seguintes e chegou a uma média móvel de quase 1 mil óbitos diários no dia 11 de fevereiro de 2022.
O panorama global
Segundo o site Our World in Data, com dados da Universidade Johns Hopkins, o mundo ultrapassou 410 milhões de casos conhecidos da covid-19 e registrou 5,88 milhões de vítimas fatais. O gráfico abaixo (painel superior) mostra que a média móvel caiu de 436 casos por milhão (ou 3,44 milhões de casos diários) em 25 de janeiro para 306 casos por milhão (ou 2,41 milhões de casos diários), no dia 11 de fevereiro de 2022.
A parte inferior do gráfico mostra a curva de mortalidade e indica que, na virada do ano, a média de vidas perdidas ficou abaixo de 1 óbito por milhão (o que significa cerca de 6 mil óbitos diários). Mas no dia 10 de fevereiro a média chegou a 1,4 óbitos por milhão (ou 10,9 mil óbitos diários). No dia 11/02 a média caiu ligeiramente para 10,7 mil óbitos. Deste modo, o mês de fevereiro apresenta curvas em declínio, mas em nível elevado.
O coeficiente de incidência tem batido recordes sucessivos no mundo e nos diversos países, mas a principal explicação para o fato do coeficiente de mortalidade não ter aumentado para os picos anteriores, mesmo com o grande surto de casos, é o avanço do processo de imunização. O gráfico abaixo mostra que a percentagem da população com vacinação completa já chegou a 54% no mundo e a mais de 60% na maioria dos continentes. Porém, a África tem uma taxa de vacinação muito baixa.
A reversão do quadro pandêmico depende do avanço da vacinação, aliado à efetivação de medidas de prevenção. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou no dia 11 de fevereiro que a fase aguda da pandemia deve passar ainda em 2022 se 70% da população mundial estiver vacinada até meados de junho ou julho. O caminho a seguir está claro e o essencial é colocar em prática as ações recomendadas pela ciência e dar os passos corretos.
Frase do dia 06 de fevereiro de 2022
“O essencial faz a vida valer a pena”
Mário de Andrade (1893-1945)